Cai peso do agronegócio na 
balança comercial brasileira

O ritmo de crescimento das exportações do agronegócio, de janeiro a agosto foi inferior ao crescimento das exportações totais da economia brasileira, que chegou no período a 15,9%. Os dados são do levantamento conjunto da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo-(CEPEA/ USP).

O descompasso entre as diferentes taxas é que fez com que diminuísse o peso do agronegócio nas exportações, que caiu de 37,7% de janeiro a agosto de 2005, para 36% no mesmo período em 2006.

Nos oito primeiros meses deste ano a balança comercial do agronegócio registrou saldo de US$ 27,59 bilhões; quando no mesmo período de 2005 tinha alcançado US$ 25,30 bilhões. O saldo representa 93% do saldo total da balança comercial brasileira no período. As receitas de exportação do agronegócio cresceram 10,9% nos sete meses do ano, alcançando a cifra de US$ 31,77 bilhões.

O forte crescimento das exportações do setor do açúcar e álcool tem compensado a estagnação das exportações do complexo soja e de carnes, permitindo manter praticamente o mesmo ritmo das exportações do ano anterior, apesar da apreciação cambial. No mesmo período do ano anterior, as exportações tinham crescido 10,1% e o saldo 10,9% em relação a igual período de 2004. Quanto às importações de produtos agropecuários, o valor importado apresentou expressivo crescimento de 23,3%, alcançando US$ 3,56 bilhões de janeiro a julho de 2006, contra US$ 2,89 bilhões no mesmo período do ano anterior.

O complexo soja continua liderando as exportações do agronegócio. Apresentaram crescimento de 3,4%, com as exportações evoluindo de US$ 6,56 bilhões, no mesmo período de 2005, para US$ 6,78 bilhões nesse ano. Esse aumento foi ocasionado pelo incremento de 5,7% na quantidade exportada, uma vez que os preços continuam ligeiramente inferiores ao do mesmo período do ano passado. Vale destacar que se mantém a tendência, já registrada nos últimos anos, de aumento das exportações de grãos e redução das exportações de farelo e óleo, devido basicamente às distorções tributárias existentes no complexo. Projeta-se para 2006 a exportação total de US$ 9,2 bilhões em todo o complexo soja, ligeiramente inferior ao valor exportado no ano passado, de US$ 9,47 bilhões. A crescente participação da soja em grão nas exportações deve ser o principal fator responsável por essa redução.

As exportações do complexo carnes no período, englobando carne bovina, aves e suína, apresentam certa estabilidade em relação ao ano anterior, embora o comportamento seja diferenciado por segmento. No caso da carne bovina, as exportações aumentaram 15,9%, devido principalmente a uma elevação de 14,0% nos preços externos. O fim do embargo russo às exportações de carnes no Mato Grosso vem incrementando as vendas externas do setor.

A redução de 8,1% do volume exportado de carne de frango provocou queda de 7,8% das exportações do produto no período. A retração do consumo na Europa, nosso maior mercado consumidor, devido à gripe aviária, vem afetando o desempenho das exportações do setor. O destaque negativo no complexo carnes, no período, tem sido a carne suína, cujas exportações caíram 21,3%. A causa foi a redução dos embarques para a Rússia, decorrente do embargo imposto por aquele país, o principal mercado consumidor do produto brasileiro.

O setor sucroalcooleiro continua sendo o grande destaque positivo, com as exportações crescendo 47,5%, no período, para US$ 4,42 bilhões. Este aumento se deve à acentuada elevação dos preços do açúcar e álcool no mercado internacional, em média, de 63,2%. O setor sucroalcooleiro caminha para ocupar o segundo lugar no ranking das exportações do agronegócio brasileiro, superado apenas pela soja.

Outros produtos com crescimento expressivo das exportações, de janeiro a agosto deste ano, são: produtos florestais, (9,6%), com destaque para papel e celulose (21,1%), fumo e tabaco (11,2%), e suco de frutas (suco de laranja), com elevação de 24,1%, devido principalmente ao aumento das cotações internacionais do suco de laranja, ocasionado por problemas climáticos ocorridos na Flórida, Estados Unidos. As exportações de café dão sinais de estabilidade, após expressivo crescimento de 42,16%, no último ano. As exportações praticamente se mantiveram nos níveis do ano anterior.

Quanto às importações, o aumento foi de 24,8% em relação ao período de janeiro a agosto do ano passado, alcançando US$ 4,18 bilhões. A razão principal para esse incremento foi o barateamento do custo dos produtos importados devido ao câmbio favorável e à elevação de 44,8% das importações de trigo. A safra nacional reduziu em quase 20% e aumentaram as importações para complementar o abastecimento interno.

Projeta-se para o agronegócio, em 2006, exportações totais de US$ 45,0 bilhões e importações de US$ 6,0 bilhões. O saldo das transações externas do setor ficará em US$ 39 bilhões, ligeiramente superior ao saldo do ano anterior, de US$ 38,4 bilhões.


Boletim Informativo nº 929, semana de 25 de setembro a 01 de outubro de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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