Agropecuária tem queda de
no encerramento do Empreendedor

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Ernesto de Salvo, apresentou no dia 12 o balanço da agropecuária em 2006 e as perspectivas do setor para o próximo ano. São avaliadas neste balanço as facetas da crise que se intensificou no setor em 2006. A expectativa da entidade é que o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária feche 2006 com redução de 3,08%, saindo de R$ 153,04 bilhões para R$ 148,32 bilhões.

Segundo o superintendente-técnico da CNA, Ricardo Cotta, a crise deste ano só não foi maior para o setor como um todo porque o país possui uma pauta bastante diversificada de produtos. Ele explica que apesar dos problemas de clima, sanidade e câmbio, o país colheu uma safra 5% maior que a anterior, atingindo 120 milhões de toneladas de grãos.

Já na pecuária, a produção cresceu, mesmo que em ritmo menor, com taxas de 2% para os bovinos, 3% para leite e 6% para frango. “Esses resultados, no entanto, não foram suficientes para anular as perdas anuais de faturamento”, completa Cotta. Confira a seguir trecho do balanço (mais informações acesse www.cna.org.br):

2007: sinais de melhora para a agropecuária

O ano de 2006 seguramente não será lembrado com saudades pelos produtores rurais brasileiros. Foi um ano extremamente conturbado, atingido pelo ápice de uma crise de rentabilidade, que afetou o produtor tanto pelos preços como pelos custos, fazendo com que a maior parte dos produtos tenha sido comercializada com prejuízos. Para 2007, os preços internacionais das principais commodities agrícolas já dão sinais de melhora. Persistem, porém, sérios problemas para o ano que vem. Os produtores terão dificuldades para adequar suas receitas aos compromissos financeiros das prorrogações das dívidas de custeio e com fornecedores, adiadas para 2007.

O País colheu uma safra 5% maior que a anterior, apesar dos sérios problemas climáticos enfrentados no período, atingindo 120 milhões de toneladas de grãos. Quanto a pecuária, a despeito dos preços reais reduzidos, a produção continuou crescendo, mesmo que em ritmo menor. As taxas de aumento de 2% para os bovinos, 3% para leite e 6% para frango não foram suficientes para anular as perdas anuais de faturamento. As quedas generalizadas nos preços pagos aos produtores acabaram impedindo o aumento do PIB do setor para 2006, mesmo com uma pequena melhoria no volume da produção primária.

Com relação ao cenário internacional, apesar dos problemas sanitários internos (febre aftosa) e externas (gripe aviária), 2006 registra valores recordes de exportação e saldo comercial. A previsão que o ano termine com U$ 49 bilhões exportados ou aproximadamente 13% a mais do que no ano anterior. A maior parte desta expansão ocorreu devido a um aumento nos preços médios da tonelada exportada, seja pela evolução dos preços das commodities, seja pela agregação de valor.

Para o próximo ano, algumas boas perspectivas já começam a transparecer. Os preços internacionais das principais commodities agrícolas já se estão acima das médias históricas. A safra atual foi plantada com o dólar a um patamar bastante reduzido (US$1=R$2,15), impedindo a repetição de problemas anteriores, quando o produtor plantou com dólar valorizado e vendeu em baixa. Estas duas variáveis afetam positivamente a receita e reduzem os custos de produção.

Porém, sérios problemas ainda persistirão em 2007. O principal deles é de cunho monetário. Os produtores terão dificuldades para cumprir os compromissos financeiros gerados pelas prorrogações das dívidas de custeio e com fornecedores, para pagamento no ano que vem. O acúmulo dos vencimentos de duas safras anteriores, mais a atual, resultará numa incapacidade de caixa, pois deverão ser pagos com a receita de uma única safra. Significa que 2007, isoladamente, deverá ser um ano de razoável rentabilidade, porém insuficiente para quitar todas as parcelas prorrogadas.

Para resolver esta situação, seria preciso transformar estes financiamentos em compromissos de médio ou longo prazo, mas o Governo ainda não atendeu a esta reivindicação do setor. Outra saída preventiva é a implantação de um seguro rural que verdadeiramente assegure renda aos produtores nestas oscilações mercadológicas, mas a proposta apresentada até o momento pelo mercado ainda está longe desta realidade. Além destas, há, ainda, uma lista de reivindicações, denominadas de medidas estruturantes, que continuam sem desfecho.

O primeiro item desta lista diz respeito ao principal fator de elevação de custos da produção nos últimos anos: o frete. Além do impacto da crise internacional do petróleo, o produtor tem seus custos elevados pela deficiência da infra-estrutura logística do País. Sobre este assunto, muito se diz e pouco se faz, talvez por exigir grandes somas de recursos orçamentários. Mas, nem todos os problemas que se enquadram nesta categoria necessitam de recursos.

Para a solução de muitos gargalos que asfixiam a atividade produtiva no País, basta boa vontade política, que continua faltando para a despolitização da CTNbio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) nas avaliações e eventuais aprovações de novas variedades transgênicas. A mesma disposição política que se espera obter para acabar em definitivo com uma das maiores aberrações no segmento de insumos agropecuários, que é a burocracia e conseqüente cartelização do setor de defensivos agrícolas no País, permitindo a tão esperada comercialização dos defensivos genéricos em larga escala.

Assim, continua nas mãos do Governo Federal a possibilidade de amenizar os problemas que geram impactos negativos nos custos no setor agropecuário, não somente para a próxima safra, uma vez que muito pouco se pode fazer quanto ao quesito preço.

Renda: Balanço 2006

Passivo continua sendo um problema

O PIB do setor agropecuário brasileiro atingiu R$ 148,31 bilhões em 2006. Comparado a 2005, quando o PIB agropecuário chegou a R$ 153,04 bilhões, houve queda de R$ 4,72 bilhões. A crise de renda que atingiu a agropecuária gerou reflexo em toda a economia brasileira. No agronegócio, representou perda de R$ 2,86 bilhões e a estagnação de um segmento econômico que vinha impulsionando o País.

O resultado deste quadro refletiu-se nas estimativas de desempenho da economia. Com crescimento estimado em 2,86% para 2006, abaixo da economia mundial e de muitos países que não têm mesmo o potencial agrícola do Brasil, a economia nacional poderia ter crescido a taxa de 3,0% se o agronegócio tivesse pelo menos mantido os mesmos valores de 2005. É o mínimo que se poderia esperar, caso as medidas reivindicadas pelo setor fossem efetivamente atendidas a tempo.

A estagnação do setor não representa somente a redução do ritmo de crescimento da economia, mas também a perda de uma oportunidade de expansão da atividade. O elevado grau de endividamento do setor contribuiu para a redução de 2,0 milhões de hectares de área plantada, em um momento em que o mercado internacional está aquecido e oferece oportunidades de avanços, a exemplo do que ocorreu em safras como a 2003/2004. Neste período, o PIB do agronegócio atingiu R$ 563,8 bilhões e o Brasil cresceu a 4,9%, o melhor desempenho desde a implantação do Plano Real.

Boletim Informativo nº 940 , semana de 18 a 24 de dezembro de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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