A quantidade de carne brasileira exportada aumentou 13% em 2006, passando de 1,96 milhão de toneladas em equivalente carcaça, em 2005, para 2,22 milhões de toneladas no ano passado. Mas segundo Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), “os ganhos não chegaram ao nosso produtor”, que enfrentou em 2006 o quarto ano consecutivo de perdas, com os custos da atividade superando o aumento da receita.
Os Custos Operacionais Efetivos (COE), que representam os desembolsos mensais com salários, insumos, energia elétrica, sal mineral e medicamentos veterinários, entre outros itens, tiveram um aumento acumulado de 5,73%, em 2006, enquanto o preço do boi gordo aumentou apenas 1% na média dos nove Estados pesquisados pela CNA/Cepea, diante de uma inflação de 3,8%, medida pelo IGP-M. “Falta renda para o pecuarista manter a produtividade em nível satisfatório”, afirma o presidente do Fórum da Pecuária de Corte. A perda de rentabilidade dificulta a continuidade nos investimentos em manejo alimentar, recuperação de pastagens, genética ou infra-estrutura, como cercas, curral e estábulos. Desta forma, começa a ocorrer uma depreciação dos fatores de produção da fazenda. Nos quatro anos de pesquisa CNA/Cepea, foi possível constatar uma perda de margem na atividade de 42%, devido ao aumento de 32% nos custos de produção e queda de 9,5% no preço da arroba do boi.
Quanto às exportações, uma conjugação de fatores positivos explica o aumento de 28%: valorização da carne brasileira no mercado internacional, recuperação do consumo mundial e a incapacidade de outros países produtores, como Argentina, Estados Unidos e União Européia, de atenderem a esta demanda.
“Precisamos de um programa sanitário conjunto entre os países que fazem fronteira com o Brasil”, afirmou, Antenor Nogueira. Ele está preocupado com o risco que representa para a pecuária brasileira o surgimento dos focos de febre aftosa na Bolívia, no momento em que o Brasil reivindica da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) a recuperação do status de Área Livre de Febre Aftosa com Vacinação para os Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, atingidos pelos focos da doença em 2005. Apesar deste quadro de dificuldades, o Brasil fechou o ano de 2006 como o maior exportador de carne do mundo, superando a Austrália também em receitas de exportação.
Quando surgiram focos de febre aftosa em algumas regiões produtoras brasileiras, em 2005, mais de 50 países restringiram as importações da carne brasileira. Até hoje, a União Européia ainda mantém o embargo à carne dos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Mesmo assim, contando apenas com a carne produzida nos Estados não embargados, o País exportou US$ 3,92 bilhões no ano passado, o que representa 28% de aumento em relação a 2005, quando foram exportados US$ 3,06 bilhões.
Antenor Nogueira anunciou, durante entrevista coletiva, que a CNA e o Cepea passaram a integrar o Agri Benchmark, uma rede internacional de comparação de custos dos sistemas de produção da pecuária de corte mundial. Segundo o presidente do Fórum, trata-se de um projeto de pesquisa cooperativo entre países com interesse na produção de carne, como União Européia, Argentina, Canadá e Brasil, entre outros. “Os primeiros resultados começam a chegar este ano, o que permitirá avaliarmos a competitividade da pecuária de corte do Brasil em relação aos principais concorrentes no mercado internacional”, explicou.
O presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, afirmou na entrevista coletiva do dia 6 que a fiscalização das fronteiras brasileiras para evitar contaminação de febre aftosa não pode ficar só a cargo dos estados vizinhos da Bolívia.
“As formas de prevenção vão ser analisadas, mas o Brasil todo tem de participar disso. O Mato Grosso do Sul não pode se responsabilizar por tudo. Vai ser impossível montar uma barreira de 600 quilômetros, se os outros estados não contribuírem com pessoal qualificado e recursos financeiros”, defendeu Antenor Nogueira. Ele lembrou que, além do problema da aftosa, passam pelas fronteiras dos dois países produtos de contrabando, como armas e drogas, “o que torna ainda mais difícil o controle”. Após a coletiva, o presidente do fórum se reuniu com o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, para sugerir que o Mapa entre em contato com o Ministério da Justiça em busca de apoio no controle das fronteiras Brasil-Bolívia.
O governo do Rio Grande do Sul publicou semana passada (08) a portaria nº15/07 que permite o ingresso de carne bovina e suína desossada e maturada do Paraná. Desde outubro de 2005 os cortes paranaenses estavam vetados em função do registro de aftosa.
A carne paranaense deve ser embalada, rotulada, ter inspeção federal e só pode ser levada para estabelecimentos com SIF ou Cispoa. A nova legislação ampliou para sete o número de corredores sanitários (Iraí, Vacaria, Marcelino Ramos, Barracão, Torres, Nonoai e Barra do Guarita). Cargas que transitem fora desses corredores serão apreendidas e consideradas clandestinas.
Também foi autorizada a entrada de reprodutores suínos oriundos de granjas certificadas. Os animais serão submetidos à quarentena e à sorologia. A permissão está baseada em ofício do Ministério da Agricultura que reconhece a área como zona livre de aftosa com vacinação.