Uma das
principais riquezas do País, |
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Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a defesa sanitária brasileira confirmou aquilo que já era apontado em queixas antigas dos produtores e pecuaristas: o País ainda trata com descaso o agronegócio, uma de suas principais riquezas, responsável por 37% do Produto Interno Bruto (PIB), 37% dos empregos e 35% das exportações no primeiro semestre. O relatório do TCU apontou "falhas graves" no sistema de defesa sanitária e enumerou uma lista de deficiências que, além de afetarem a sanidade da produção, podem trazer prejuízos para o comércio externo do País. Uma reportagem extensa sobre |
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o assunto foi publicada no jornal O Estado de São Paulo, em 13/08/2006. "Para nós produtores e para a CNA é muito importante essa posição do TCU por comprovar aquilo que falamos há muito tempo. Infelizmente, a sanidade animal desse país não é encarada com o respeito que deveria ser", disse o coordenador do Fórum Nacional da Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira. |
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Faltam incineradoras de lixo orgânico nos portos e aeroportos. Nos laboratórios, a falta de matérial para |
análise de amostras atrasa a divulgação de resultados. No recente caso da Doença de Newcastle, que afeta as aves, detectada no início de maio passado no Rio Grande do Sul, a confirmação só veio dois meses após a coleta do material na granja afetada. Mas, no que diz respeito ao orçamento – observa a reportagem do "Estadão" – a situação piorou em 2006. No ano passado, o orçamento total da secretaria foi de R$ 169 milhões, sendo R$ 49 milhões para indenizar pecuaristas de Mato Grosso do Sul e do Paraná que tiveram animais abatidos. Neste ano, o total despencou para R$ 89,7 milhões, valor inferior ao orçamento de R$ 142,8 milhões aprovado pelo Congresso, depois que a área econômica impôs um contingenciamento de gastos. O orçamento da Vigilância Agropecuária (Vigiagro) para 2006 foi reduzido de R$ 8 milhões para R$ 3,2 milhões. A Vigiagro é responsável pela fiscalização de produtos de origem animal e vegetal importados e exportados. O ministro relator do processo no TCU, Benjamin Zymler diz no relatório que o baixo investimento na fiscalização contrasta com o grande volume de divisas gerado pelas exportações. O ministro cita os saldos comerciais na balança - de US$ 33,7 bilhões, em 2004, e de U$ 44,7 bilhões, em 2005 - para, em seguida, lamentar a proliferação de pragas no país. " Embora a expansão do comércio internacional de produtos agropecuários entre os países tenha proporcionado a abertura de novos mercados, também propiciou o alastramento de pragas e doenças antes confinadas a suas regiões originais " , afirmou. Conforme o jornal diário o Valor Econômico, a situação tem favorecido a proliferação de pragas. No Porto de Itajaí (SC), fiscais identificaram a entrada de madeira infestada pelo besouro asiático - uma praga que pode destruir florestas brasileiras. Na Amazônia, os fiscais verificaram o ingresso, pelo Amapá, da " sigatoka negra " - uma praga que afeta a produção de bananas. " Vivemos numa situação de risco " , comentou outro auditor. A falta de fiscais atinge os principais focos de entrada e saída de produtos e de passageiros do país. O Porto de Santos deveria ter 42 agrônomos, mas tem apenas 24. O aeroporto de Guarulhos precisaria de 25 veterinários, mas conta com apenas 13. No total, o Brasil deveria ter 248 agrônomos na vigilância, mas tem somente 167. Deveriam ser 166 veterinários, mas são apenas 108. Também há falta de agentes de apoio administrativo e de inspeção federal. As instalações físicas dos postos de defesa sanitária são, via de regra, precárias, com falta de locais adequados para a realização de tratamentos, inadequação dos laboratórios básicos, insuficiência de equipamentos e de local apropriado para análise e acondicionamento de amostras. Outra falha é a inadequação da lotação de pessoal na maior parte das unidades de vigilância agropecuária visitadas, o que reflete diretamente na quantidade de produtos fiscalizados, e na qualidade das fiscalizações. O tribunal recomendou ao Ministério da Agricultura que identifique as necessidades de adequação da infra-estrutura das unidades nos aeroportos, portos organizados, portos secos e pontos de fronteira, e solicite às respectivas administrações dessas áreas que adotem as providências cabíveis. Recomendou, ainda, que realize concurso público para provimento de cargos de fiscais e agentes administrativos de modo a adequar o quantitativo de pessoal à demanda de trabalho. |
A vigilância sanitária na fronteira é tão frágil que qualquer outra doença - como a gripe aviária, por exemplo - poderá entrar no País e só ser percebida quando já tiver feito os estragos de costume. A constatação foi feita pela reportagem do jornal "O |
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Estado de São Paulo", na edição de 13/08/2006. Dos cinco postos de vigilância que restaram na região, dois não têm energia elétrica. Um deles funciona num edifício em ruínas, sem portas e janelas, com as paredes crivadas de balas. São justamente os mais estratégicos, pois deveriam controlar a linha internacional - a fronteira seca entre os dois países. Segundo a reportagem, hoje, apenas dois agentes trabalham em cada barreira e, quando escurece, eles são obrigados a usar lanternas e lampiões para inspecionar e desinfetar os veículos. Os pulverizadores têm de ser acionados manualmente. Os homens só trabalham até o início da noite. Depois, são obrigados a suspender o serviço e se recolher por falta de segurança. Daí até o dia amanhecer, caminhões de gado ou de qualquer outra mercadoria podem passar livremente, sem nenhum controle. "É quando entra o boi do Paraguai’, alerta o presidente do Sindicato Rural de Iguatemi, José Roberto Felippe Arcoverde. União
Européia dá ultimato para |
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O europeus querem que o governo brasileiro |
mostre que é capaz de dar garantias de segurança alimentar equivalentes ao que exige a lei européia. Por falta de um plano de controle, há quinze dias a Europa anunciou que leite e carnes de porco, cabra e carneiro deixaram de fazer parte dos produtos que podem ser exportados pelo Brasil. Os europeus exigem que haja um plano de controle fitossanitário para cada setor. Como nesses casos não estavam ocorrendo vendas regulares para o mercado europeu, os setores atingidos optaram por não fazer os controles de saúde e serem retirados da lista, por enquanto. |
Entidades de classe da Europa têm pressionado Bruxelas para adotar sanções contra o Brasil. Sem ter como competir em termos de preço com a produção brasileira, o setor privado europeu |
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encontrou nas falhas fitossanitárias do País uma brecha para pedir a proteção de barreiras.Para 2007, a Europa já planeja uma nova vistoria completa da produção de alimentos no Brasil. Na última vez em que estiveram no País, em 2005, as conclusões dos veterinários não foram nada positivas e acabaram gerando toda a pressão que o governo e setor privado enfrentam hoje. |
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Boletim Informativo nº 925,
semana de 21 a 27 de agosto de 2006 |
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