Valor Bruto da Produção
do Paraná volta a cair

O Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola do Paraná apresentou nova queda em 2005. É o segundo ano consecutivo que o índice cai. Em 2002/03 o VBP do Estado foi de R$ 32,9 bilhões. Na safra de 2003/04 o faturamento da produção agrícola foi de R$ 31,18 bilhões. No ano passado, safra 2005/2005, houve queda de 16,56%, passando para R$ 26 bilhões. As informações são do jornal Valor Econômico em reportagem de Marli Lima. No Brasil, de acordo com dados do IBGE, o VBP foi 14,2% menor que o de 2004, o que significa uma arrecadação de R$ 13,6 bilhões a menos.Y

O cálculo do VBP considera a produção e o preço médio pago ao produtor. A maior redução, de 33,4%, foi do grupo das principais culturas, que teve renda de R$ 10,4 bilhões, ante R$ 15,6 bilhões no ano anterior e R$ 18 bilhões na safra 2002/03. Até mesmo o grupo pecuária, no topo do ranking, teve queda de 3,4%, com receita de R$ 10,6 bilhões (no exercício anterior foi de R$ 10,9 bilhões). O terceiro colocado, produtos florestais, subiu 11% e teve receita de R$ 3,2 bilhões, ante R$ 29 bilhões de 2004.

Entre os produtos que ganhara espaço também estão as hortaliças e especiarias, que tinham uma fatia de 3,32% e passou para 4,42%, com aumento de 18,25% nas receitas. No caso das frutas, o incremento observado foi de 2,07%, e a participação do grupo passou de 1,96% para 2,25%. Embora represente apenas 0,23% do VBP, o segmento de flores foi o que apresentou a maior variação de faturamento observada: 83%.

Segundo o levantamento feito pelo Departamento de Economia Rural -Deral, a soja respondia por 24% do VBP da safra 2003/04 e sua participação caiu para 16,8%, por conta da quebra da produção. O frango para abate passou de 9,9% para 11,8%. Madeira também teve bom desempenho no bolo e saltou de 8,3% para 11%, ultrapassando o milho, que caiu de 9,9% para 8%.

Para a safra de verão 2006/07, o Deral estima uma produção de 20,89 milhões de toneladas de grãos, alta de 18,5% sobre a safra passada. A expectativa leva em conta condições normais de chuvas. A produção de cana-de-açúcar, que vem ganhando espaço, deve ser de 42,88 milhões de toneladas, aumento de 22,3%.

Considerando-se os números nacionais, o Paraná responde por fatia de 29,4% das perdas. De acordo com reportagem de José Rocher, do jornal Gazeta do Povo, com a redução de renda, o Estado perde o segundo lugar no ranking do valor da produção para Mato Grosso. São Paulo lidera, sendo responsável por 17,6% dos R$ 95,46 bilhões arrecadados, bem à frente dos 13,9% de Mato Grosso, dos 12,1% do Paraná e dos 11,5% de Minas Gerais. O fato de o Paraná ter perdido uma posição entre os que mais arrecadam na agricultura atestou as estimativas do setor. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab, a seca reduziu a produção das duas últimas safras em 22 milhões de toneladas e o Paraná respondeu por metade desse prejuízo.

Liderança na produção - Depois de ter perdido por um ano a liderança na produção de grãos no país para o Mato Grosso, o Paraná voltou ao topo do ranking na colheita passada e deve se manter na primeira colocação na próxima. Mas, ao contrário do que pode parecer, os produtores não estão ampliando as áreas destinadas a soja, milho e outros grãos. Pelo contrário. Nesse segmento, a produção só crescerá caso a produtividade aumente.

A tendência está refletida nas últimas estimativas do Departamento de Economia Rural - Deral - ligado à Secretaria da Agricultura - Seab - para a safra estadual de verão 2006/07, que está sendo plantada. Os números revelam que a área de grãos será 1,7% menor, enquanto a produção tende a crescer 18,5%, para 20,9 milhões de toneladas. E o mesmo relatório mostra que um novo mapa produtivo pode estar sendo desenhado no Paraná, já que a quantidade de terras que receberão outras culturas, como cana-de-açúcar, batata e tomate, deverá aumentar 6,3%. Não quer dizer que, de uma hora para a outra, o Paraná vai virar as costas para a soja, que ainda será vista em mais de 60% da área da safra paranaense de verão. Mas três anos seguidos de estiagem e preços internacionais pouco atraentes - as cotações reagiram nos últimos meses - levaram os agricultores a repensar o modo de atuação.

Secretaria da Agricultura prevê
boas perspectivas para safra

O quarto levantamento de estimativa da safra de verão 2006/07 do Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura do Paraná continua apontando para uma safra com boa produtividade. Em condições normais, a safra de grãos deverá chegar a 20,76 milhões de toneladas, 18% a mais do que safra passada, quando foram colhidas 17,59 milhões de toneladas.

Segundo o Deral, ocorreu uma migração de áreas de milho (redução de 12,8%), mandioca (menos 7,9%), fumo (menos 10,0%) e arroz (menos 6,4%) para outras culturas, o que representou 220,3 mil hectares a menos no total. Já o feijão e a soja cresceram 11,8% e 1,1% respectivamente, o que correspondeu a 85,9 mil hectares. Segundo chefe do Deral, Paulo Meira, 128 mil hectares estão sendo direcionados para outras atividades, como a cana-de-açúcar, que deve absorver 77 mil hectares, e pastagem, com 50 mil hectares.

Em todo o Paraná deverão ser plantados 3,93 milhões de hectares de soja com uma redução de 21 mil hectares em relação à estimativa de outubro, mas mesmo assim, com 43 mil hectares mais que na safra passada, indicando um aumento de 1,1% de área cultivada. A produção está estimada em 11,77 milhões de toneladas, 27,3% superior à produção obtida em 2006 prejudicada pela estiagem. Até o início da semana passada o plantio estava realizado em 88% da área prevista.

A pesquisa de intenção de plantio do algodão indica que a área ocupada deve ter redução de apenas 0,8% em relação à safra passada. Serão cultivados 14.050 hectares, com previsão de produção de 31,3 mil toneladas, 30,5% superior que a obtida na última safra. O plantio chegou a 93% da área prevista.

No arroz, a intenção de plantio aponta 57,8 mil hectares e uma produção de 184,7 mil toneladas, volume 6,7% superior à produção obtida em 2006, mas com uma redução de área de 8,4% do sequeiro e 2,1% do irrigado. Já o feijão das águas terá área de 403,3 mil hectares com expansão de 11,8% (42,4 mil hectares a mais) em relação à 2005. O plantio alcançou 96% da área.

O milho deverá ocupar uma área de 1,32 milhão de hectares, ou uma redução de 12,8% em relação à área cultivada em 2005, com 193 mil hectares substituídos por outras culturas.

Agricultura do Paraná encolheu

Na edição do jornal A Gazeta do Povo do dia 29 de novembro, o jornalista Celso Nascimento publicou em sua coluna números que demostram que há quatro anos o Paraná colhia 10 milhões de toneladas a mais do que o anunciado para a safra de grãos deste ano. Leia o texto na íntegra: Otimismo é bom. É ele que move a humanidade. Mas é ruim quando usado para esconder realidades incômodas. Ontem, por exemplo, o governo festejou os resultados da previsão para a safra de grãos deste ano divulgada pela Secretaria da Agricultura: 20,7 milhões de toneladas, 18% maior do que a colheita passada. No entanto, esqueceu de contar que a safra anterior sofreu uma quebra de quase 20% em razão da estiagem que assolou o Paraná.a

Ou seja: ao contrário do que tenta demonstrar a divulgação oficial, não haverá exatamente um crescimento de produção, mas apenas uma volta aos níveis que já eram esperados para a safra anterior. Ainda assim se o clima continuar ajudando até a época da colheita do atual plantio, que se dará a partir de janeiro/fevereiro.

Se o calendário for atrasado para 2003, a situação fica ainda pior: nesse ano, de acordo com a mesma fonte, a secretaria estadual da Agricultura, o Paraná colheu 30,4 milhões de toneladas de grãos. Em 2004, uma nova seca fez a produção cair para 25,9 milhões de toneladas. Em 2005, nova redução, para 22 milhões de toneladas. E outra em 2006, para 17,5 milhões.

Portanto, se se confirmar a previsão divulgada ontem, segundo a qual colheremos 20,7 milhões de toneladas, revela-se o que se tenta esconder: em quatro safras, a agricultura paranaense diminuiu de tamanho em nada menos de 10 milhões de toneladas!

Culpa do governo do estado? Claro que não. Culpa do tempo que não ajudou, dos preços que caíram, do desestímulo do produtor rural. Mas sem dúvida faria bem ao estado se houvesse maior apoio ao setor.

Boletim Informativo nº 938 , semana de 4 a 10 de dezembro de 2006

FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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