O 1º Seminário Técnico de Cafés Especiais reuniu 60 produtores e entidades do Norte Pioneiro para estabelecer padrões de qualidade para o café produzido na região. O evento aconteceu no Centro Experimental José Ferroni, na Fazenda Santa Rita em Ribeirão do Pinhal, na terça-feira, 20.
A pauta do encontro incluiu peculiaridades da cultura na região, padrões do café de outras regiões do Brasil e o potencial do mercado para cafés especiais. O seminário faz parte de um conjunto de ações desenvolvidas dentro do Projeto de Cafés Especiais do Paraná, que tem o apoio da FAEP, do SEBRAE e da Associação Paranaense de Cafeicultores, e pretende incentivar o cultivo de cafés especiais na região que concentra 7.500 dos 13 mil cafeicultores do estado. De acordo com Odemir Vieira Capello, consultor do Sebrae que auxilia na condução do processo metodológico do trabalho, a meta é atingir toda a região com ações. Quando se cria uma marca territorial, todo mundo se beneficia.
Um grupo gestor vem realizando reuniões ordinárias onde são estabelecidas ações prioritárias. Os temas do seminário foram definidos pelo grupo com o objetivo de provocar discussão para definição de padrões que os cafeicultores do Norte Pioneiro devem atingir para competir com seu produto nos mercados interno e externo. “Não tínhamos a pretensão de sair com a resposta pronta, mas com boa base no que se refere à padronização. Agora vem a questão da qualificação e do associativismo, que também faz parte do processo”, explica Capello.
Geórgia Franco de Souza foi uma das palestrantes do seminário e falou sobre o mercado de cafés especiais. A proprietária da Lucca Café, primeira cafeteria de cafés especiais no Brasil, acredita no potencial do Paraná para a produção de grãos de qualidade mas alerta que a falta de cuidados, principalmente na etapa pós colheita, acabam encobrindo as características do produto: “Se o Paraná não começar a investir em qualidade estará perdendo o bonde.”. Geórgia usa um exemplo próprio para corroborar sua afirmação: “Estou comprando café a R$ 1.900 a saca de 60 kg, de produto de Minas Gerais premiado em concurso. O mercado normal é de R$ 270”. Na opinião da empresária o produtor paranaense ainda pensa muito em volume, quando o mercado externo prioriza a qualidade e o mercado interno começa a despertar para isso. “Eu sou a ponta, o comprador. Tenho interesse que eles façam um bom café para mim e por isso estou participando”, comenta Geórgia.
Na avaliação de Guilherme Lange Goulart, vice-presidente da comissão técnica de café da FAEP, o Paraná precisa mesmo ganhar terreno na área de qualidade: “De todos os estado brasileiros que produzem café, o Paraná é o que está mais atrasado, mas não tenho dúvidas de que faremos essa questão se reverter em pouco tempo”. A expectativa é avançar na questão da demarcação geográfica a cada ação realizada e contar com a participação crescente de produtores desde que estejam comprometidos com o projeto. “O próximo passo é iniciar o trabalho de qualificação dos produtores. Será feito um diagnóstico das necessidades e então partir para a capacitação dos envolvidos para atingir os padrões definidos. A qualificação entra muito forte nessa etapa”, conclui Goulart.