Uma radiografia da falta de infra-estrutura e logística na agricultura nacional e a busca de soluções para os problemas que afetam o setor. Estes foram algumas das iniciativas apresentadas durante a reunião da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), realizada no dia 21 de março, em Curitiba, em parceria com a Comissão Técnica de Grãos da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP).
O presidente da FAEP, Ágide Meneguette, abriu o evento que reuniu representantes das federações de agricultura e produtores. Na ocasião, também foram debatidos temas relacionados à importação de farinha da Argentina, pirataria de sementes, tendência dos custos de produção de diferentes culturas, agroquímicos genéricos e demais assuntos de interesse do setor.
O superintende técnico da CNA, Ricardo Cotta Ferreira, destacou as várias iniciativas tomadas para superar os problemas de logística. Para ele, a falta de infra-estrutura é uma das principais causas para a baixa remuneração do produtor. Já o consultor da CNA, Luis Antonio Fayet, lembrou que a CNA trabalha com cerca de 50 temas relacionados a problemas que atingem a agricultura e prejudicam a renda de quem produz.
“O preço da soja é colocado em Roterdam, na Holanda. O comprador não está preocupado com o que se gastou para produzir o grão. O problema é de quem vende. Por isso, precisamos discutir questões, como a falta de infra-estrutura, a péssima qualidade da gestão dos portos, como o de Paranaguá, a burocracia, a legislação inadequada, etc”, comentou. Ele ainda ressaltou que a CNA se esforça para reduzir os custos entre as lavouras e os mercados internacionais. “Depende disso, o que vai sobrar para o produtor”, afirmou.
Trigo – A paralisação do mercado com a entrada, no Brasil, da farinha subsidiada da Argentina. Esta situação traduz a crise que enfrenta o setor do trigo. O representante da CNA na Câmara Setorial de Culturas de Inverno, Ivo Arnt, lembrou que, diante do impasse, a indústria moageira do País acaba não comprando o trigo nacional. “Entre as causas dessa crise, está a situação tributária argentina. Com o estímulo à industrialização, a taxa de exportação da farinha é menor que a do trigo em grão’, informou.
Arnt espera que a situação seja resolvida o quanto antes. As reivindicações do setor já chegaram ao Itamaraty e ao Ministério da Indústria e do Comércio. “Através do Ministério da Agricultura, o Governo Federal sinalizou com a garantia de compra da produção nacional, caso não haja liquidez. A compra será com recursos já alocados no orçamento da União”, disse. O setor também aguarda, para os próximos dias, a definição de normas reivindicadas que liberem recursos para a safra de inverno.
Sementes – Ao expor sobre a pirataria de sementes, o representante da CNA na Câmara Temática de Insumos Agropecuários, Alécio Maróstica, ressaltou a importância de se ter sementes de qualidade. “Ninguém faz agricultura sem semente. Sem aumentar a produtividade, não tem competitividade. E esta só vem através da semente”, disse. Ele ainda destacou a necessidade de uma parceria entre o agricultor e o produtor de semente. “Ninguém pode andar isoladamente. Um precisa do outro”, afirmou.
Seminário – Durante o evento, os participantes aprovaram a realização de um seminário de conjuntura, que será realizado em Brasília no mês de junho. Na ocasião, serão apresentados temas globais, como gerenciamento de risco, cenário macroeconômico para 2008, riscos e oportunidade para agricultura nacional e mercado financeiro. A programação também contará com temas setoriais, relacionados aos segmentos do arroz, algodão, milho, sorgo, oleaginosas, agroenergia, crédito rural, comercialização do trigo e demais cultivos de inverno. O evento deverá contar com representantes de diferentes câmaras setoriais e especialistas em agronegócio.