Exportações do agronegócio

Câmbio faz crescimento em
dólar virar retração, em real

O desempenho das exportações do agronegócio paranaense, em 2006, deixa claro como o setor é penalizado pela política cambial do País: em dólares, houve um tímido aumento de 2,5% na receita das vendas externas, que chegaram a US$ 6,10 bilhões, contra US$ 5,95 bilhões em 2005; fazendo a conversão para a moeda brasileira, o crescimento vira retração, e constata-se que o Paraná faturou R$ 1,28 bilhão a menos em relação ao ano anterior (queda de R$ 14,5 bilhões para R$ 13,2 bilhões).



   "Ao compararmos com 2003, antes do início da crise da agropecuária, a perda em reais assume maiores proporções, no montante de R$ 2,08 bilhões", explica Gilda Bozza, economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), que fez os cálculos adotando o dólar médio nos períodos analisados.

Segundo dados do Ministério da Agricultura, lembra a economista, uma outra perda tão importante quanto à quantitativa diz respeito à perda de mercados, ou seja, o Paraná vem perdendo espaço no comércio mundial e para recuperá-lo é necessário esforço redobrado, haja vista que os resultados se processam mais lentamente, 

requerendo anos e anos de empenho. O ano de 2006 foi marcado pela variação negativa registrada nas exportações dos principais mercados do Paraná como Estado Unidos, Alemanha, China, Japão, Reino Unido, Rússia, e Arábia Saudita, entre outros.Por destino das exportações é importante ressaltar a queda, em relação a igual período de 2005, em mercados tais como: Rússia (-53%); China (-26%); Alemanha (-20%); Japão (-27%); Arábia Saudita (-10%); Estados Unidos (-11%); Reino Unido (-14%).

Não obstante a crise da agropecuária e todas as suas conseqüências, instalada a partir de 2004, as exportações do agronegócio continuam a sustentar as exportações paranaenses, respondendo por 61% do total exportado.

No entanto, o fator preponderante para este pequeno crescimento foi a diversificação de setores exportáveis, com desempenho positivo dos complexos sucroalcooleiro, produtos florestais, café, suco de laranja, couros e milho que possibilitaram ao agronegócio paranaense manter a sua posição entre os principais estados exportadores do agronegócio brasileiro, participando com 13,5%.

Fatores - A expansão das exportações do setor sucroalcooleiro foi de 93%, passando US$ 288 milhões (2005) para US$ 557 milhões (2006). Em termos desagregados, as exportações de açúcar via Porto de Paranaguá registram um acréscimo de 80% na receita, passando de US$ 242 milhões para US$ 436 milhões, provenientes do maior volume exportado e dos preços internacionais. Já as divisas geradas com as exportações de álcool, em função do binômio preço/volume, aumentaram 163%, passaram de US$ 46 milhões para US$ 121 milhões. O volume comercializado cresceu 58% e os preços foram superiores a 66%, comparativamente ao ano de 2005.

Soja - As exportações do complexo soja (grão, farelo, óleo bruto e óleo refinado), foram menores (-13,9%), com receita de US$ 1,97 milhão. No que se refere às exportações do complexo soja, a redução da receita foi acompanhada pela redução do volume comercializado, com queda de 15%, passando de 9,43 milhões de toneladas embarcadas em 2005 para 7,98 milhões de toneladas (2006).

Outros setores como carnes, fumo e lácteos também registraram queda relativamente ao ano de 2005.

 

Complexo Soja
(grão, farelo, óleo bruto e refinado)

O complexo soja (grão, farelo, óleo bruto e refinado) no ano de 2006 registrou uma receita de US$ 1,97 bilhão, refletindo uma queda de 13,9% em relação a igual período de 2005 (US$ 2,29 bilhões), equivalente a uma perda de US$ 320 milhões, correspondente ao dólar médio do período a R$ 470 milhões.

As exportações de soja em grão totalizaram apenas US$ 659 milhões, contra US$ 946 milhões em 2005, ou seja, menos US$ 287 milhões (-30%). Os preços de exportação praticados em 2006 foram inferiores, passando de US$ 236,31/tonelada para US$ 228,05/tonelada (-3,4%). As exportações de farelo de soja geraram receita de US$ 796 milhões, cerca de 10% inferior às exportações de 2005 (US$ 882 milhões).

Queda no Porto - Pelo Porto de Paranaguá foi escoado um volume de 2,9 milhões de toneladas de soja em grão, 28% inferior em relação ao ano de 2005 (4,0 milhões de toneladas).

Vale ressaltar que mesmo com os problemas enfrentados e conseqüente redução de receita, as exportações do complexo soja permanecem na liderança do agronegócio paranaense, contribuindo com 19% das exportações do setor.

Complexo Carnes
(bovina, aves, suína e outras)

O grupo carnes (aves, bovina, suína e outras) registrou queda de 19,2%, com vendas externas de US$ 1,07 bilhão contra US$ 1,32 bilhão (-US$ 255 milhões), em função da combinação de fatores adversos, como a redução das exportações de carne de frango; os embargos impostos pela Rússia à carne suína e ocorrência de focos de febre aftosa no Estado. As vendas externas de carne de frango diminuíram 9%, passando de US$ 953 milhões para US$ 867 milhões, tendo como causa principal a retração do mercado consumidor da carne de frango brasileira.

