Crise no campo afeta comércio
e otimismo das empresas do país

Os estados líderes do agronegócio brasileiro apresentaram os piores desempenhos na Pesquisa Mensal de Comércio – PMC do IBGE. Em Mato Grosso, o volume de vendas do setor caiu 8,62% de janeiro a abril. No Rio Grande do Sul, a retração ficou em 2,20%. No Paraná, houve crescimento de apenas 0,36%. Os índices estão abaixo da média nacional neste ano, de 5,64%, e refletem a amarga realidade do setor de vendas no varejo. A informação é do jornal Folha de São Paulo da edição do dia 11.

Os motivos apontados pelos entrevistados são 

velhos conhecidos dos produtores rurais: a crise da agricultura, que derrubou a rentabilidade de produtores com a desvalorização do dólar e a queda dos preços agrícolas. De acordo com a

reportagem, a Fecomércio-PR estimou uma queda de 1,63% no faturamento do comércio de janeiro a abril. No interior do Estado, onde o peso da agropecuária é maior, a retração chegou a 3,63%. No Paraná, o custo da saca da soja caiu 15,9% nesta safra. Para Vamberto Santana, economista da Fecomércio-PR, a menor receita do agronegócio, levou à retração da renda dos trabalhadores e do emprego, o que prejudicou o comércio. Os setores que fornecem diretamente à agropecuária sentiram ainda mais, caso das revendas de tratores e colheitadeiras, que tiveram queda de 27% em Londrina, ainda segundo a Federação.

Para os entrevistados, a desvalorização do dólar está por trás do fraco desempenho da agricultura. 


   Especialista em agropecuária, José Carlos Hausnecht, da MB Associados, afirma que a agricultura vive mais uma crise de rentabilidade do que de redução de volumes produzidos. Os preços dos principais produtos agrícolas, que estavam muito altos, caíram e voltaram a valores "normais", o que, ao lado do câmbio, reduziu os ganhos de agricultores.

A redução das exportações de carnes por conta dos focos de aftosa e de frango, em razão do menor consumo por causa da gripe aviária, também prejudicou o comércio. E as perspetivas não são muito otimistas. Apesar da expansão das lavouras de soja e milho no Paraná, a estimativa indica uma quebra de 35% na safra de trigo.

De acordo com matéria publicada no Estado de São Paulo, também do dia 11, tais fatos vêm abalando o otimismo dos empresários em relação ao desempenho do seu próprio negócio para este ano. Dados de pesquisa nacional com 972 empresários da indústria, comércio, serviços e dos bancos, realizada em junho pela Serasa, revela que 54% apostam no crescimento das vendas para este ano. A mesma enquete feita em março indicava que 65% dos empresários acreditavam no crescimento das vendas para 2006. O recuo no período foi de 11 pontos porcentuais. "Eles apostavam numa queda mais acentuada dos juros e na recuperação mais rápida do câmbio para voltar a aquecer as exportações e o agronegócio", diz o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida, responsável pela pesquisa.


Boletim Informativo nº 920, semana de 17 a 23 de julho de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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