O Governo do Paraná conseguiu cassar no Tribunal de Justiça a liminar da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP) que garantia aos produtores estaduais o uso do glifosato em pós-emergência no controle de ervas daninhas das lavouras de soja transgênica. Na prática, a decisão torna inviável o cultivo de transgênicos no Paraná, já que a soja geneticamente modificada exige o manejo com o herbicida glifosato. Nesta safra, no entanto, com as lavouras em ciclo final, o glifosato já foi utilizado. “Nossa preocupação agora é com a próxima safra”, alerta o agrônomo e técnico em meio ambiente da FAEP, Silvio Krinski.
Estima-se que os transgênicos ocupem hoje metade de toda a área plantada com a oleaginosa no estado. A Federação da Agricultura aguarda apenas a publicação da decisão judicial, do dia 27/02, para recorrer ao Superior Tribunal de Justiça.
O governo estadual alegou que o glifosato não tem registro no Paraná para uso em pós-emergência na cultura da soja e, por isso, não pode ser usado no estado. No entender da FAEP, como já há registro no Ministério da Agricultura, com parecer favorável do IBAMA e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, não faz sentido a proibição estadual. “Queremos que o produtor tenha a liberdade de escolher entre o plantio transgênico e o convencional”, afirma Sílvio Krinski.
Na safra que está sendo colhida atualmente, os produtores de sementes de soja no Paraná devem colher quase dois milhões de sacas de 50kg de transgênicos. O diretor-executivo da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes (APASEM), Eugênio Bohatchi, diz que não tem idéia sobre o que fazer com tanta semente transgênica, caso a proibição do uso do glifosato se mantenha no Paraná. “Os outros estados também produzem suas próprias sementes. Nossas cultivares são próprias para a região Sul, no máximo para o Mato Grosso do Sul e parte de São Paulo”, diz Eugênio. “Estamos diante de uma ameaça de prejuízo financeiro incalculável”, acrescenta.
A negativa de conceder registro ao glifosato Round-Up Ready no Paraná é fruto da obstinação do Governo do Estado contra a tecnologia de modificação genética. As autoridades estaduais chegaram a proibir o plantio da soja transgênica, indo contra a legislação federal. Depois de perder a questão na Justiça, proibiram o uso do glifosato. O Porto de Paranaguá só escoa atualmente a soja geneticamente modificada por força de ordem judicial, e, assim mesmo, a autoridade portuária só libera dois berços para sua exportação. O presidente da FAEP, Ágide Meneguette, resume a situação: “O Governo do Estado trata os transgênicos como se fossem um produto demoníaco, como faziam os supersticiosos da Idade Média”.