Pecuaristas terão balança própria
em frigorífico do Paraná

A partir da esquerda: Vinicius Reiter Pilz, diretor do frigorífico Mercosul no Paraná, Robson Souto, da FAMASUL, coordena o programa “Pesebem” no Mato Grosso do Sul, e Rogério Berger, presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura da FAEP

Um antigo problema de desconfiança dos pecuaristas em relação ao peso do gado abatido nos frigoríficos pode estar a caminho de ser superado no Paraná. Seguindo um programa pioneiro de Goiás, duas balanças dos pecuaristas serão instaladas em duas unidades do frigorífico Mercosul, ao lado das balanças dos abatedouros. Assim o pecuarista poderá ter certeza do peso dos animais, no ato de pesagem da carcaça.

As balanças serão doadas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA e são certificadas pelo Inmetro. O Programa “Pesebem” chegou ao Mato Grosso do Sul no ano passado, e vem ganhando a adesão de um número cada vez maior de pecuaristas. Além de aumentar a confiança na relação frigorífico-pecuarista, a segunda balança vai gerar um histórico detalhado do rendimento dos animais de cada propriedade que aderir ao sistema. O pecuarista poderá comparar a qualidade do seu produto em relação aos demais, corrigindo deficiências que comprometem o desempenho do rebanho.

A implantação do Programa “Pesebem” no Paraná foi discutida durante reunião da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da FAEP, dia 5 de fevereiro. Além dos técnicos e pecuaristas, participaram da reunião o coordenador do Programa “Pesebem” no Mato Grosso do Sul, Robson Souto, que atua na Federação da Agricultura daquele estado (FAMASUL) e representantes do frigorífico Mercosul, que aceitou a instalação das balanças adicionais nas unidades de Paiçandu e Nova Londrina, na região Noroeste do Paraná.

Vinicius Reiter Pilz, diretor do frigorífico Mercosul no Paraná, que, por enquanto, foi o único abatedouro a aceitar a instalação do programa “Pesebem”

Os membros da Comissão Técnica da Bovinocultura de Corte concluíram que “essa á a primeira ação efetiva para estruturar o processo de comercialização de bovinos no Paraná, com a integração dos agentes do Segmento Agroindustrial da Bovinocultura de Corte, propiciando a transparência nas vendas e fornecendo indicadores para mensurar, em grande parte, a qualidade dos animais abatidos”.

O diretor do frigorífico Mercosul no Paraná, Vinícius Reiter Pilz, disse que tudo o que for feito para aumentar a confiança e a parceria entre a indústria e o pecuarista é bem-vindo, por isso não se opôs à instalação da balança do “Pesebem”. “Somos a favor da política do ganha-ganha na cadeia da carne. Não existe indústria forte se os pecuaristas também não forem fortes”, afirmou. As normas do INMETRO admitem uma tolerância de 200 a 300 gramas na pesagem de cada animal. Havendo diferença maior, pode ser feita nova pesagem e, nos raros casos registrados até agora, o frigorífico optou em pagar conforme a balança do pecuarista.

A instalação das balanças será feita nos próximos meses, mas, antes, é preciso definir como elas serão operadas. A FAEP e os sindicatos rurais das regiões beneficiadas estão estudando a possibilidade de dividir os custos da implantação; depois, para que o sistema seja auto-sustentável, deverá ser cobrada uma taxa de R$ 1,00 por boi pesado, como nos outros estados, onde forem instaladas as balanças. Os recursos irão pagar o trabalho dos operadores de balança, garantir a manutenção dos equipamentos e elaboração de romaneios diferenciados aos pecuaristas e formação de banco de dados a ser gerido pela FAEP e sindicatos rurais da região.

Na reunião da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte, o zootecnista Mario Macedo, gerente do Frigorífico Mercosul, fez ainda um apelo para que os pecuaristas se integrem ao programa de rastreabilidade dos rebanhos“. A União Européia hoje só aceita gado rastreado e outros mercados top, que em breve poderão reabrir para a carne brasileira, também só vão importar carne com certificado de rastreabilidade. “Precisamos estar preparados para isso” afirmou Macedo. Como exemplo do valor agregado pela rastreabilidade, ele citou o caso do contra-filé, com preço-básico no mercado interno de R$ 34,73 a peça, mas que pode alcançar R$ 54,00, quando exportado para a União Européia.

A Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte deverá, nas próximas reuniões, sugerir ações efetivas para ampliar a rastreabilidade no Paraná e na área de sanidade animal, retomar as ações para garantir a saúde do rebanho bovino do Paraná.

Boletim Informativo nº 945 , semana de 12 a 18 de fevereiro de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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