Quebra-quebra: para a CNA, caiu um mito

Da Agência CNA

O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Ernesto de Salvo (foto), classificou o quebra-quebra na Câmara dos Deputados como uma oportunidade lamentável para separar a verdade e o mito por trás da atuação desses movimentos. "Os parlamentares viram o que o interior do Brasil já conhece há muitos anos. A violência travestida de busca de direitos, a absoluta falta de respeito à lei e aos direitos dos outros", declarou. Leia a seguir a íntegra da entrevista do presidente da CNA.

Que avaliação o senhor faz do quebra-quebra promovido na Câmara por manifestantes sem-terra?
Por mais vergonhoso que o evento possa ser, por mais repugnante que seja o registro visual da barbárie que aconteceu no Congresso Nacional, acho que, hoje, se fez um bem à nação. A lava do vulcão chegou na Câmara dos Deputados. Os parlamentares viram o que o interior do Brasil já conhece há muitos anos. A violência travestida de busca de direitos, a absoluta falta de respeito à lei e aos direitos dos outros. A falta de exercício do poder de polícia para reprimir exageros. Isso é o dia-a-dia do produtor rural. Hoje, a "ocupação" não foi nas fazendas "improdutivas", mas no Congresso Nacional improdutivo, na opinião dos invasores. A costumeira explicação de que se trata de um movimento não violento cai pro terra pelo vigor das imagens que o Brasil inteiro acabou de ver. Espero que os atos que a Câmara praticar em defesa da liberdade dos Poderes sejam estendidos a outros cidadãos, que gostariam de ter seus direitos respeitados.

Esse tipo de manifestação afronta e prejudica a democracia?
Isso ignora a democracia. É um comportamento habilmente maquiado por simpatizantes que procuram forjar a imagem dos sem-terra, dizendo que nada mais são do que movimentos em busca de direitos. Hoje, ficou absolutamente claro que eles ignoram completamente os preceitos legais e praticam a barbárie absolutamente sem constrangimentos.

Esse é um caso de política ou uma questão de polícia?
Qualquer que seja o movimento social, a CNA não aprova manifestação alguma que infrinja o direito de terceiros. Nunca se viu nada assim, com deputados sitiados, carros, equipamentos e prédios depredados, seguranças nos ambulatórios. A quebra de lei não deve ser tolerada em nível nenhum. Não dá para fingir, não havia reivindicação. Os manifestantes não entraram ali para pressionar o Congresso a voltar alguma medida. Foi uma afronta ao poder Legislativo, que demonstra como esses movimentos fazem o que querem, na hora e no lugar que bem entendem. Por um lado, foi bom ter acontecido no coração da República e não em uma estrada no interior do Mato Grosso para que todos vejam como é. A sociedade e o Congresso Nacional, quando querem índices de produtividade, sabem o que fazer, quando querem dizer que algo é improdutivo sabem como se faz e quando dizem que é pacífica a invasão, porque não há armas, todo mundo viu como foi pacífica a ocupação do Congresso Nacional.

Essa é uma oportunidade para repensar a atuação desses movimentos?
Os produtores rurais viram, hoje, uma repercussão no Congresso Nacional do que acontece em suas fazendas. Esse fato estimula uma elucidação do que é verdade e do que é mito. É importante o que disse o deputado Ronaldo Caiado, porque se alimenta essa cobra venenosa, intolerante, dona da verdade, com simpatia e justificativas das suas ações. São mais de 20 anos promovendo a barbárie de forma crescente, organizada com comando central. Não se consegue nunca chegar aos responsáveis e os danos causados não são ressarcidos. Isso porque não existe responsabilidade jurídica pelos atos dessas organizações disfarçadas. O movimento dos que dizem lutar pela reforma agrária e pela justiça social encobre atos de vandalismo e intolerância que objetivam a tomada de poder. Não se trata de mudar a estrutura fundiária do país, é uma questão de usar as injustiças brasileiras para chegar ao poder.


Boletim Informativo nº 915, semana de 12 a 18 de junho de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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