Crime impune

Sem-terras e assentados seguem
dizimando matas nativas no PR

Há mais de dois anos a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) divulgou documento alertando para a destruição de um dos maiores remanescentes de floresta nativa no Paraná, na região Sudoeste, levada a cabo por sem-terras e assentados . A devastação de 12.500 hectares de mata foi fartamente documentada, com mapas e informações levantados pela Fundação de Pesquisas Florestais da Universidade Federal do Paraná (FUPEF). Nesta semana, o noticiário mostra que, por conivência ou omissão, as autoridades não conseguiram ainda parar a predação da floresta de

araucária em Quedas do Iguaçu. Tanto no Sudoeste como no Sul do estado, é fato público e notório que a devastação de áreas florestais remanescentes é feita impunemente por sem-terra e assentados.



   Na região de Quedas do Iguaçu, o INCRA decidiu contratar seguranças particulares para vigiar uma área de três mil hectares, de um corredor de biodiversidade que já teria perdido 40% de seus pinheiros. A medida não atenua o escândalo da devastação desenfreada que começou na invasão de três mil sem-terras à antiga Fazenda Rio das Cobras, pertencente à agropecuária Giacometti-Marodin, depois Araupel.

A impunidade não é exclusiva daquela região. Bituruna, no Sul paranaense, foi o município brasileiro recordista na destruição da Mata Atlântica entre

2000 e 2005, e a própria Secretaria Estadual do Meio Ambiente atribui o problema a nove assentamentos rurais que "pressionam" a floresta.

O documento "Flora Devastada pelo MST", divulgado pela FAEP em novembro de 2004, já denunciava a espantosa devastação no Sudoeste. A floresta nativa da Araupel em 1996 ocupava 33.254 hectares da área total de 87.167,51 hectares. Depois de invadida pelos sem-terras, a área com predominância de araucárias encolheu em 2002 para 22.640,1 hectares. E mesmo após sucessivas denúncias, os governos estadual e federal não agiram: entre 2003 e 2005 a Fundação de Pesquisas Florestais da UFPR constatou a extinção de outros 1.813,1 hectares de matas na Fazenda.

Desde a derrubada dos primeiros pinheiros, as denúncias da FAEP, e de outras entidades e técnicos, foram levadas aos órgãos competentes, como o INCRA e o Instituto Ambiental do Paraná, que foram ou omissos ou coniventes com o crime ambiental. A CPI da Reforma Agrária, em seu relatório aprovado no início de 2005, denunciou a conivência entre os governos e o MST, alertando que os assentamentos são verdadeiras "caixas-pretas" e que existe uma espécie de acordo de que ""quem tem carteirinha de sem-terra é inimputável".


Boletim Informativo nº 946, semana 19 a 25 de fevereiro de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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