Banco do Brasil anuncia vinculação
de crédito agrícola a seguro rural

A partir desta semana produtores do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, responsáveis por metade da produção brasileira de grãos, fibras e cereais, farão parte do projeto-piloto do Banco do Brasil que vincula a concessão de financiamentos ao uso do seguro rural. De acordo com matéria publicada na edição de 14 de setembro do jornal Valor Econômico, a decisão faz parte da estratégia de estimular a proteção contra flutuações de preços para reduzir riscos na carteira de crédito rural.

A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) é contra a vinculação obrigatória. "Vamos incentivar os produtores, mas somos favoráveis à liberdade de escolha. Somos contra atrelar uma coisa à outra", afirmou o superintendente técnico Ricardo Cotta para a reportagem do Valor. Acompanhe trechos da matéria:

O sistema do BB não autorizará operações sem o amparo da garantia adicional do seguro. "Vamos estrear uma nova fase do crédito agrícola", disse ao Valor o diretor de Agronegócios do BB, Derci Alcântara. A medida, segundo ele, foi decidida recentemente numa reunião do Ministério da Agricultura com representantes dos bancos, federações estaduais da Agricultura, seguradoras e do IRB Brasil Resseguros.

A adesão ao seguro rural será incentivada pelo governo federal por meio de subsídios ao prêmio das apólices. O percentual de subvenção varia de 30% a 60% do prêmio, de acordo com a cultura e a região de produção. O orçamento total para este ano totaliza R$ 61 milhões. Estão cobertas todas as culturas anuais e perenes, além da pecuária, florestas e aqüicultura.

O Banco do Brasil quer evitar futuros calotes em razão de perdas de safra provocadas por problemas climáticos, como ocorreu nas duas últimas safras. O BB viu aumentar a inadimplência a níveis alarmantes. Em Mato Grosso, por exemplo, a índice bateu 23% na safra 2005/2006. Em condições de normalidade, a inadimplência soma 1,5% a 2% da carteira de crédito rural. Além disso, o BB teve que renegociar contratos de custeio e investimentos. O movimento atrasou as liberações de crédito. De julho até a semana passada, o BB liberou R$ 5 bilhões em crédito rural. Até o fim deste mês, a meta é chegar a R$ 7,3 bilhões.

O diferencial estará coberto pelo seguro. E os produtores que tiveram financiamentos liberados anteriormente serão chamados a aderir à proteção contra problemas climáticos. "Vamos convencê-los da necessidade de usar essa proteção. Nossa meta é chegar a 100% da carteira", disse Derci Alcântara. A medida complementa a atuação do banco no hedge com fixação de preços em mercados futuros via bolsas de mercadorias e contratos de opção de venda. 


Boletim Informativo nº 928, semana de 18 a 24 de setembro de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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