Governo
cria linha de crédito |
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O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou dia 29 de agosto uma linha de crédito de comercialização para financiar operações de proteção de preços (hedge) de produtos agropecuários em bolsas de mercadorias. A medida irá estimular o desenvolvimento de mecanismos de mercado futuro, reduzindo o risco de renda a que se expõe o produtor rural. Destinada a produtores rurais e cooperativas, terá taxa de juros de 8,75% ao ano e financiará as chamadas margens de garantia, as margens adicionais, e os ajustes diários em operações nos mercados futuros nas bolsas de mercadorias. Financiará, ainda, os prêmios em |
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contratos de opção de venda e as taxas cobradas pelas bolsas. O limite de crédito é de até 100% do valor da operação, respeitados os seguintes tetos: R$ 100 mil por produtor e R$ 40 mil para cooperativas, multiplicado pelo número de cooperados ativos. Nos dois casos, os limites independem dos demais tetos estabelecidos para o financiamento à comercialização. Pelos cálculos do governo, com os recursos, limitados a R$ 100 mil por beneficiário, o produtor poderá proteger uma safra de R$ 1 milhão. O valor considera o preço da soja, que é o principal grão cultivado no País. |
No Banco do Brasil, a medida deve baratear a proteção de renda e ampliar a "blindagem" da carteira de crédito rural contra eventuais inadimplências. Hoje, o hedge está restrito a alguns grandes produtores, cooperativas, agroindústrias, frigoríficos e confinadores de gado bovino. O BB |
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estima elevar de 12 mil para 25 mil as operações de futuros neste ano, com um volume superior a R$ 700 milhões. Vantagens - Os agentes financeiros poderão conceder adicional sobre o limite de crédito do custeio para os produtores que utilizarem mecanismos de proteção de preços nas bolsas de mercadorias e futuros (15%), seguro rural (15%), já praticarem ou apresentarem plano de recuperação de matas ciliares e reserva legal (15%) ou ainda adotarem sistemas de rastreabilidade na produção pecuária (15%). Os limites adicionais são cumulativos, porém limitados a 30%. Um produtor de soja que utilizar mecanismo de proteção de preços e contratar o seguro rural pode chegar a tomar emprestado R$ 390 mil com juros anuais de 8,75%, enquanto que normalmente o limite máximo por produtor com esse juros é de R$ 300 mil. Um
exercício sobre o mercado |
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na bolsa de Chicago e cada contrato de soja eqüivale a 2.268 sacas de 60 kg do produto. As opções intermediadas pelo banco podem ser exercidas a qualquer momento, entre a data de lançamento (aquisição) e de vencimento. O banco oferece diariamente diversas faixas de garantias para que o produtor possa proteger o preço no finandeiro. O banco não compra o produto físico do produtor. No dia 30 de agosto último, em contato com a Superintendência de Agronegócio do Banco do Brasil, o Departamento Técnico Econômico – DTE obteve alguns dados com o intuito de simular um exemplo do funcionamento prático deste instrumento de proteção de preços. Para este dia, o BB estava apresentando duas alternativas interessantes de proteção de preços da soja via contratos de opção com vencimento em maio de 2007. Quanto maior o valor garantido, maior o custo do prêmio. As faixas de preços garantidos e os respectivos prêmios eram de:
Estes valores são definidos diariamente, e quem fez contrato de opção, por exemplo, no começo de agosto, teve a oportunidade de contratar a opção de garantir preço na faixa de US$13,60/saca com vencimento em maio de 2007, pois como o mercado ainda não sabia a exata dimensão de como seria a safra de soja americana, estava pagando um valor maior no mercado futuro do que o atual. Em meados de agosto, com a divulgação de que a safra americana não teria problemas de quebra e seria boa, o valor da soja no mercado futuro sofreu uma queda. Ressalto novamente que a simulação foi realizada com dados que sofrem alteração diariamente no banco. Os produtores que quiserem ter maiores informações sobre o produto, podem procurar os gerentes e os ATR’s das agências do BB. Simulação: Prática das opções no mercado futuro agropecuário Abaixo uma simulação sem considerar os efeitos de uma variação cambial: -
