Conclusões e propostas do
encontro estadual de pecuaristas

Produtores de bovinos de corte de 28 municípios paranaenses, reunidos em Curitiba no dia 28 de fevereiro (foto), preocupados com o futuro do seu negócio, e cientes do grande potencial do Estado do Paraná, após palestras e debates, aprovaram os pontos abaixo, os quais se traduzem em subsídios para o avanço da bovinocultura de corte no Estado. Este documento será enviado às principais lideranças dos setores público e privado e espera-se que haja a análise, questionamentos e, principalmente, apoio no seu aperfeiçoamento para que possamos ter um rumo claro que leve a 

bovinocultura de corte paranaense a um grau de excelência.

1) Sanidade animal

a) A prioridade é a reconquista do "status" de área livre com vacinação, o que poderá ser obtido na próxima reunião da OIE, que acontecerá em maio na França. Para isso contamos com todo o empenho das autoridades estaduais e federais.

b) No Paraná os setores públicos e privados devem trabalhar na construção de um programa sanitário de vanguarda, que permita que nosso Estado seja reconhecido como uma "ilha de sanidade". Este programa deverá prever o controle de enfermidades que ainda não são obrigatórias, mas que muito brevemente serão de controle obrigatório.

c) Participação do Paraná nas discussões da OIE sobre os circuitos pecuários.

2) Comercialização

a) Por sugestão do Sr. Carfantan, a coordenação deve programar uma visita de cinco dias para potenciais clientes da carne paranaense, ou seja, redes de varejo européias. Na programação deverão constar visitas a fazendas, frigoríficos, agências de pesquisas. Além de reuniões com autoridades e pessoas neutras.

b) Resgatar junto à Secretaria estadual da Agricultura as articulações para um selo de qualidade, que identifique a produção do Paraná;

c) A coordenação deve continuar a prospecção de indústrias que venham a ser parceiras, visando a exportação de carne bovina paranaense;

d) Para a apresentação do produto dos sistemas de produção paranaense devemos organizar um portfólio, que apresente a pecuária paranaense o que vai facilitar futuras negociações.

e) A rastreabilidade, que é um item indispensável da qualidade de processo, deve ser encarada como um instrumento de gestão, tanto pelos produtores quanto pelo Estado. A CERT/SEAB é fundamental para dar credibilidade ao processo, devendo porém ser reorganizada para que tenha agilidade e competência nas suas ações.

3) Qualidade

a) A cadeia da carne bovina no Paraná deverá ser a que mais se preocupa com o quesito qualidade, tanto de produto (carne) quanto de processo. Para que possamos o mais rápido possível termos condições de competir com os melhores produtores do mundo e possamos deixar de tratar a carne como uma commodite.

b) Solicitar à Secretaria da Agricultura e ao Ministério da Agricultura para que exija o cumprimento da legislação sobre classificação de carcaças, o que permitiria uma visão real do que é produzido no Estado.

4) Organização e planejamento

a) CADASTRO DE PRODUTORES – Um dos pontos críticos para a organização da cadeia da carne bovina é a falta de informações precisas sobre o rebanho. Principalmente a composição e localização. O problema poderia ser sanado com a adequação de informações a serem coletadas no momento da vacinação contra a febre aftosa. Ou com uma parceria entre FAEP – SEAB e SEBRAE;

b) ZONEAMENTO FORRAGEIRO – O IAPAR realizou o zoneamento forrageiro do Paraná. A publicação destas informações será de grande valia para produtores e técnicos, no planejamento das propriedades e dos esquemas forrageiros.

c) INTEGRAÇÃO LAVOURA / PECUÁRIA – O alto custo das terras do Paraná exige o aperfeiçoamento contínuo da gestão, da sustentabilidade ou viabilidade da propriedade. Neste sentido a Integração Lavoura Pecuária assume papel importante e precisa ser disseminada e adequada às várias regiões do Estado, através da parceria com entidades de Ensino, Pesquisa e Extensão.

d) UNIDADE DE ABATE PARA AS ALIANÇAS E COOPERATIVAS DE CARNE – Um dos grandes entraves no desenvolvimento das Alianças e Cooperativas de carne, tem sido as estruturas de abate e desossa. A maioria delas busca a parceria com frigoríficos, porém são parcerias frágeis que muitas vezes deixam os produtores a mercê da boa vontade uma única empresa. È necessário buscar recursos e forma de apoiar as iniciativas de autonomia no setor de abate e desossa para Alianças e Cooperativas.


5. Lição de casa dos produtores

A mudança do quadro atual pelo qual passa a pecuária de corte depende de vários fatores. Porém, o mais importante é a mudança cultural ou mentalidade que precisa haver nos produtores, que são os principais interessados neste negócio. Além do aperfeiçoamento tecnológico constante, é preciso o desenvolvimento de um espírito de grupo, de classe, onde não haja divisões e principalmente que exista uma preocupação com o sucesso de toda uma categoria e não apenas de indivíduos.



   A visão estratégica do mercado, quais são as exigências do consumidor e a certeza de que ninguém fará nada pelos produtores, se não houver um mínimo de coesão e organização, são pontos que devem ter a prioridade do produtor.

O produtor precisa assumir a responsabilidade pela mudança.

Promoção do encontro:
Programa Paranaense de Carnes e Leite à Base de Pasto.
SEAB/EMATER, FAEP/SENAR, IAPAR, FUNDEPEC PR, PUC PR e OCEPAR


Boletim Informativo nº 950, semana 26 de março a 1º de abril de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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