Projetos associativos são
apresentados durante o evento

O coordenador operacional do Empreendedor Rural, técnico do SENAR-PR, Élcio Chagas da Silva, destacou os projetos desenvolvidos pelos produtores que participaram do Programa. “São idéias que nascem da experiência dos próprios produtores rurais. O Programa serve como uma ferramenta para ampliar essa visão”, avalia. O técnico cita experiências que estão materializando os conceitos de liderança rural repassados na Fase três do Programa, como centrais de comercialização de feijão, produção associativa de pintos e frangos com chocadeiras, salas de ordenha comunitárias, o cultivo em grupo de maracujá, dentre outros.

“São produtores que acabam se unindo no Programa, na busca de alternativas para resolver problemas. A comercialização conjunta de feijão, por exemplo, resolve problemas como a produção em escala, facilmente obtida pelos grandes produtores e nem sempre para os pequenos”, observa o técnico do SENAR-PR.

O responsável técnico pela área de Agronegócio do SEBRAE no Paraná, Onildo Benvenho, diz que o Programa conscientiza os participantes sobre a importância do agronegócio para o Estado. “O agronegócio, ou seja, a produção agrícola, agroindustrial e serviços, representa 28% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. É um terço do PIB da nossa economia. O Paraná é um estado agrícola e o agronegócio tem relevância. Se o agronegócio não vai bem, outros setores sentem o reflexo. Nos municípios pequenos, isso interfere no comércio de veículos, nas lojas de roupas, nas farmácias, nas sapatarias”, afirma.

Durante o evento, foram apresentados, simultaneamente, 29 projetos associativos das turmas deste ano e que estão sendo colocados em prática em diversas regiões do Estado. Seis agricultores de Arapongas, Rolândia e Apucarana desenvolveram um projeto de plantio de eucalipto para atender a demanda da indústria moveleira de Arapongas e região. De acordo com números levantados pelo grupo, existe um consumo de 41 milhões de metros cúbicos de madeira por ano no Paraná e uma produção de 34 milhões de metros cúbicos. Os produtores entraram em contato com o Sindicato das indústrias Moveleiras de Arapongas e após reuniões, palestras e visitas técnicas que serviram de base para os cálculos necessários antes da tomada de decisão, eles deram início ao plantio. “Cada um tem determinada área disponível em sua propriedade. São 27 pessoas envolvidas na atividade, considerando famílias e funcionários das seis propriedades, que não estão abandonando as outras culturas”, explica Carlos Francisco Simeão: “É uma atividade extra para melhorar a renda”.

A empreendedora rural do município de Marquinho, Rosângela Staine, decidiu trabalhar em um projeto para capacitação de políticos da cidade. Rosângela conta que diante de um perfil de vereadores com baixa escolaridade, percebeu a necessidade de levar a eles um programa de qualificação que possa ajudar na administração dos recursos do município que tem pouco mais de cinco mil habitantes. “O objetivo geral é formar líderes e suprir a carência de informação com cursos de oratória, administração rural, comportamento interpessoal e outros oferecidos pelo SENAR-PR e SEBRAE”, explica. A empreendedora diz que a proposta foi bem aceita pelo legislativo local e que os nove vereadores reconhecem as dificuldades que enfrentam. “Eles estarão mais voltados para as necessidades da população e, com melhor preparo, os projetos terão maior chance de ser aprovados pelo governo”, afirma Rosângela, que defende maior captação de recursos para o município, para serem usados principalmente na educação: “A maioria dos jovens tem de sair da cidade em busca de melhores oportunidades”.

Os empreendedores de Santa Isabel do Ivaí, Santa Mônica e Planaltina do Paraná se dedicaram a um projeto que pretende melhorar a qualidade do leite oferecido por pequenos produtores de leite, para que estes consigam comercializar seu produto a preços melhores junto à Associação dos Produtores dos Produtores Rurais de Planaltina do Paraná. O projeto prevê uma série de ações, entre as quais cursos de qualificação profissional, melhorias genéticas do rebanho e de pastagem, além da construção de uma sala de ordenha em uma propriedade que vai beneficiar quatro produtores que não fazem parte da turma do PER. “Hoje eles não têm qualidade na produção e as mudanças precisam ser feitas para que eles consigam se manter na atividade”, explica Elino Volpato Junior, autor do projeto.

Paulo Sérgio Crespão, empreendedor rural de Toledo, apresentou um projeto para aquisição de uma máquina para produção de maravalha que será usada para fazer a cama do aviário. Por enquanto, Paulo conta com a parceria de mais um produtor, mas diz que o projeto tem potencial para agregar outros parceiros: “A maravalha ficou na mão de atravessadores e hoje representa 17% do custo de um lote de frango. Com o projeto, esse percentual cai em 30%. Essa diferença paga o investimento na máquina”, explica o autor.

Uma das apresentações mais concorridas foi a do empreendedor Rüdiger Boye com um projeto sobre produção de biodiesel com pinhão manso. A iniciativa envolve 20 produtores. “A grande vantagem é que o pinhão manso é uma planta que se adapta às nossas condições, não polui e vai ser um projeto social que trará mais mão-de-obra para região”, comenta Rüdiger. Sobre os cursos de implantação do projeto, o empreendedor explica que a implantação do pinhão manso é como a implantação de qualquer cultura perene: “Custa inicialmente, mas vai se tornar muito barata e econômica, porque uma vez estabelecida vai produzir por muitos anos, até 40 ou 50 anos”. Boye destaca também vantagem da produção em regime familiar com a obtenção do selo social e redução na tributação.

Boletim Informativo nº 939 , semana de 11 a 17 de dezembro de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná
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