Insumos: Perda de renda e renegociação
de dívidas atrasam comercialização

O setor agropecuário caminhou em ritmo lento em 2006, da comercialização do produto à aquisição de insumos para o plantio da safra agrícola seguinte. Preços baixos, perspectivas desestimulantes e a espera por preços melhores na entressafra atrasaram a comercialização de grãos, que fluiu somente com o início dos leilões de opção lançados pelo Governo Federal, no mês de junho.

Nesta safra, foram utilizados instrumentos novos, como o PROP, o PESOJA e o PEPRO, por meio dos quais se aplicou cerca de R$ 600 milhões na subvenção para a soja. Estes instrumentos já eram utilizados para outras culturas.

Houve atraso na aplicação de recursos do crédito rural em relação aos anos anteriores, justificada pelo grande volume de contratos renegociados. Na safra passada, dos R$ 44,3 bilhões programados para o financiamento do plantio, foram aplicados R$ 9,9 bilhões até setembro, o que representa 23% do programado. Em 2006, da programação de R$ 50 bilhões, aplicou-se no mesmo período 18%, representando queda de 8% em relação ao ano anterior.

As dificuldades de financiamento e um mercado ainda nebuloso até o mês de outubro represaram a comercialização de insumos, que vinha ocorrendo em ritmo lento. Para atender à pressão da demanda no final do ano, foi preciso acelerar as vendas.

Com Chicago e Nova York operando acima da média história em pleno pique de safra no hemisfério norte, os produtores que puderam fizeram suas apostas em um 2007 melhor. No entanto, o impulso dado pela onda de otimismo no último trimestre de 2006 garantiu certo fôlego ao setor, mas não foi suficiente para recuperar o período de estagnação.

Esse movimento garantiu ao segmento de fertilizantes o recorde de comercialização e entrega no mês de outubro. Operando a plena capacidade, o setor entregou ao consumidor final 3,4 milhões de toneladas de fertilizantes. Nas regiões onde os efeitos da crise de renda foram mais graves, como o Centro-Oeste, o aquecimento nos últimos três meses do ano garantiu o retorno das vendas aos níveis históricos para o período. Assim, o volume total de 2006 atingiu os mesmos patamares do ano passado, de 16,3 milhões de toneladas. A análise dos dados mensais e anual mostra que a demanda foi impulsionada pelas culturas de cana-de-açúcar, café e citros.

A produção de calcário apresentou cenário diferente, em 2006, registrando queda de 14% quando comparado ao ano de 2005. No ano passado, atingiu 17,0 milhões de toneladas, enquanto, para 2006, a produção é avaliada em 14,6 milhões de toneladas.

O mercado de defensivos foi o que mais sentiu a retração da agricultura brasileira. Além de absorver o maior percentual da dívida privada do setor, estimada em R$ 3,50 bilhões, deve encerrar o ano com a redução das vendas do setor. Em 2005, o faturamento do setor chegou a R$ 10 milhões, com destaque para os segmentos herbicidas (R$ 4,1 bilhão), fungicidas (R$ 2,5 bilhões) e inseticidas (R$ 2,7 bilhões). Para 2006, o mercado de defensivos apresenta queda de 16,7% em relação a 2005, atingindo o valor de R$ 8,3 bilhões.

As vendas no mercado de máquinas agrícolas seguiram ritmo semelhante a 2005. De janeiro a outubro, foram vendidas 19.735 máquinas, entre tratores de rodas e esteira, cultivadores motorizados e colheitadeiras, enquanto em 2005 foram vendidas 19.183 unidades. Quando comparados os dois anos, verifica-se aumento de 2,88% em 2006, porém o desempenho está aquém dos resultados obtidos em anos anteriores. Ao se comparar dados de 2006 com os de 2004, quando foram vendidas 32.602 unidades, de janeiro a outubro, observa-se queda de 65,20% nas vendas.

Boletim Informativo nº 940 , semana de 18 a 24 de dezembro de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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