Boletim Informativo n

Produtores rurais farão protesto
nacional contra a crise dia 16

Produtores de todo o país vão às ruas dia 16 de maio para demonstrar à população brasileira as dificuldades por que passa a agricultura e sensibilizar o Governo Federal a adotar medidas efetivas para combater a crise do setor. O "Grito do Ipiranga", como está sendo chamado o protesto, exige mudanças nas políticas agrícola e cambial, além de alongamento das dívidas, de forma a criar condições de sobrevivência a pro- dutores endividados e sem renda.

O grande protesto será no dia 16 de maio, mas, até as eleições, os agricultores estarão permanentemente mobilizados, fazendo protestos regionais para não deixar que suas reivindicações fiquem em segundo plano ou caiam no esquecimen-

Meneguette: A questão crucial está na falta de renda em função da queda generalizada de preços e de sucessivas secas que deram grande prejuízo aos produtores, principalmente no oeste e sudoeste do Estado

to da classe política. "A crise é geral, atinge tanto agricultores do Sul, como do Centro-Oeste e do Nordeste do país; não adianta o Governo tomar medidas paliativas", disse o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara Federal, deputado Abelardo Lupion, convidado pela FAEP para discutir a crise com mais de 120 presidentes de sindicatos rurais do Paraná, em Curitiba (02/05). "Este Governo mente ao dizer que deu 18,5 bilhões de reais para a agricultura. Não deu nada e nem os agricultores estão pedindo perdão de dívidas. Querem apenas refinanciar seus débitos de forma justa", completou.

Deputado Abelardo Lupion: "Não adianta o Governo tomar medidas paliativas"

Para o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, a questão crucial está na falta de renda em função da queda generalizada de preços e de sucessivas secas que deram grande prejuízo aos produtores, principalmente no oeste e sudoeste do Estado. Somada a isto, a política cambial, que a curto prazo "é muito boa para o consumidor/eleitor, mas um desastre para a agropecuária e para o setor exportador em geral". "Alongar as dívidas como quer o pacote, com prazos curtos, é na verdade acumular dívidas sem a perspectiva de renda para pagá-las. Não resolve", afirmou Meneguette.

O protesto nacional de 16 de maio foi decidido nu-

ma reunião em Goiânia com representantes dos produtores do Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Os agricultores esperam contar com o apoio da indústria e do comércio, que sentem também as conseqüências da quebra da produção, perda de renda, preços agrícolas baixos e política monetária desfavorável. No ano passado, no Paraná, o valor bruto da produção agropecuária caiu para R$ 24 bilhões, contra R$ 31 bilhões em 2004. A previsão da FAEP é de que neste ano o resultado seja até inferior a R$ 24 bilhões.

Para o dia do "Grito do Ipiranga", máquinas e caminhões vão fazer bloqueios parciais nas saídas das cidades e entroncamentos rodoviários, ocasião em que será distribuído manifesto sobre a gravidade da crise agrícola. O trânsito será interditado de forma intercalada, por curtos períodos de tempo (uma hora de bloqueio por uma hora de liberação) , de forma a não prejudicar a população. As manifestações serão organizadas de forma a ter o apoio dos prefeitos, câmaras de vereadores, cooperativas e associações comerciais, entre outras entidades da sociedade civil organizada.

A orientação é para o que os sindicatos rurais alertem os produtores de frango, leite, hortigranjeiros e outros produtos altamente perecíveis para que programem o transporte de forma a não serem prejudicados pelas barreiras.

Na semana do movimento, uma comissão de representantes de todos os estados estará em Brasília para manter contatos com parlamentares e autoridades, a fim de sensibilizá-los para os pleitos da agricultura.

Os agricultores brasileiros decidiram protestar de forma veemente depois de verem frustradas a maior parte de suas reivindicações no pacote do governo, baixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 26 de abril. O governo, basicamente, adiou por 12 meses os problemas mais críticos das dívidas deste ano, mas não anunciou nenhuma medida mais efetiva de apoio.