Setor agropecuário perdeu |
|
As estimativas do Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária realizadas em setembro confirmaram a tendência de queda da receita bruta dos produtores para o ano. Previsto inicialmente para R$ 166,3 bilhões, em 2006, o VBP da agropecuária registrou queda de 4,3% em relação ao ano passado, quando atingiu R$ 173,7 bilhões. A redução dos preços praticados no mercado interno, reflexo do aumento da oferta de algumas commodities e a valorização cambial explicam esta redução na receita bruta dos produtores. Além do mais, ocorreu apesar da safra brasileira de grãos |
ter obtido o segundo maior resultado da sua história - 119,9 milhões de toneladas -, com crescimento de 5,3% em relação à safra anterior. A maior queda ocorreu na atividade pecuária. Em 2005, teve um faturamento de R$ 72 bilhões, caindo para R$ 67,1 bilhões, em 2006, com queda de 6,8%. O segmento agrícola apresentou queda menor, com faturamento estimado para 2006 em R$ 99,2 bilhões, contra os R$ 101,7 bilhões registrados em 2005, o que representa redução de 2,5%. As maiores quedas de renda, no segmento pecuário, ocorreram na suinocultura (-13,9%), leite (-8,1%) e carne bovina (-7,4%). Apesar da recuperação de preços iniciada no segundo semestre, a carne bovina apresenta maior perda de receita, cerca de R$ R$ 2,3 bilhões. Em 2005, o faturamento da carne bovina foi de R$ 31,4 bilhões, caindo para R$ 29,1 bilhões, em 2006. Mas, a carne bovina continua sendo o segmento mais representativo em termos de faturamento na formação do VBP. Na agricultura, lideram a perda de receita a mamona (-28%), uva (-24%) e cacau (-23%). Porém, em termos de valores, a soja continua apresentando a maior perda dentro do segmento, estimada em R$ 4,1 bilhões. O faturamento bruto da commodity, em 2005, chegou a R$ 26,3 bilhões e, neste ano, deverá atingir R$ 22,2 bilhões. Os preços da soja registram queda de 19% em relação ao ano passado. As perspectivas do mercado internacional tornam pouco provável uma recuperação de curto prazo. Apontam para um potencial de safra mundial recorde, estimada em 221,89 milhões de toneladas, e uma relação estoque-consumo na casa dos 23,84%. Tal quadro traz maior incerteza quanto ao tamanho da safra brasileira da oleaginosa. Os sojicultores enfrentarão dificuldades para o plantio face à escassez de recursos e endividamento de longo prazo, resultando em diminuição do nível tecnológico. Por enquanto, a única certeza é o reflexo negativo da descapitalização do setor na definição da área plantada no período 2006/2007, que certamente será menor nas regiões de fronteira agrícola, onde os custos de produção são maiores. O VBP do milho também apresentou redução, apesar do aumento da produção da commodity. Em 2006 o faturamento bruto da cultura deverá atingir R$ 10,6 bilhões, enquanto em 2005 foi avaliado em R$ 10,2 bilhões. O bom desempenho da safrinha, estimada em 9,8 milhões de toneladas, cerca de 28% superior à produção do ano passado, contribuiu positivamente no cômputo total da safra, avaliada em 41,6 milhões toneladas. No entanto, os preços apresentaram queda de 13% em relação ao ano passado, quando já foram baixos, refletindo negativamente no faturamento. Diante do volume produzido, a intervenção do Governo Federal, por meio da realização de leilões para aquisição do produto, tem contribuído para que os preços se mantenham nesses patamares. A laranja e a cana-de-açúcar são as culturas de apresentam melhores desempenho de faturamento dentro do segmento agricultura, estimados respectivamente em R$ 4,0 bilhões e R$ 16,3 bilhões. Para a laranja, há o incremento no faturamento estimado em R$ 1,1 bilhão em relação a 2005, quando atingiu R$ 2,9 bilhões, o que representa um aumento de 40%. Apesar da pressão sobre os preços no segundo semestre, a cana-de-açúcar mostra um aumento de 13% da receita bruta em relação a 2005, quanto chegou a R$ 13,4 bilhões. Para o segundo semestre, a expectativa do mercado agropecuário indica a possibilidade de reação de preços para algumas culturas, embora insuficiente para garantir uma recuperação de renda para o produtor. Com o início do plantio em diversas regiões produtoras em setembro e o fraco desempenho do mercado de insumos neste ano, há claro indicativo de redução de área plantada das principais culturas. |
|
|
Boletim Informativo nº 929,
semana de 25 de setembro a 01 de outubro de 2006 |
VOLTAR |