Programas de defesa 
do meio ambiente

* Ágide Meneguette

É uma terrível contradição essa da legislação ambiental criar problemas para a implantação de florestamentos industriais. No passado, graças a incentivos fiscais, o Brasil e o Paraná puderam plantar milhares e milhares de hectares de árvores que permitiram investimentos colossais na indústria madeireira.

Não fossem esses investimentos e o Brasil não seria um grande exportador de papel e celulose nem de madeira industrializada, hoje entre importantes itens de nosso comércio exterior.
Contudo, o que se anuncia é um “apagão” no fornecimento de matéria-prima não apenas para as indústrias já instaladas, como também para permitir novos investimentos no setor.

A legislação ambiental precisa ser revista, não apenas nos itens que constituem em grave injustiça contra os produtores rurais, como a exigência de 20% de reserva legal além da preservação permanente. É como se cortasse em 20% o salário de qualquer trabalhador, o que inclusive é proibido por lei. Mas reduzir em 20% a renda do produtor rural, pode.
A Federação da Agricultura do Paraná não pode ser acusada de ser contra a ecologia. Quando denuncio uma injustiça como essa o faço respaldado em dados técnicos que mostram ser desnecessário esse radicalismo.

E faço também na qualidade de presidente de duas organizações que trabalham pela ecologia: a FAEP e o Senar Paraná. Essas duas instituições, ao longo dos anos, têm desenvolvido, sozinhas ou em parceria, programas de defesa do meio ambiente, através da implantação e manutenção das matas ciliares e do respeito à lei quanto aos demais itens do Código Florestal. 
O programa Agrinho, levado a escolas do ensino básico de todo o Estado, atingindo a mais de um milhão e seiscentas mil crianças e jovens, mostra a importância do meio ambiente e a necessidade de defendê-lo.

Isso não significa que a FAEP deva cruzar os braços em relação o que acha correto. E o plantio de reflorestas está entre aqueles pontos que julgamos de extrema necessidade, não apenas em favor do meio ambiente, mas também em favor do emprego e da renda de milhares de trabalhadores. E neste ponto o Senar Paraná tem dado uma expressiva colaboração.
Entre maio e julho de 1996, em parceria com a indústria Klabin, o Senar Paraná capacitou a primeira turma de instrutores para cursos destinados a trabalhadores na operação de motosserras.

Até agora, foram capacidades mais de três mil trabalhadores em 700 cursos em diversas atividades de corte de madeira, realizados em 59 municípios do Estado. Pela natureza desses cursos, em cada um deles se admite apenas de quatro a seis alunos para que haja um maior rendimento no aprendizado. Além disso, existem cursos para formação de viveiros e de direção segura para transportadores, que também se destinam a trabalhadores em florestamentos.
Vê-se por aí que nós damos grande importância ao setor florestal, considerando que o plantio de floresta está entre aquelas atividades nobres da agricultura que merecem ser incentivadas para que o país aumente a sua produção de madeira e de seus derivados, tanto para atender ao mercado interno como ampliar a nossa participação no mercado internacional. (Leia reportagem na página 23.)


*Ágide Meneguette é presidente da Federação da Agricultura do Paraná - FAEP


Boletim Informativo nº 926, semana de 28 de agosto a 03 de setembro de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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