O Brasil exportou US$ 690 milhões de carne bovina nos dois primeiros meses do ano, o que representa um aumento de 52,8% em relação ao ano passado, quando foram exportados US$ 451,6 milhões.
Na avaliação do presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, isso se deve à gradativa retomada das exportações aos antigos mercados compradores, como a Rússia, após o embargo imposto por diversos países, no final de 2005, com o surgimento dos focos de febre aftosa nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná. “O Brasil tem aproveitado o bom momento do mercado externo da carne e continua sendo o maior exportador mundial”, acrescentou.
Esse expressivo aumento das exportações somente foi possível graças aos ajustes internos no processamento da carne produzida no país, que contornaram o problema e praticamente normalizaram as vendas externas de carne bovina. “As indústrias deslocaram a produção de exportação para outras plantas, localizadas nas regiões não afetadas pela febre aftosa, como é o caso de Goiás”, disse Antenor. Segundo ele, o processo de erradicação da febre aftosa já está em fase de conclusão nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná e o Brasil aguarda a aprovação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Mas, apesar dos bons resultados do comércio internacional de carne, o ano não começou bem para os pecuaristas brasileiros. Com os custos de produção em alta e os preços da arroba do boi praticamente estáveis, os produtores continuam perdendo renda desde o ano passado. Os Custos Operacionais Totais (COT) aumentaram 0,59% somente em janeiro, enquanto o preço da arroba caiu 1% no período. As máquinas e implementos agrícolas foi o principal item responsável por este aumento nos custos dos pecuaristas, de 1,27% em janeiro.
Desde janeiro de 2006, as perdas acumuladas já chegam a 5,38%, enquanto o preço da arroba praticamente estagnou nos 13 meses. Significa que a atividade perdeu 5,38% de margem bruta. Neste período, o real valorizou cerca de 6% em relação ao dólar. Os custos, em dólar, tiveram um aumento de 11,88%, enquanto os custos operacionais efetivos (COE) da atividade pecuária cresceram 12,62%. “O resultado disso é uma redução na competitividade brasileira no mercado internacional”, afirmou o presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA.