Stédile e mais 37 pessoas são
 denunciados pelo Ministério Público

O chefe nacional do MST é acusado por furto qualificado, formação de quadrilha, bando armado, seqüestro e cárcere privado, e ainda por lavagem de dinheiro

João Pedro Stédile e mais 37 pessoas ligadas à Via Campesina foram denunciados semana passada à Justiça pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul por dano qualificado, furto qualificado, formação de quadrilha e bando armado, seqüestro e cárcere privado e lavagem

de dinheiro. Os crimes foram apontados no inquérito policial que investigou a depredação de um laboratório e viveiro de mudas da Aracruz Celulose, em Barra do Ribeiro, no dia 8 de março.

O promotor Daniel Indrusiak, responsável pela acusação, considera que o líder sem terra teve função decisiva no planejamento e na execução do crime, por estimular os demais ao delito, oferecer subsídios teóricos e promover a adesão de simpatizantes do MST ao ato.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a denúncia aponta que 11 pessoas tinham domínio do fato, participando como planejadoras e organizadoras. Entre elas estão o britânico Paul Nicholson, o indonésio Henry Saragih, a dominicana Juana Ferrer e a suíça Corinne Dobler, além de Stédile. Mais oito pessoas foram relacionadas como participantes secundários do planejamento, e outras 18 figuram como participantes exclusivamente da execução do delito.

Ao todo foram acusadas 27 mulheres e 10 homens, 30 com residência no Rio Grande do Sul, 3 no exterior, e 4, inclusive Stédile, em local desconhecido.

A investigação policial que serviu de base para a denúncia oferecida pelo Ministério Público revelou alguns detalhes ainda desconhecidos da ação na Aracruz, que danificou 50 mil mudas de árvores nativas, 1 milhão de mudas de eucaliptos e todos os equipamentos do laboratório, com prejuízo estimado em pelo menos R$ 880 mil.

Indrusiak concluiu que o delito estava sendo planejado desde o fim de 2005, em encontros dos movimentos ligados à Via Campesina. Também relatou um episódio, já na invasão, em

que quatro mulheres declararam que o motorista de um dos ônibus que as conduzia à Aracruz deveria se considerar "seqüestrado" e não falar com ninguém enquanto durasse a ação.

Recursos internacionais - A origem do dinheiro, possivelmente internacional, que financia atividades dessas entidades que a pretexto de representar movimentos sociais executam ações violentas como a que reuniu quase 2 mil pessoas para destruir as instalações da Aracruz, também está sendo investigado. A Promotoria solicitou à Justiça a quebra do sigilo bancário das Associações de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Região Sul, das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Rio Grande do Sul e Nacional das Mulheres Camponesas.

Quando buscava pistas dos invasores da Aracruz, a polícia encontrou na sede das três entidades, em Passo Fundo, R$ 17,1 mil, US$ 5,9 mil dólares, 7 mil pesos chilenos e 9 quetzeles guatemaltecos, além de muitos cheques de vários emitentes, a maioria sem valor preenchido.


Boletim Informativo nº 909, semana de 01 a 07 de abril de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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