Setor de
carnes sofre efeitos |
A crise prolongada que afeta o setor de carnes no Paraná é resultado de uma conjugação de fatores, incluindo os focos de febre aftosa em outubro de 2005, estiagem iniciada na mesma época e gripe aviária na Ásia e na Europa. Atinge um segmento agroindustrial construído ao longo dos anos, produtor de proteína animal, de produtos de maior valor agregado e com representatividade na produção e exportações brasileiras de carnes de aves e suínas. A representatividade da |
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produção paranaense de carnes está demonstrada no Valor Bruto da Produção da Pecuária de Corte, que representa 35% do total do faturamento agropecuário no Paraná em 2004. PARANÁ-
BOI GORDO (R$/@)
Além desse indicador, o Paraná é o maior produtor de aves, terceiro produtor de suínos e conta com um rebanho bovino para corte da ordem de 7,0 milhões de cabeças. |
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O grupo de carne suína teve queda de 69% (de US$ 60 milhões para US$ 18 milhões), resultado de preços internacionais |
menores, de US$ 2.223/t (1º semestre de 2005) para US$ 1.602/t (1º semestre de 2006) e principalmente, do embargo da Rússia à carne suína brasileira, resultando em menor volume comercializado (-57%). |
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As exportações de carne de aves foram as que menos sofreram com a crise, registrando queda no volume exportado de 354 |
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mil toneladas para 330 mil toneladas. A receita caiu de US$ 384 milhões para US$ 379 milhões, em função dos preços mais baixos. Bovinocultura de corte - No caso da carne bovina, até outubro de 2005 observa-se um quadro de preços internos favoráveis, porém a partir de dezembro, com a confirmação da ocorrência de focos de febre aftosa no Paraná os preços iniciam uma curva de queda, contaminados pela crise da aftosa. Países importadores como Rússia e a União Européia suspenderam as compras da carne brasileira. Conseqüentemente, a estratégia adotada foi colocar o produto no mercado interno, o que implicou em queda mais acentuada dos preços, dada as restrições às exportações de carne para Santa Catarina, estado livre de febre aftosa sem vacinação e, São Paulo. No período de outubro de 2005 a junho de 2006, a queda acumulada dos preços do boi gordo foi de menos 11,11%, caindo de R$ 50,14/@ para R$ 44,57/@, conforme demonstrativo tabela a seguir. O menor preço ocorreu em junho de 2006, quando atingiu R$ 44,57@ (-11,11%). É importante ressaltar que, desde novembro de 2005 os pecuaristas vêm carregando prejuízos mensais em suas vendas para a indústria, em razão da queda de preço e aumento dos custos de produção. Em 2006, além dos efeitos da ocorrência de febre aftosa iniciados em 2005, a cadeia da bovinocultura de corte teve que enfrentar os efeitos da estiagem prolongada que afetou a disponibilidade de pastagens. Os pecuaristas frente ao quadro de estiagem prolongada não tiveram outra alternativa a não ser o descarte de animais, com abate mais acentuado de matrizes, gerando escassez de bezerros, dando início a um novo ciclo pecuário. Esse fato colaborou para que a partir de agosto/2006 as cotações do boi gordo registrem recuperação, com preço médio pago de R$ 50,96/@ e a tendência de elevação das cotações se confirmou em setembro, o preço médio pago foi de R$ 53,50/@, com a ressalva que chegou a alcançar em alguns momentos a cotação de R$ 60,00/@. A elevação recente do preço da carne de frango também deu sustentação ao novo preço de carne bovina. A escassez de animais prontos para abate no Paraná é significativa, obrigando os frigoríficos a buscarem bois terminados além de 400 km, a distância máxima econômica. A crise da bovinocultura de corte está refletida nas cotações dos três últimos anos, de 2004 a 2006, período em que houve acréscimo nos custos de produção. A recuperação iniciada em agosto de 2006 deverá elevar os preços a novos patamares, porém mantendo a relação de troca entre bezerros, bois magros e bois prontos para abate. Suinocultura A suinocultura igualmente sofreu os reflexos da crise sanitária (febre aftosa), com a Rússia, principal comprador da carne suína, embargando as compras e refletindo de imediato nas exportações e nos preços pagos aos produtores. PARANÁ
- SUÍNO VIVO
A queda das exportações (embargo às exportações de carne suína), produção elevada e dificuldade de escoamento do excedente, acarretaram uma situação crítica para o setor nos primeiros meses de 2006. Embora tenha ocorrido uma queda nos preços do milho e farelo de soja, os preços do suíno vivo, tipo carne, ficaram abaixo do custo de produção. A queda acumulada nos preços, desde outubro de 2005 até setembro de 2006, foi de menos 31,43%. No período de outubro/05 a setembro/06, os preços pagos aos produtores de suínos registraram as menores cotações em abril/06 (R$ 1,30/kg), maio/06 (R$ 1,27/kg) e atingindo em julho/06 a cotação mínima registrada de R$ 1,14/kg com redução negativa acumulada de 45,71%. As sinalizações apontam uma recuperação gradativa dos preços, alcançando em agosto/06 a cotação de R$ 1,46/kg. Não obstante o cenário de recuperação, o elo da suinocultura é o mais prejudicado no segmento de carnes. Avicultura O setor avícola apresentou um quadro de resultados ruins, haja vista a ameaça de gripe aviária, resultando na queda das exportações de carne de aves com menores preços internacionais e com a agravante do câmbio, acarretando excesso de produção e queda nos preços pagos ao produtor. A crise na avicultura é diferente da bovinocultura de corte e da suinocultura. Foi mais intensa no 1º semestre de 2006 e já ingressa em nova fase com recuperação gradativa dos preços pagos aos produtores. A estratégia adotada pela cadeia da avicultura, visando atenuar os efeitos da crise, foi colocar os excedentes de produção no varejo em dois meses, reduzindo os custos de armazenagem a frio, onde o preço do frango no varejo saiu de R$ 1,80/kg para R$ 0,99/kg. Resumidamente, a desova de estoque se deu via preço no mercado interno. Outra ação foi a redução dos alojamentos de pintos de corte no transcorrer do 1º semestre, com vistas a ajustar a produção ao consumo. PARANÁ
- FRANGO VIVO - PREÇOS RECEBIDOS PELOS PRODUTORES
No período de outubro/05 a setembro/06, os preços pagos aos produtores registraram as menores cotações nos meses de março (R$ 1,12/kg), abril (R$ 1,09/kg), maio (R$ 1,11/kg) e julho (R$ 1,09/kg). A queda acumulada no período analisado foi de (-13,87%). A crise da avicultura pode ser retratada sucintamente pela evolução dos preços recebidos pelos produtores. Em função do aumento substancial dos alojamentos em 2005, o preço médio nesse ano reduziu-se em 7%, haja vista o aumento da oferta de frangos de corte. Com a redução das exportações em 2006, relativamente a 2005, o preço no mercado interno despencou e, no mercado externo as variações não foram proporcionais ao tamanho da crise anunciada em função da gripe aviária. No segundo semestre de 2006, está em andamento um processo gradativo de recuperação de preços nos mercados interno e externo. Gilda Bozza
Borges |
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Boletim Informativo nº 932,
semana de 16 a 22 de outubro de 2006 |
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