A FAEP e o SENAR-PR vêm desenvolvendo junto com os Sindicatos Rurais uma série de ações com o intuito de valorizar a participação da mulher não apenas na administração da propriedade rural como também na estrutura do sistema sindical do Paraná. Em 2001, a Federação iniciou um programa de encontros de motivação para incentivar a participação feminina no agronegócio, ultrapassando o número de 12 mil participantes. Nos cursos de formação profissional rural oferecidos pelo SENAR-PR, as mulheres já representam 44% do público atendido, demonstrando a força da mulher paranaense no setor rural.
O dia 8 de março, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher, é considerado uma data de luta. Remonta ao incidente ocorrido em 1857, quando após deflagrar greve reivindicando melhores salários e redução de jornada de trabalho, 130 operárias morreram em um incêndio que consumiu a sede da fábrica têxtil onde trabalhavam em Nova Iorque. Elas trabalhavam 16 horas por dia e recebiam um terço do salário pago aos homens. De lá para cá, muitas conquistas se sucederam e a mulher vem construindo espaço de fundamental importância na sociedade.
Não seria diferente no meio rural. Os cursos que o SENAR promove há 13 anos no Paraná são uma boa amostra. Além de uma participação crescente, as mulheres que antes se destacavam apenas em cursos relacionados a atividades secundárias dentro da propriedade, hoje compartilham com os homens a preocupação em desenvolver uma agropecuária moderna e eficiente. Elas ainda são maioria nos cursos de transformação caseira de alimentos, costureiro e artesanato, mas também são presença importante em treinamentos relacionados à gestão da propriedade, como o Programa Empreendedor Rural. É por iniciativa delas que muitos projetos de investimento e de associativismo estão sendo implantados.
Caso da Associação de desenvolvimento Comunitário da Barrinha o Cateto, em Bandeirantes, norte do estado. A autora o projeto que beneficia 20 produtores rurais da região é a empreendedora Lucila Sabbag Penteado. A união é vantajosa na produção e comercialização do milho cultivado pelo grupo. Além disso, a associação vem trabalhando com programas de recuperação da vegetação ciliar e aguarda para por em prática projetos que incluem inclusão digital de crianças e jovens da comunide e alfabetização de adultos. Não muito longe dali, em Joaquim Távora, o curso de costura básica do SENAR-PR serviu de ponto de partida para a formação da Associação das Costureiras do Bairro do Joá. A participante Avânia Aparecida Valim conta que após os cursos surgiram as pequenas encomendas e que o dinheiro extra ajuda muito em casa.
Liderança feminina - Os exemplos de liderança feminina também estão no sistema sindical. Atualmente, há pelo menos três sindicatos rurais patronais presididos por mulheres: Ana Tereza da Costa Ribeiro, de Porecatu, Áurea Aparecida Perri da Silva, de Juranda, e Rosalina Harumi Hoshino, de Jataizinho. Rosalina Harumi Hoshino é presidente do Sindicato Rural de Jataizinho há seis anos. Ele conta que neste período vem testemunhando o crescimento no interesse das mulheres em participar das atividades do sindicato: “Hoje elas têm visão da importância delas na administração das propriedades. A esposa é o braço direito do agricultor”. Na avaliação de Rosalina, o trabalho desenvolvido pelo Sistema FAEP beneficia ambas as partes. De um lado, esclarece a mulher rural em relação ao seu papel na família, na propriedade e nos negócios. Por outro lado, as mulheres são ótimas multiplicadoras das informações que recebem: ”A mulher da roça é uma guerreira. Na nossa cidade a maioria das associações das comunidades rurais são dirigidas por mulheres. Existe uma liderança feminina muito forte e elas são parceiras de luta do sindicato rural”.
Em Juranda, região central, Áurea Aparecida Perri da Silva comanda os trabalhos no Sindicato Rural e se orgulha em dizer que é mãe de cinco filhos e administra uma propriedade com mais de 100 alqueires. Áurea participou do Programa Empreendedor Rural e planeja diversificar as atividades de sua propriedade. Além do cultivo de grãos, a produtora trabalha com sericicultura e inicia um projeto de turismo rural. Como presidente do Sindicato, ela credita às mulheres boa parte do sucesso de seu trabalho: “Conseguimos reerguer o sindicato com a ajuda das mulheres. Elas mobilizaram turmas para os cursos. E por meio delas, os produtores voltaram a participar”.
Áurea lembra que foi o suporte das mulheres que permitiu o bloqueio de 15 dias na rodovia em plena crise da agricultura no ano passado: “Só foi possível porque as mulheres deram apoio em tudo. A mulher é peça fundamental na agricultura. O desenvolvimento da propriedade rural só acontece quando a mulher é companheira. Acredito na diversificação e será através da mulher que acontecerá essa transformação no campo”.