Enquanto o produtor amarga perda real de renda, as exportações do agronegócio continuam registrando recordes. No primeiro bimestre, o resultado do saldo comercial foi 23,8% superior ao do mesmo período de 2006, chegando a US$ 6,05 bilhões. Carnes e setor sucroalcooleiro foram responsáveis por este desempenho. Os dados são da Balança Comercial do Agronegócio do Ministério da Agricultura (Mapa), e foram comentatos semana passada (22/03) em coletiva na sede da CNA, em Brasília.
No segmento da carne bovina, as exportações aumentaram 52,8%, alcançando US$ 690 milhões no bimestre, graças ao aumento de 42,9% no volume exportado. “Está ocorrendo gradativa mudança no perfil da pauta exportadora do agronegócio. Cresceram as exportações de produtos de maior valor agregado e caiu a participação do complexo soja, neste início de ano”, afirmou o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta. Para ele, “falta ainda os exportadores de carnes repassarem o aumento das cotações internacionais a seus fornecedores de matéria-prima, os pecuaristas”.
As exportações de açúcar e álcool aumentaram 78%, atingindo US$ 1,13 bilhão em 2007. Somente as vendas externas do álcool aumentaram 145%, enquanto o açúcar cresceu 65,5%, como resultado do crescimento do volume exportado e da elevação dos preços no mercado internacional, em função do aumento da demanda por etanol como combustível. A entressafra da soja causou queda de 3,9% nas exportações do complexo no bimestre, mas as vendas externas de milho surpreenderam.
O volume das exportações superou as 800 mil toneladas no período, frente as 230 mil toneladas exportadas no primeiro bimestre de 2006. No entanto, segundo Ricardo Cotta, “os produtores estão ficando em segundo plano neste processo expansionista”. Com a crescente demanda por milho para a produção de etanol, os Estados Unidos reduziram suas exportações do produto e o Brasil poderá conquistar novo espaço no mercado internacional, tornando-se importante exportador de milho.