No caso da carne suína as exportações registram queda de 76%, o valor exportado passou de US$ 186 milhões para US$ 44 milhões. O volume comercializado caiu de 91 mil toneladas para 30 mil toneladas (embargo Rússia).

As vendas externas de carne bovina haja vista que ainda persistem as conseqüências do acontecido em outubro de 2005 (caso da febre aftosa), assinalam queda de 71%; passaram de US$ 82 milhões (2005) para US$ 24 milhões (2006).

Complexo Produtos Florestais

Os produtos florestais totalizaram US$ 1,42 milhão, praticamente o mesmo nível registrado em 2005. O setor de madeira e suas obras gerou receita de US$ 1,13 bilhão, com ligeira queda de 3,4%. Já o sub-setor de papel teve acréscimo de 17%, passando de US$ 251 milhões para US$ 293milhões. As exportações do sub-setor celulose cresceram 151,5%, passando de US$ 355 milhões para US$ 893 milhões.

Demais complexos agroindustriais

  • Cereais, Farinhas e Preparações: As exportações de milho em grão foram beneficiadas pelos preços de exportação que na média anual ficaram em US$ 117,20/tonelada. A receita obtida foi de US$ 342 milhões; o volume comercializado do cereal foi de 2,9 milhões de toneladas. As exportações de subprodutos do milho (farinha de milho, amido e demais subprodutos) somaram US$ 16,9 milhões. As vendas externas de trigo atingiram US$ 52 milhões para um volume comercializado de 536 mil de toneladas. As vendas externas de arroz somaram US$ 579 mil.

  • Café: As exportações de café (grão e solúvel) registraram desempenho positivo com receita total de US$ 262 milhões, um aumento de 9% em relação ao ano de 2005 (US$ 239 milhões). As vendas de café solúvel somaram US$ 160 milhões e de extratos, essências e concentrados foram US$ 16 milhões.

As exportações de café verde e café torrado foram de US$ 85 milhões, acréscimo de 28% sobre as exportações em igual período de 2005 (US$ 66 milhões).

  • Couros, Produtos de Couro e Pele: O desempenho positivo do setor contribuiu para o crescimento de 23%, passando de US$ 89 milhões para US$ 109 milhões.

  • Suco de Fruta: As exportações de suco de laranja assinalam um aumento de 122%, passando de US$ 12 milhões para US$ para US$ 27 milhões. O volume comercializado passou de 14 mil toneladas para 18 mil toneladas.

  • Chá, Mate e Especiarias: O crescimento das exportações deste complexo foi de 253%, passando de US$ 4,9 milhões para US$ 17,5 milhões. Apenas o item chá, mate e suas preparações cresceu 264%, passando de US$ 4,7 milhões para US$ 17,1 milhões. As exportações de mate passaram de US$ US$ 4 milhões para US$ 16,5 milhões (+306%). O item especiarias gerou receita de US$ 316 mil, aumento de 30%. O principal produto exportado foi o gengibre no valor de US$ 218 mil. A pimenta piper teve uma receita de US$ 86 mil.

  • Produtos Hortícolas, Leguminosas: A comercialização externa de produtos hortícolas teve uma renda de US$ 7,2 milhões, apontando um crescimento de 100% em relação às exportações de 2005 ((US$ 3,6 milhões).

  • Lácteos: As exportações de lácteos caíram de US$ 21 milhões (2005) para US$ 6 milhões (2006). A conjunção taxa cambial e preços baixos no mercado internacional foi o principal fator desta queda.

  • Frutas (inclusive nozes e castanhas): este complexo mostra um crescimento de 60%, com maior desempenho do sub-item frutas frescas, com aumento de 41%. A receita total foi de US$ 1,1 milhão.

PARANÁ
AGRONEGÓCIO - EXPORTAÇÕES
PARTICIPAÇÃO NAS EXPORTAÇÕES PARANAENSES

 

2005

2006

SEGMENTO

PARTICIPAÇÃO (%)

PARTICIPAÇÃO (%)

COMPLEXO SOJA

19,7

22,9

PRODUTOS FLORESTAIS

14,0

14,0

COMPLEXO CARNES

11,0

13,0

COMPLEXO SUCRO-ALCOOLEIRO

6,0

3,0

CAFÉ

3,0

2,0

CEREAIS, FARINHAS E PREPARAÇÔES

4,0

0,9

COUROS, PRODUTOS DE COURO E PELE

1,0

0,8

SUCO DE FRUTA

0,3

0,1

OUTROS

2,0

1,7

AGRONEGÓCIO

61,0

58,4

OUTROS SETORES

39,0

41,6

TOTAL

100,0

100,0

Fonte:CGOE/DPIA/SRI/MAPA

Gilda Bozza Borges
Economista - DTE / FAEP


Boletim Informativo nº 944, semana 5 a 11 de fevereiro de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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