Cultivo de transgênicos cresceu 13%
e ultrapassa 100 milhões de hectares

Em 2006 o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGMs) ultrapassou, em todo o mundo, a marca dos 100 milhões de hectares. Enquanto na média internacional o ritmo de crescimento da área plantada foi de 13%, no Brasil o avanço dos transgênicos foi de 22% em relação ao ano anterior, passando de 9,4 milhões para 11,5 milhões de hectares. Em termos absolutos, o plantio no Brasil teve o terceiro maior ritmo de crescimento.

Os dados estão no relatório divulgado na semana passada (21/01) pelo Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA). Para o futuro, a previsão do ISAAA é de

que a área plantada no Brasil com sementes transgênicas mais do que triplique até 2015, quando irá superar a marca de 36 milhões de hectares. Com o aumento, o Brasil deve superar a Argentina e passar a ser o segundo maior local de plantio de sementes modificadas no planeta, atrás apenas dos EUA.



   No Brasil, a soja transgênica já supera a convencional: são 11,38 milhões de hectares, de um total de 21 milhões de hectares cultivados com a oleaginosa no ano passado. Outra lavoura de transgênicos cultivada no País é o algodão Bt, autorizado pela CTNBio no ano passado. São cerca de 120 mil ha. A área cultivada da Europa aumentou cinco vezes em relação ao ano anterior, comprovando que, ao contrário de muito que se diz no Brasil, a Europa planta e consome produtos de biotecnologia. Hoje, o continente cultiva 8,6 milhões de hectares em sementes geneticamente modificadas.


   Os Estados Unidos contribuíram com um aumento de 4,8 milhões de ha, consolidando a primeira posição na área cultivada de transgênicos. São 54,6 milhões de ha, divididos nas lavouras de soja, milho, algodão e canola, entre outros. A Índia, que produz apenas algodão Bt, foi o segundo país com maior aumento de área em termos absolutos: teve acréscimo de 2,5 milhões de ha, totalizando 3,8 milhões.

Entre 1996 e 2006, a área plantada com transgênicos cresceu 60 vezes. A organização estima que 200 milhões de hectares em todo o mundo estarão cultivados como transgênicos até 2015, principalmente nos países em desenvolvimento. A área seria maior que todo o território da Grã-Bretanha, além de superar todo o terreno dedicado à a produção agrícola dos EUA e ser equivalente a toda a região de pastagem existente no Brasil.


Transgênicos reduzem uso
de agrotóxicos em 15%

Da AgBioForum

Estudo do economista inglês Graham Brookes, em parceria com Peter Barfoot, intitulado "Impactos Globais das Lavouras GM: Efeitos Sócio-Economicos e Ambientais nos Primeiros Dez Anos de Uso Comercial", acaba de ser publicado no volume 9 do AgBioForum, publicação especializada em assuntos de agrobiotecnologia (http://www.agbioforum.org), mostra que a cultura de trangênicos reduz o uso de agrotóxicos em 15%. Um estudo anterior, relativo aos impactos nos primeiros nove anos (período de 1996-2004), havia sido apresentado em setembro de 2004, em Porto Alegre, durante a realização do IV Congresso Brasileiro de Biossegurança, pela ANBio - Associação Nacional de Biossegurança. A informação no Brasil foi divulgada pelo site Safras e Mercado, de 17 de janeiro.


Com relação aos impactos globais ambientais, o cultivo de
transgênicos, desde 1996, proporcionou uma redução global
na ordem de 15,3% no volume de utilização de agroquímicos


   Pela avaliação baseada em metodologia inédita e que compreende a última década, os resultados são altamente positivos, do ponto de vista sócio-econômico e também do ponto de vista ambiental. "Para nós, que acompanhamos a evolução da biotecnologia aplicada à agricultura, desde o início de sua implantação, os resultados vêm apenas corroborar o que temos observado no dia-a-dia", observa a pesquisadora Leila Oda, presidente da ANBio.

A cientista ainda acrescenta que "o estudo tem grande importância científica, porque descreve os benefícios efetivos que o plantio acumulado de 400 milhões de hectares, durante os últimos10 anos, de culturas geneticamente modificadas em diversos países do mundo trouxe globalmente". Com relação aos impactos globais ambientais, o cultivo de transgênicos, desde 1996, proporcionou uma redução global na ordem de 15,3% no volume de utilização de agroquímicos, totalizando 224 mil toneladas a menos na emissão direta de agrotóxicos no meio ambiente.

Somam-se a este resultado a diminuição do uso de combustível nas lavouras, devido à redução da aplicação do pesticida e, também, a redução na emissão de gás carbônico pelas lavouras transgênicas, em conseqüência da sua compatibilidade com o uso da técnica do plantio direto, que propicia a conservação do solo. Assim, a redução do uso de agroquímicos, de 1996 a 2005,mais os fatores resultantes combinados proporcionaram, juntos, a diminuição de mais de 9 milhões de toneladas de emissões de CO2 na atmosfera, o que representa retirar de circulação todos os carros da cidade de São Paulo durante um ano.

Economicamente, de 1996 a 2005, os agricultores que cultivaram variedades transgênicas obtiveram um aumento cumulativo na renda no total de US$ 27 bilhões. Só em 2005, esses valores chegaram a US$ 5 bilhões, o que demonstra uma tendência de alta. A maior parte desses rendimentos tem sido acumulada por agricultores de países em desenvolvimento que cultivaram algodão resistente à praga e soja tolerante a herbicida. No Brasil, em função da adoção da soja tolerante a herbicidas, esta economia chega a quase US$ 1,4 bilhão. Graham Brookes e Peter Barfoot são economistas da PG Economics Limited, empresa inglesa especializada em aconselhamento e consultoria em agricultura e atividades baseadas em recursos naturais. A versão deste estudo foi publicada no periódico sobre gerenciamento de agrobiotecnologia e economia AgBioForum (Journal of Agrobiotechnology Management and Economics). Mais informações no website www.agbioforum.org.


Boletim Informativo nº 943, semana 29 de janeiro a 4 de fevereiro de 2007
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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