Demanda de milho para etanol nos
EUA sinaliza ritmo agressivo até 2010

A transição climática do El Niño para La Niña é um dos fatores


O Seminário de Projeções e Tendência de Mercado para 2007/08, abrangendo Milho, Carnes, Bioenergia e Soja, realizado em Curitiba no dia 9, trouxe novidades importantes, as quais requerem atenção especial, notadamente para o mercado mundial do milho e da soja. Nesta edição será abordada a palestra de milho.

Com referência ao milho, os preços internacionais são os maiores desde 1996, as commodities bioenergéticas são as principais alternativas   para   a   próxima   década  e   os

incentivos à cultura de milho permanecerão elevados, bem como ao etanol e ao biodiesel.

Os preços em Chicago alcançaram US$ 4,20 a US$ 4,30/bushel e dificilmente voltarão para US$ 3,00/bushel no segundo semestre.

A próxima Lei Agrícola norte-americana (Farm Bill), com vigência 2008/2013 e que se encontra em discussão, confirma a continuidade de subsídio ao milho e à produção de etanol. Em 2007, com 127 usinas em atividade, foram produzidos 4,7 bilhões de galões, e a meta de produção para 2012 é de 8 bilhões de galões. As estimativas apontam um número próximo de 180 usinas; as usinas localizam-se nas regiões produtoras de milho.



Conforme projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a curva de demanda de milho para etanol sinaliza um ritmo bastante agressivo até 2010, com estimativa de saltar de 55 milhões para 80 milhões de toneladas de milho.

No dia 30 de março, o USDA divulgará a 1ª intenção de plantio aguardada pelo mercado no entorno de 86/87 milhões de acres. Cabe ressaltar que referido número deverá ser carregado pelo USDA até o relatório de junho.

De acordo com Paulo Molinari (Safras& Mercado), o Fórum Anual do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), realizado na primeira semana de março, teve como pano de fundo o mercado mundial de commodities agrícolas nos meses recentes, isto é, o novo fundamento baseado na geração de bioenergia renovável. Conforme Molinari, os dois modelos principais (o etanol a partir do milho e o biodiesel a partir da soja) já estão absorvidos como uma situação concreta no médio prazo e os Estados Unidos já estão pesquisando como próximo passo a produção de álcool a partir da celulose.





A comercialização de etanol recebe um subsídio de US$ 0,51/galão para equalização de custos de produção e comercialização. Existe ainda uma tarifa de importação adicional de US$ 0,54/galão. No entanto, o subsídio à comercialização deverá expirar somente em 2010 e a tarifação da importação foi estendida até 2008. No biodiesel, o subsídio é de US$ 1/galão e tem programação de validade até o ano fiscal de 2008.

A tensão no mercado reside na necessidade de um plantio recorde de milho e com provável perdas de áreas em algumas culturas como a soja. 

Existe certa dúvida quanto ao potencial de produtividade, tendendo a utilização de tecnologia pesada com o objetivo de obter maior produtividade (o lema é: empregar o máximo de tecnologia para obter o máximo de produtividade).

A estimativa do UDSA para a safra americana de milho 2006/07 indica uma produção de 267,59 milhões de toneladas e a uma relação estoque final/consumo de 6,40%, a menor das últimas quatro safras norte-americanas. Já para a safra 2007/08 os números ainda são uma incógnita.

Um fator que requer especial atenção especial diz respeito às previsões das condições climáticas no Meio-Oeste norte-americano na época do plantio de milho e a provável situação de estiagem que poderá assumir graves riscos. Tal alerta ocorre porquanto há possibilidade de transição do efeito El Niño para La Niña. O período abril/maio/junho (o plantio de milho segue até 30 de maio) poderá ter uma situação mais crítica de estiagem, conforme demonstrativo no mapa anexo, o qual deverá ser semanalmente atualizado para melhor acompanhamento pelos produtores.



Paulo Molinari apresentou os números da produção brasileira de milho na safra 2006/07, estimada em 45 milhões de toneladas, sendo 27 milhões de toneladas na safra de verão e uma safrinha projetada em 12,8 milhões de toneladas, com área recorde de 11 milhões de hectares (outros estados produção de 4,5 milhões de toneladas). O Paraná tem estimativa de 6,8 milhões de toneladas (1ª safra) e safrinha de inverno avaliada em 4,3 milhões de toneladas.

Fatores de atenção

  • Consumo Interno com previsão acima de 2006;

  • Clima na safrinha brasileira e nos Estados Unidos;

  • Definição do plantio da safrinha;

  • Câmbio 2006;

  • Fluxo de exportações em 2007 (estimativa de 5 milhões de toneladas);

  • Plantio da safra 07/08 tendendo a migrar para a soja;

 

Cenário de preços mais especulativos no primeiro semestre de 2007, com possível acomodação no segundo semestre, na dependência do fluxo de exportações, clima e câmbio. No entendimento do analista um preço entre R$ 18,00 a R$ 19,00/saca já se mostra remunerador ( preço recorde no Paraná), cabendo ao produtor analisar seu custo de produção e custo /hectare. 

Gilda Bozza Borges
Economista - DTE / FAEP

 

Clima

Molinari pede especial atenção para a possibilidade das condições climáticas (estiagem) sob influência do La Nina afetarem a produção brasileira do milho safrinha, notadamente nos meses junho, julho e agosto (desenvolvimento, floração/formação de grãos), tendo em vista a possibilidade de inversão do El Nino em La Nina. E os efeitos do fenômeno La Nina deverão manter o mercado interno sob alerta quanto ao potencial de produção da safrinha brasileira/07. Os mapas (IAPAR) mostram as precipitações médias estimadas para o Paraná, nos meses de abril a agosto, bem como a média histórica do trimestre mais seco para estado (junho, julho e agosto).
 


Boletim Informativo nº 949, semana 19 a 25 de março de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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