O incentivo à produção de cafés especiais deve impulsionar a demanda por cursos na área de cafeicultura no Norte Pioneiro, uma vez que o grupo gestor enxerga a qualificação como fator fundamental para a continuidade do projeto. O SENAR-PR oferece cinco títulos relacionados à cafeicultura: ‘café adensado’, ‘colheita’, ‘processamento e secagem’, ‘podas e desbrotas’ e ‘pragas e doenças’. A atualização de todo o material instrucional e reação no preço do café já tinha acarretado um crescimento de mais de 100% na procura pelos cursos no ano passado, e agora os produtores ganham novo incentivo. De acordo com Johnny Fusinato Franzon, técnico do SENAR-PR responsável pela área de cafeicultura, “boa parte do conteúdo já orienta para a produção de cafés diferenciados, tanto na parte de pragas e doenças, quanto no processamento e secagem”. Franzon diz que os instrutores do SENAR-PR estão preparados para atender à demanda dos produtores da região, com a expectativa de que a produção paranaense se torne mais profissionalizada e passe a investir na lavoura independente do mercado.
O produtor Fábio Dória Scatolin, de Ribeirão Claro, investiu em cursos de qualificação e colheu bons resultados. Conquistou o terceiro lugar na categoria ‘cereja descascado’ no 3º Concurso ABIC de Qualidade do Café realizado no fim do ano passado. Scatolin vem de uma família de cafeicultores e acredita que a qualificação é essencial como difusão de tecnologia e também para a correção de equívocos no processo produtivo: “O administrador da fazenda tem feito todos os cursos indicados pelo SENAR. O processo de aprendizagem parte dos cursos. Os cursos provocaram as mudanças”. O produtor chama a atenção para um fator que muitas vezes impede o avanço de uma nova forma de organização das propriedades: “Algumas vezes o passado pode ser um fardo se você não adaptar novas técnicas ao processo de produção. Não podemos ficar refratários a novidades”.
Outro exemplo de bons resultados é Valtamir Mezzomo, de Salto do Itararé. Publicitário, ele decidiu arrendar a empresa e se dedicar à cafeicultura em 2003. O investimento foi precedido de muita leitura sobre a atividade, pesquisa na Internet, visitas a regiões produtoras e cursos de qualificação: “Fiz um laboratório de tudo e apliquei na lavoura”, conta o produtor que produz café no sistema orgânico. A primeira colheita rendeu um lote que conquistou o primeiro lugar no Concurso de Qualidade do Café, na categoria ‘café natural’. Mezzomo aposta no potencial da região, no clima e na capacidade dos produtores: “Todos sabem plantar, mas podem aprender detalhes da colheita e secagem”.