Comissão de Grãos da FAEP
analisa perspectivas para 2007

As conjunturas da soja, trigo, crédito e seguro rural no Paraná foram temas da reunião da Comissão Técnica de Grãos, Financiamento da Produção e Proagro da FAEP, no dia 6 de novembro, em Curitiba. O encontro teve palestras sobre questões relacionadas ao funcionamento da subvenção do seguro agrícola e a liberação de recursos do custeio para a nova safra.

Ivo Arnt Filho, presidente da Comissão, trouxe informações do Seminário Internacional de Trigo, realizado em Natal (RN), de que participou em meados de outubro. Arnt explicou que o baixo estoque mundial deve demorar ainda dois anos para ser recuperado. Ou seja, a próxima safra de trigo no Brasil indica bons preços até maio de 2008. No


Novidade da Aliança do Brasil, para o seguro agrícola: produtores de 94 municípios do Paraná que tinham
produtividade segurada apenas na faixa de 50%
têm agora opção de cobertura de 60%

mercado interno, os moinhos necessitam comprar trigo do produtor nacional, desde que segregado, para fabricarem as mesclas para a produção de massas e farinhas, pois os trigos importados são "muito fortes". A compra interna está com volume aproximado de 3,5 milhões de toneladas ao ano.



Análises indicam necessidade de cautela Se para o trigo
o quadro é promissor até maio de 2008, o cenário do ano
que vem para a soja até se mostra mais favorável mas
não vai resolver a situação do produtor que está com
duas safras "penduradas".


   Para Gilda Bozza, economista do Departamento Técnico e Econômico da FAEP, as cotações da soja pegaram carona na alta de preços internacionais do trigo e milho. Em razão dos estoques apertados de trigo e a forte sinergia que os preços de trigo, soja e milho mantêm entre si, o quadro internacional do trigo influenciou o mercado do milho. E, por conseqüência, o de farelo de soja (complexo rações puxou a alta). Esta sustentação da alta do preço da soja, apesar dos estoques mundiais recordes, tem motivação externa. Para atender a demanda interna tradicional de milho e a adicional para produção de etanol, o produtor estadudinense necessitará, na safra 2007/08, entre 3 a 4 milhões de acres adicionais (1,7 milhões de hectares), que podem avançar na área de soja. Caberá à América do Sul suprir a demanda de soja e ganhar fôlego com o 

aquecimento dos preços médios e inverter a curva descendente de preços.

No entanto, Gilda Bozza alerta que "o cenário para 2007 se mostra mais favorável, mas não vai resolver a situação, uma vez que o produtor de soja está com duas safras penduradas".

Seguro agrícola
cresce no Paraná

O gerente de seguros da Mapfre Seguros, Luiz Pereira, explanou sobre o funcionamento do seguro Colheita Garantida. A Mapfre participa do Programa de Subvenção Econômica do Prêmio do Seguro do Governo Federal. A subvenção é de 50% para as culturas de soja, milho e algodão, limitados a R$ 32.000,00 por CPF/CNPJ, e de 30% para as culturas de amendoim e cana-de-açúcar, também limitados a R$ 32.000,00 por CPF/CNPJ por safra. A seguradora opera em todos os municípios do Paraná e não é ligada diretamente a bancos. O produtor pode fazer o seguro agrícola mesmo que tenha utilizado recursos próprios.

Segundo Inácio Mantovani, representante da Superintendência de Agronegócio do Banco do Brasil (BB), o banco tinha meta de contratar perto de 100% do custeio da safra de verão 2006/07 até o final de outubro, mas como houve um grande volume de prorrogações de dívidas, o banco conseguiu liberar em torno de 50% do volume e contratos previstos para a agricultura empresarial. Em torno de 14.432 contratos e R$ 594 milhões foram liberados até o dia 26 de outubro, tudo com juros anuais de 8,75%. A previsão é que a liberação de recursos deslanche em novembro. Diferentemente dos anos anteriores, quando só atendia os clientes, nesta safra o BB pretende atender também os produtores que não estiverem operando com crédito rural nas suas agências.

As renegociações de custeio e investimento estão praticamente encerradas, com o índice de 99,29% dos contratos prorrogados. Quanto à contratação do custeio de trigo no BB, apenas em 2006 dos 7.223 contratos liberados, em torno de 3 mil produtores tinham acionado o Proagro.

Dados do Banco do Brasil - Paraná

Renegociação de Dívidas do Agronegócio

Custeio e Investimento

Renegociáveis
Qtde

Processadas
Qtde

Processadas
Valor

%
Ating.

59.756

59.334

2.200 Milhões

99,29%

Refinanciamento de CPR

Refinanciáveis
Qtde

Refinanciadas
Qtde

Refinanciadas
Valor

%
Ating.

2.347

1.778

114 Milhões

75,76%

Contratação da Safra 2006/2007

Agricultura empresarial

Quantidade

Valor liberado

14.432

R$ 594 Milhões

Agricultura Familiar e Proger

Quantidade

Valor liberado

84.668

R$ 393 Milhões

Histórico das contratações de trigo no BB

 

03/03

04/04

05/05

06/06

Qtde Contratos

9.667

11.808

12.120

7.223

Valor liberado (Milhões)

222

292

247

180

Carlos Eduardo Rodrigues, da Aliança do Brasil, apresentou o programa de Seguro Agrícola do Ciclo 2006/2007. Entre as novidades, 94 municípios do Paraná que tinham produtividade segurada apenas na faixa de 50% passam a ter agora a opção da cobertura de 60% da produtividade segurada. Além disso, a seguradora reviu a produtividade de 61 municípios que tinham discrepâncias nas médias de produtividade de soja.

Outros diferenciais em relação aos anos anteriores:

- Não há aplicação de franquia;

- O produtor deve obrigatoriamente fazer seguro vinculado à liberação do custeio, mas o valor segurado é de no mínimo o financiado.

- Pode ser feito o seguro de toda a propriedade, desde que o produtor financie toda a área ou parte dela no Banco do Brasil;

- Produtores que já liberaram o custeio entre julho e setembro, podem ainda contratar o seguro.

As principais condições para aceitação do seguro:

- Adesão às recomendações do Zoneamento Agrícola do MAPA, observando época de plantio, cultivares e tipo do solo;

- Obrigatória a utilização de semente certificada ou fiscalizada relacionada na portaria do MAPA;

- Não ser a cultura implantada no 1º ano de abertura, recuperação de cerrados ou pastagens;

- Não ser cultura intercalar ou consorciada;

- Obrigatória a apresentação da cópia da 1ª via das notas fiscais em nome do segurado, em nome da propriedade, e do croqui da área segurada.

Ao final da reunião, a Comissão propôs que o Banco do Brasil adote um crédito rotativo automático para liberação de custeios de até R$ 50 mil. O intuito é reduzir a burocracia, agilizar a liberação dos recursos e baixar os custos de formalização dos contratos.

Para Ivo Arnt Filho, "o trabalho da Comissão ganha cada vez mais importância na medida em que tem representatividade de produtores de todo o estado e acompanha uma grande diversidade de questões relacionadas com o setor." Os integrantes têm a oportunidade de expor as dificuldades de cada região "que servem de subsídio para a FAEP na defesa política dos interesses dos produtores", complementa Pedro Loyola, economista do DTE/FAEP.


Boletim Informativo nº 935, semana de 13 a 19 de novembro de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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