"Grito do Ipiranga" mobilizou 100 mil produtores no Paraná

 


Guarapuava - Levantamento da Associação dos Municípios do Paraná - AMP aponta que 241 prefeituras cerraram as portas dia 16, em apoio ao "Grito do Ipiranga".

Tratores e maquinários nas cidades, rodovias parcialmente bloqueadas, prefeituras, escolas, lojas e indústrias fechadas. O "Grito do Ipiranga" dos produtores rurais em dez estados brasileiros, dia 16, mostrou a gravidade da crise que atinge a agropecuária nacional. No Paraná aconteceram algumas das maiores mobilizações: 100 mil produtores saíram às ruas em 300 municípios.

O que começou como uma manifestação de produtores logo se tornou um grito de alerta também de comerciantes, caminhoneiros, cooperativas e prefeituras – todos solidários às dificuldades dos agricultores e sensíveis à brutal queda de renda e endividamento no campo. Para o presidente da FAEP,

Ágide Meneguette, a força do movimento, que surgiu espontaneamente das bases, foi além da expectativa, demonstrando o grau de desespero dos produtores. "Nosso compromisso era mostrar a seriedade da crise e obter o apoio da sociedade, o que de fato ocorreu por toda parte. Agora cabe ao governo agir com urgência", avaliou.

Em Guarapuava houve uma das maiores concen- trações do estado, com cinco mil pessoas reunidas na praça central da cidade. Em Ponta Grossa, os caminhões e máquinas começaram a estacionar nas principais avenidas da cidade já às 4h da manhã. No terminal de ônibus foram distribuídos quase quatro mil litros de leite para a população; depois foram feitos dois grandes bloqueios rodoviários, nas saídas para Palmeira e para Curitiba.

Em Cascavel, uma carreata às 9h da manhã percorreu toda a Avenida Brasil, formando uma fila de

8 km de máquinas. Na passagem dos produtores, todo o comércio baixou as portas em solidariedade. Quatro mil pessoas se reuniram para o enterro simbólico da agricultura, encenado com caixão e cruz em cima de uma colheitadeira.

No Sudoeste, houve pontos de mobilização de produtores em 26 municípios. Depois todos se reuniram em grandes concentrações em Realeza, Francisco Beltrão e Pato Branco. Mais de cinco mil pessoas participaram de ato em defesa da agricultura no centro de Pato Branco, quando o comércio também aderiu e baixou as portas. No município de Francisco Beltrão suinocultores assaram 500 kg de carne para distribuir à população.

Houve cinco pontos de bloqueio das estradas na cidade de Maringá, envolvendo pelo menos dois mil produtores. As cooperativas  da  região suspenderam

as atividades e deixaram até de divulgar preços dos produtos. Os agricultores de Rolândia protestaram em sintonia com os colegas de Cambé e Arapongas. Dois grupos se posicionaram a

mil metros da praça de pedágio, um de cada lado, e bloquearam parcialmente a rodovia. Durante meia hora as cancelas foram abertas.

Em Campo Mourão, após um tratoraço, uma multidão de cinco mil pessoas se reuniu no centro da cidade. A manifestação foi marcada por um caráter cívico, com dezenas de bandeiras do Brasil distribuídas à população e colocadas sobre os maquinários. A idéia era fazer um protesto de 24hrs, mas a impaciência dos agricultores com falta de medidas efetivas de apoio fez com que, em vários municípios, as manifestações se estendessem pelos dias seguintes.


Boletim Informativo nº 912, semana de 22 a 28 de maio de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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