A crise da agropecuária
e o futuro do Brasil

Anton Gora*

As crises sempre existiram, as soluções também. Em cima do passado se constrói o futuro. O passado da agropecuária é rico de ensinamentos. Desde as crises que foram solucionadas, até o crescimento da atividade, se analisarmos o crescimento do agronegócio brasileiro, vamos verificar que não houve desenvolvimento igual e tão acelerado em todo o mundo, sendo que vários foram os fatores que contribuíram para isso.

O clima excepcional do país, com chuvas abundantes e temperaturas elevadas durante todo o ano, uma Política Agrícola que existia no passado, voltada ao desenvolvimento e uma pesquisa eficiente que gerava resultados reconhecidos no mundo inteiro.

O clima adequado continua existindo, mas a pesquisa foi sucateada pelo último Governo, transformando a geração de conhecimentos científicos em uma cultura política ideológica e, o que falar da Política Agrícola, que além de não existir mais, regrediu a época medieval em termos de filosofia. Estamos falando novamente no agricultor dos tempos feudais, com aquele homem com a enxada nas costas, sendo explorado pelo seu Senhor, hoje representado pela figura do Estado.

O mundo inteiro evoluiu para a agricultura empresarial, independente do tamanho do produtor. O pequeno também pode e deve ser empresário, apenas no Brasil, estamos na contramão da História.

Todos os países do mundo subsidiam a agricultura por considerarem que a produção de alimentos é questão de segurança nacional.

Apenas no Brasil, onde além de não termos subsídios ainda sobrecarregamos o produtor com pesados impostos, ameaças de invasões de sua propriedade e leis ambientais totalmente criadas para extorquir e não para preservar o meio ambiente. Será que todo o mundo está errado, apenas os donos da verdade do PT estão certos?

Ainda nem falamos do que representava até o ano passado a agropecuária em termo de Produto Interno Bruto (PIB), de receitas nas exportações, na geração de empregos, diretos e indiretos. Será que tudo isso não tem importância ou será que queremos efetivamente acabar com a agricultura, como foi feito com o cacau na Bahia, para que um partido se perpetue no poder, as custas da pobreza e da miséria do seu povo. Vamos permitir que o interesse de poucas pessoas em se manter no poder seja maior do que o bem estar de todo o povo brasileiro?

Depende de nós, se continuarmos a aceitar passivamente os desmandos desse Governo, em pouco tempo seremos todos miseráveis, economicamente e também de espírito e culturalmente. Podemos também reagir, como produtores e como cidadãos, defendendo os nossos direitos e mostrando aos cidadãos sérios desse país, o que estão fazendo com a agropecuária.

Na nossa última mobilização, mostramos a nós mesmos que somos capazes e podemos nos unir.

A resposta que veio do Governo foi tímida, mas não podemos nos acomodar novamente esperando que alguém solucione os nossos problemas. Vamos continuar investindo em nós mesmos como cidadãos que não se deixam esmagar por políticas populistas e inconseqüentes.

O futuro não é nosso, é dos nosso filhos e nós não temos o direito de sermos omissos na construção desse futuro.

Portanto, colega produtor, vamos à luta. Vamos convocar a nação brasileira para lutar do nosso lado, se não, corremos o risco de não ter o que comer amanhã, porque não terá comida nem mais para a cesta básica e o Fome Zero.

Os que hoje querem se perpetuar no poder, com certeza, estão construindo a sua reserva e a nossa reserva deve ser o da coragem e o da cidadania.

*Anton Gora
é engenheiro agrônomo e tesoureiro do Sindicato Rural de Guarapuava (PR).


Boletim Informativo nº 919, semana de 10 a 16 de julho de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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