Apesar dos alardes de uma safra financeiramente promissora, os preços de comercialização praticados atualmente estão comparativamente menores do que nas safras passadas. Excetuando os anos de 2005 e 2006, em que os preços foram drasticamente baixos, os preços pagos ao produtor nas safras de 2001 a 2004, atualizados pelo IGP-M, apresentam valores superiores aos atuais R$ 29,47 para soja, R$ 16,83 para o milho, e R$ 26,43 para o trigo.
Somente o milho apresenta comportamento distinto em comparação com 2001, com valores 15,9% maiores. De 2002 a 2004, o milho acompanhou as demais culturas com valores superiores a 2007 (gráfico 1).
Analisando da mesma forma os custos variáveis de produção, observa-se uma razoável estabilidade nos valores corrigidos (gráfico 2), com aumento de 2001 a 2004 e leve queda até 2006, retornando aos patamares de 2001. Novamente destaca-se o milho como o único a apresentar atualmente valores inferiores e consequentemente melhores do que em safras passadas.
Ainda assim, na relação preços versus custos, nas safras passadas os produtores eram melhor remunerados do que hoje, tanto para soja e trigo quanto para o milho. Os melhores anos rondaram as safras de 2003 e 2004 e a pior relação foi a ocorrida em 2006.
Se isoladamente os valores não são tão favoráveis, é na produtividade que reside a maior esperança do setor. Com o aumento da produção, a redução das perdas e o aumento do valor nominal dos grãos, haverá mais dinheiro circulando no agronegócio e algumas dívidas serão parcialmente pagas, mas ainda assim há uma crise instaurada no setor e não será em uma única safra que os produtores terão condições de liquidar todas as suas “contas”. Serão necessários vários superávits seguidos até vemos o fim deste drama.