Os indicadores CNA/Cepea-USP mostram, também, que o impacto
na queda do PIB das chamadas atividades antes da porteira já começam a atingir
os demais segmentos da cadeia produtiva
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A queda projetada de quase 2% no PIB do agronegócio para 2006 causará um impacto negativo de 0,4% no PIB nacional. “A economia brasileira cresceu menos este ano devido à crise do setor rural”, diz o superintendente técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Ricardo Cotta. “Não fossem estes resultados negativos do agronegócio, o Brasil poderia ter um crescimento de 3,8% e não de 3,4%, como estima o Banco Central”, afirmou.
As projeções da CNA/Cepea-USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo) indicam uma redução de 1,91% no PIB do agronegócio brasileiro, caindo de R$ 537,63 bilhões para R$ 527,38 bilhões, o que representa uma retração de R$ 10,25 bilhões na economia. |
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O PIB do agronegócio já representou mais de 30% do PIB nacional em 2003. Em 2006, esta participação deverá atingir 26,4%. As quedas verificadas no PIB da pecuária (1,84%), da agricultura (0,41%) e da agropecuária (0,83%), de janeiro a maio, refletem a redução generalizada nos preços pagos aos produtores rurais, o que desestimula a produção para a próxima safra. “Este desestímulo vai reverter a contribuição que a agricultura está proporcionando ao controle inflacionário”, completa o superintendente técnico da CNA.
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Cita o IPCA dos últimos 12 meses, que registrou alta de 4%, enquanto os preços dos alimentos tiveram queda de 2,77%. “Não fosse a queda nos preços dos alimentos, a inflação estaria próxima a 5%”, diz
Cotta. Os números do VBP (Valor Bruto da Produção) confirmam a queda de 4,3% na estimativa de faturamento dos produtores, apesar do aumento de 5,1% da safra de grãos. Segundo as projeções da CNA, com base em 25 produtos, o VBP da agropecuária deverá cair 4,3% em 2006, atingindo R$ 166 bilhões, contra os R$ 174 bilhões de 2005.
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Os indicadores
CNA/Cepea-USP mostram, também, que o impacto na queda do PIB das chamadas atividades antes da porteira já começam a atingir os demais segmentos da cadeia produtiva. O principal prejudicado é o setor de insumos agrícolas, que registrou queda no PIB de 2,68%, de janeiro a maio. Tais resultados refletem claramente a crise de renda do setor rural.
As perdas sofridas pela agropecuária resultaram numa redução de
3,99% no montante de recursos gerados pela atividade rural, que
equivale a R$ 6,1 bilhões a menos. |
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Caso
estas taxas permaneçam neste patamar até o final do ano, as projeções
da CNA/Cepea-USP estimam que o PIB da agropecuária terá resultado
negativo, caindo de R$ 153,04 bilhões, em 2005, para R$ 146,94 bilhões,
em 2006.
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