Proteção de preço: garantir US$12,78/saca de 60kg de soja Custo da operação: - o produtor paga um sinal (prêmio) de R$ 4.047,00 (equivalente a US$ 1.896,00) para cada contrato (2.268 sacas). Neste caso, o custo apenas do prêmio é de 6,45% por contrato. Portanto, o custo do prêmio do seguro de preço por saca seria de R$1,75 (equivalente a US$0,824/saca). Além deste custo do prêmio, o produtor tem que arcar com a corretagem de R$17,00 por contrato (US$8,00 fixos por contrato) e mais um pequeno valor de tarifas de ordem de pagamento - ORPAG e de câmbio que varia conforme o volume negociado. Este prêmio (R$4.047,00) pode ser financiado com juros anuais de 8,75%. O produtor pagaria pelos 8 meses (setembro a abril: 5,83%) o equivalente a R$235,00 por contrato. Imaginando um produtor de soja com área aproximada de plantio de 500 hectares que teve produtividade de 2.722 kg/hectare, tem-se a seguinte situação: Diante das informações de custo unitário, simulamos para este produtor o custo total de uma operação de 22.680 sacas de soja, equivalente a 10 contratos.: 1. Prêmio
total: R$ 40.470,00 Custo de proteção do preço a US$ 12,78 com vencimento em maio/2007 para 22.680 sacas de soja: Somatório dos itens 1 a 4 = R$ 40.470,00 + R$ 170,00 + R$ 2.350,00 + R$ 398,00 = TOTAL = R$ 43.388,00 (custo total do seguro de preço, incluindo taxas operacionais e financiamento do prêmio e corretagem). Se o câmbio se mantivesse a R$2,135/US$ em maio de 2007, a receita de 22.680 sacas de soja montaria a R$ 618.830,00. O custo total de proteção de preço de R$ 43.388,00 equivaleria a 7,0% do montante segurado e o custo total do contrato de opção por saca seria de US$ 0,896. Resultados líquidos das operações: 1. Se, no momento do exercício do direito (entre a data de contratação e a data de vencimento da opção), o preço da soja chegar ao equivalente em dólares abaixo de US$12,78, por exemplo US$11,00, o produtor exerce o direito de opção a US$12,78/saca. O produtor vende o produto no mercado por US$11,00 e recebe no banco pelo contrato de opção US$1,78 por saca. Subtraindo o custo total do prêmio, terá um resultado líquido de venda de US$11,89: Receita da
venda da saca de soja: US$ 11,00 2. Se, no momento do exercício do direito, o preço da soja no mercado físico estiver superior a US$12,78, por exemplo, US$ 13,60 em maio de 2007, o produtor não exerce a opção e o prêmio pago pode ser visto como o custo para ter o preço assegurado. Receita da
venda da saca de soja: US$ 13,60 Importante salientar que nos contratos de opções, os produtores protegem-se contra a queda de preço, conservando a possibilidade de participar da valorização dos preços, pois ao pagarem o prêmio, adquirem o direito de exercer ou não a opção. Portanto, as opções limitam os eventuais prejuízos, mas não os ganhos. No prazo do vencimento do contrato de opção o produtor não é obrigado a vender a sua mercadoria, mas deve exercer ou não a opção do contrato de opções. Vale frisar que o banco não compra a produção do produtor, apenas efetua as operações de opções. Resumindo: quando o preço cair abaixo do preço contratado, o produtor exerce seu direito de opção e se o preço no mercado for acima do preço garantido, ele não exerce o seu direito de opção e vende no mercado ao melhor preço. Outra vantagem que o produtor deve considerar em seus cálculos é a possibilidade de obter mais 15% de aumento no limite do financiamento do custeio de sua produção com juros controlados. Isso possibilita a troca de juros mais elevados de mercado por juros anuais de 8,75%. Assumindo que o produtor contrata o custeio no limite máximo com juros controlados - R$ 300 mil, poderá acessar um adicional (15%), ou seja, R$ 45 mil com 8,75% anuais. Assumindo que este produtor normalmente tomaria estes R$ 45 mil com taxas livres de mercado a 17% ao ano, num período de empréstimo de nove meses (setembro/06 a junho/07) economizaria R$ 2.780,00 em pagamento de juros. Esta economia no pagamento de juros pode dobrar e chegar a R$5.560,00 se o produtor contratar o seguro rural, pois teria direito a mais 15% de limite adicional com juros controlados. Desta forma, o produtor estaria protegido dos dois principais riscos da atividade: produção e de preço. Os riscos de produção compreendem perdas por estiagem, geadas, doenças e pragas e podem ser minimizados pelo uso adequado de tecnologia, utilização do zoneamento agrícola e pelo seguro rural. Já os riscos de preços decorrem das oscilações nos preços e podem ser mitigados pelo uso do mercado futuro ou de opções. Este seria o quadro ideal para a agropecuária: crédito acessível a taxas compatíveis, proteção de preços e seguro de produção (evoluindo para um seguro de renda) aliados a alta tecnologia e pesquisa e a eficiência de nossos produtores. No próximo Boletim Informativo apresentarei uma simulação de mercado futuro e as diferenças com os contratos de opções. Pedro
Loyola |
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Boletim Informativo nº
927,
semana de 4 a 10 de setembro de 2006 |
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