A queda abrupta da bolsa chinesa no último dia 27 provocou um forte movimento de venda na Bolsa de Chicago por parte dos fundos de investimentos. Na cotação da soja, houve queda de 15,25 centavos de dólar por bushel, equivalente a uma perda de US$ 0,34/saca em relação ao pregão anterior. Os contratos para o primeiro vencimento, março/2007, encerraram o pregão a US$ 16,83/saca contra US$ 17,17/saca do dia anterior.
A queda registrada em Chicago nos preços do milho e trigo também colaborou para afetar o “superciclo das commodities”. Outrossim, existe no mercado um certo receio de desaceleramento da economia chinesa, o que tem impacto negativo no mercado internacional.
As bolsas de valores da Europa caíram pelo segundo dia nesta quarta-feira, com a continuação do movimento de vendas no mercado global após a divulgação de dados da economia norte-americana mais fracos que o esperado.
As principais companhias petrolíferas e mineradoras estiveram entre as maiores baixas no continente europeu, após a queda nos preços do cobre e do petróleo com a preocupação no mercado de commodities com uma desaceleração econômica e uma redução da demanda da China.
Após perdas de terça-feira (27), a Bolsa de Chicago busca uma recuperação técnica. A sinergia existente entre os grãos (soja, milho e trigo), com a elevação no mercado vizinho do milho e as compras efetuadas por fatores técnicos deram ao mercado certa sustentação. Os contratos da soja em grão com 17,00/saca, ganho de US$0,17 em relação ao fechamento anterior (US$ 16,83/saca). A aparente calma do mercado financeiro chinês aliviou a pressão quanto aos rumos da economia chinesa.
Por outro lado, o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Misturadores do Brasil (AMA), Carlos Eduardo Florence chama atenção para os desequilíbrios na oferta mundial de matérias-primas que causam alta de 20% no mercado; tal fato ocorre porquanto a China vem comprando insumos em grandes volumes, desequilibrando a oferta. De acordo com Florence, conforme veiculado na imprensa, os produtores já estão pagando mais caro pelos fertilizantes que serão utilizados na safra 2007/08. A estimativa é de que em março, os preços estejam cerca de 20% superiores aos registrados em agosto de 2006.
Naquele mês, a tonelada da uréia - principal nitrogenado usado na mistura do fertilizante - custou US$ 289 no mercado brasileiro. Para março, esse valor será de US$ 340/t, alta de 17,4%. Os fosfatados sofreram impacto ainda maior, de 23%. Saíram de US$ 323 a tonelada em agosto, para US$ 400/t em março deste ano. No caso do cloreto de potássio, o aumento foi de 15%, indo de US$ 208 a tonelada para US$ 240/t.
A opinião do analista da AgRural, Daniel Sebben, reforça a necessidade de atenção para os preços dos insumos, porquanto em Mato Grosso a tonelada do fertilizante está sendo negociada a valores equivalentes a 33 sacas de soja para o próximo cultivo. O valor pago pelo insumo é 18% maior que o negociado na temporada passada.
Gilda Bozza Borges
Economista - DTE/FAEP