Que avaliação o senhor
faz do quebra-quebra promovido na Câmara por manifestantes sem-terra?
Por mais vergonhoso que o evento possa ser, por mais repugnante que seja o
registro visual da barbárie que aconteceu no Congresso Nacional, acho
que, hoje, se fez um bem à nação. A lava do vulcão chegou na Câmara
dos Deputados. Os parlamentares viram o que o interior do Brasil já
conhece há muitos anos. A violência travestida de busca de direitos, a
absoluta falta de respeito à lei e aos direitos dos outros. A falta de
exercício do poder de polícia para reprimir exageros. Isso é o
dia-a-dia do produtor rural. Hoje, a "ocupação" não foi nas
fazendas "improdutivas", mas no Congresso Nacional improdutivo,
na opinião dos invasores. A costumeira explicação de que se trata de um
movimento não violento cai pro terra pelo vigor das imagens que o Brasil
inteiro acabou de ver. Espero que os atos que a Câmara praticar em defesa
da liberdade dos Poderes sejam estendidos a outros cidadãos, que
gostariam de ter seus direitos respeitados.
Esse tipo de
manifestação afronta e prejudica a democracia?
Isso ignora a democracia. É um comportamento habilmente maquiado por
simpatizantes que procuram forjar a imagem dos sem-terra, dizendo que nada
mais são do que movimentos em busca de direitos. Hoje, ficou
absolutamente claro que eles ignoram completamente os preceitos legais e
praticam a barbárie absolutamente sem constrangimentos.
Esse é um caso de
política ou uma questão de polícia?
Qualquer que seja o movimento social, a CNA não aprova manifestação
alguma que infrinja o direito de terceiros. Nunca se viu nada assim, com
deputados sitiados, carros, equipamentos e prédios depredados,
seguranças nos ambulatórios. A quebra de lei não deve ser tolerada em
nível nenhum. Não dá para fingir, não havia reivindicação. Os
manifestantes não entraram ali para pressionar o Congresso a voltar
alguma medida. Foi uma afronta ao poder Legislativo, que demonstra como
esses movimentos fazem o que querem, na hora e no lugar que bem entendem.
Por um lado, foi bom ter acontecido no coração da República e não em
uma estrada no interior do Mato Grosso para que todos vejam como é. A
sociedade e o Congresso Nacional, quando querem índices de produtividade,
sabem o que fazer, quando querem dizer que algo é improdutivo sabem como
se faz e quando dizem que é pacífica a invasão, porque não há armas,
todo mundo viu como foi pacífica a ocupação do Congresso Nacional.
Essa é uma
oportunidade para repensar a atuação desses movimentos?
Os produtores rurais viram, hoje, uma repercussão no Congresso Nacional
do que acontece em suas fazendas. Esse fato estimula uma elucidação do
que é verdade e do que é mito. É importante o que disse o deputado
Ronaldo Caiado, porque se alimenta essa cobra venenosa, intolerante, dona
da verdade, com simpatia e justificativas das suas ações. São mais de
20 anos promovendo a barbárie de forma crescente, organizada com comando
central. Não se consegue nunca chegar aos responsáveis e os danos
causados não são ressarcidos. Isso porque não existe responsabilidade
jurídica pelos atos dessas organizações disfarçadas. O movimento dos
que dizem lutar pela reforma agrária e pela justiça social encobre atos
de vandalismo e intolerância que objetivam a tomada de poder. Não se
trata de mudar a estrutura fundiária do país, é uma questão de usar as
injustiças brasileiras para chegar ao poder.
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