Biotecnologia traz receita extra de
US$ 27 bilhões para o agricultor

Do total da área plantada, 60% é de soja,
28% de algodão e 14% de milho

O uso de produtos geneticamente modificados gerou uma receita adicional líquida de US$ 27 bilhões para os agricultores nos últimos dez anos, sendo US$ 6,5 bilhões só no ano passado. Os recursos vieram principalmente do incremento da produção e da redução dos custos primários, como a diminuição no consumo de óleo diesel e no preparo do solo.

Os números foram apresentados pelo agrônomo e presidente executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), Cristiano Simon, durante o IV Congresso Brasileiro de Soja, realizado de 6 a 8 de junho, em Londrina. Se por um lado os dados são otimistas para os agricultores, por outro, devem preocupar a indústria de produtos agroquímicos.


Existem no mundo atualmente 90 milhões de hectares plantados de organismos geneticamente modificados (OGM), um número 53 vezes maior em relação a 1996

O crescimento da biotecnologia, para o presidente da ANDEF, vai provocar uma redução em 20% no uso de produtos fitossanitários, um mercado que no ano passado foi de US$ 4 bilhões só no Brasil. Para Cristiano, "os produtos fitossanitários vão coexistir com os OGM´s a médio e longo prazo, mas a indústria já vem perdendo. Só no ano passado, o agricultor que planta soja deixou de gastar US$ 231 milhões em agroquímicos". Ele também afirma que "a indústria deve reverter essa situação com o aumento da área plantada, que, segundo cálculos do Ministério da Agricultura, deve crescer em 15 milhões de hectares sem a ocupação de áreas de preservação". A criação de novas tecnologias também deve ser uma nova fonte de renda para a indústria de fitossanitários, conforme Simon.

Para Cristiano Simon, os benefícios dos OGM também são grandes em relação ao meio ambiente pela redução de operações de manuseio do solo e pela melhor conservação do solo, o que evita a erosão e o assoreamento de rios e mananciais.

Além disso, o agrônomo destaca as vantagens que os organismos geneticamente modificados trazem para o pequeno agricultor, já que "90 dos produtores rurais que cultivam OGM estão em países em desenvolvimento e tem uma área entre 10 e 20 hectares", acrescenta Simon.

Existem no mundo atualmente 90 milhões de hectares plantados de organismos geneticamente modificados (OGM), um número 53 vezes maior em relação a 1996.

Do total da área plantada, 60% é de soja, 28% de algodão e 14% de milho. Os OGM estão distribuídos em 21 países pelo mundo, sendo que a maioria em desenvolvimento como o Brasil.

Em relação ao futuro da biotecnologia no Brasil, o presidente da ANDEF mostra preocupação com a grande informalidade e burocracia brasileiras. Simon cita o caso dos 500 projetos de pesquisa que aguardam aprovação no CTN/Bio, comitê criado pela Lei de Biossegurança do ano passado, que regulamentou o uso, a produção e a comercialização de organismos geneticamente modificados no Brasil. Para o agrônomo, "a burocracia e inoperância de determinados setores do governo podem deixar o Brasil em desvantagem em relação a outros países emergentes, como a China e a Argentina". De acordo com Simon, os OGM´s vão continuar crescendo no mundo todo, já que até a União Européia que não aceitava este tipo de produto autorizou a entrada, e o Brasil não pode deixar discussões políticas e ideológicas estarem a frente do desenvolvimento do país. A estimativa é que em 2010, a área de OGM´s cresça dos atuais 90 milhões de hectares para 150 milhões. 


Boletim Informativo nº 916, semana de 19 a 25 de junho de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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