Por causa da estiagem faltam |
Já falta alimento para o rebanho bovino paranaense por causa da estiagem. A seca, além de dificultar o desenvolvimento das pastagens, tem obrigado à utilização prematura, e em volume muito maior, da silagem que seria destinada como suplemento nos meses subsequentes. A escassez de alimento levou a uma redução drástica nos confinamentos e, conseqüentemente, foi reduzida a oferta de boi gordo para os frigoríficos. |
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"Quem costumava vender de 80 a 100 bois em outros anos nessa época, hoje consegue terminar no máximo 20 animais", afirmou um dos pecuaristas presentes à reunião da Comissão Técnica de Pecuária de Corte da FAEP, dia 14 de agosto, em Curitiba. A engenheira-agrônoma da FAEP, Maria Sílvia Digiovani, relata que "na avaliação da Comissão Técnica, o quadro atual é preocupante". Não bastassem os prejuízos amargados com a crise da aftosa, a falta de chuvas aumenta a pressão sobre os produtores. Mas o setor criadores não arrefeceram os ânimos, haja vista as informações trazidas pelos membros da Comissão de diversas regiões do estado que dão conta de um forte movimento de reposição do rebanho, com grande procura por bezerros (machos e fêmeas) e por novilhas. Os bezerros estão sendo comercializados por R$ 400,00 a R$ 420,00/cabeça. A rastreabilidade, que num primeiro momento animou os pecuaristas pela perspectiva de obter preço diferenciado pelo animal rastreado, caiu em descrédito quando se verificou que o acréscimo pago R$ 1,00 (às vezes não há nenhum acréscimo) não compensava o investimento realizado. A maioria deles abandonou o processo, outros nem pensam em aderir. A rastreabilidade para os próximos anos é uma incógnita em razão da reduzida exportação de carne bovina do Paraná, aliada à Instrução Normativa n.º 17 de 13/07/2006, que prevê a rastreabilidade da propriedade e não mais dos animais". Um olhar sobre as informações apresentadas sobre cada uma das grandes regiões da bovinocultura de corte do estado mostra que a região do Norte Pioneiro teve um decréscimo no rebanho, com queda muito acentuada no número de matrizes, maior que a redução de machos. Porém já se faz sentir uma reação através do aumento da procura por animais de reposição. O mesmo não pode ser dito com relação aos frigoríficos que parecem estar se distanciando; dos três que atuavam na região, apenas o de Santo Antonio da Platina continua em operação, gerando dificuldades de comercialização. Continua a venda de animais e de carnes para São Paulo. Nos últimos quatro ou cinco anos houve grande ganho de qualidade do rebanho paranaense em função da introdução da genética de bois europeus que reduziu a idade dos animais para abate. A região Norte Central concentra dois frigoríficos credenciados para exportação sediados no município de Maringá: o Mercosul com capacidade de abate de 1.000 cabeças/dia e o Garantia que em épocas normais, abate 800 cabeças/dia. Com a ocorrência da aftosa, a redução no abate chega a 50% e a perspectiva, na melhor das hipóteses, é que a situação comece a voltar ao normal somente a partir de fevereiro de 2007. A região Noroeste, maior região produtora, detém o maior rebanho do estado e, a considerar a grande procura por bezerros (comercializados a R$ 420,00/cabeça), continuará ocupando essa posição. O sistema de semi-confinamento vem aumentando na região influenciado pela disponibilidade de resíduos de milho e soja. Recentemente a arroba do boi foi comercializada a R$ 55,00 caindo em seguida para R$53,00. Os frigoríficos reduziram o abate e trabalham com escala curta de abate. Muitos animais estão sendo vendidos para abate em São Paulo. A região dos Campos Gerais assistiu nos últimos anos o rebanho diminuir em função de arrendamento das áreas de pecuária para o plantio soja, porém a qualidade dos animais aumentou e muitos pecuaristas investiram na renovação de pastagens. Houve grande redução na quantidade de pecuaristas que se dedicavam a recria, por isso a reposição tem que ser feita às custas de animais adquiridos em outras regiões do Paraná. |
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Boletim Informativo nº 926, semana de 28
de agosto a 03 de setembro de 2006 |
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