Revista Exame | |
Invasões, saques e
destruição
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Em reportagem da edição quinzenal de abril a revista Exame (Editora Abril - fac símile acima) denuncia a violência e os abusos cometidos pelos militantes do Movimento dos Sem Terra (MST) contra a Empresa Aracruz, no Rio Grande do Sul, onde destruíram laboratório e mais de 20 anos de pesquisas científicas. A Exame mostra também outros atos de extrema violência contra o patrimônio e a propriedade, além de atentar contra o Estado de Direito. "Está com- |
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provado, há muito tempo, que o MST baseia sua atuação na prática continuada de crimes — invasão de propriedades, roubo à mão armada, furto qualificado, extorsão, cárcere privado, destruição de bens públicos e privados, agressão física, formação de quadrilha e por aí afora", diz trecho da revista na reportagem assinada pelo jornalista J. R. Guzzo intitulada O MST Mostra a Sua Face Real. Em outro trecho da matéria, a revista diz ainda que "o objetivo que sobra para o MST, hoje, é garantir o sustento de seus líderes e militantes com recursos obtidos por meio de atividades criminosas". Leia a seguir a íntegra da reportagem: |
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Nada melhor que um bom fato, com imagens gravadas ao vivo, exibido sem disfarces ao público em geral e acima de quaisquer dúvidas quanto à autoria, para desfazer trapaças ideológicas e mostrar as coisas como elas realmente são. É o que acaba de ser demonstrado, mais uma vez, com a invasão armada de uma propriedade da empresa Aracruz no Rio Grande do Sul, onde militantes de uma das seitas políticas controladas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) destruíram 1 milhão de mudas de eucalipto, um laboratório de pesquisa e todo o trabalho resultante de quase 20 anos de investigação científica. |
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Está comprovado, há muito tempo, que o MST baseia sua atuação na prática continuada de crimes — invasão de propriedades, roubo à mão armada, furto qualificado, extorsão, cárcere privado, destruição de bens públicos e privados, agressão física, formação de quadrilha e por aí afora. O que ficou definitivamente claro, com o ataque às instalações da Aracruz e o que ocorreu logo depois dele, é que já não existe mais nenhuma preocupação, por parte do MST, em esconder o que é na vida real: uma organização que utiliza |
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a política de "causas" para se dedicar a uma nova modalidade de delinqüência organizada. Faz isso porque sabe perfeitamente bem que o Estado brasileiro, por fraqueza ou conivência, não tem mais nenhuma autoridade sobre suas ações. A vantagem disso tudo é que vai se tornando cada vez mais difícil manter de pé a fantasia segundo a qual o MST é um grupo de gente idealista que luta pela justiça no campo, e cada vez mais fácil comprovar o que o MST não é. Não é, positivamente, um movimento em prol da reforma agrária. Nunca foi, mesmo porque reforma agrária, entendida como distribuição de terras improdutivas, é uma idéia morta diante das realidades da agricultura moderna — serve apenas para distribuir mais miséria na zona rural e ajudar os governos a fingir que estão fazendo alguma coisa. |
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Nunca foi, também, porque as ações concretas do MST pouco têm a ver com a idéia de transformar agricultores sem terra em proprietários dedicados à produção. Na prática, em que a destruição de mudas e sementes, o bloqueio de pedágios ou a invasão de agências do Banco do Brasil ajudam a "reforma agrária"? Mas agora é o próprio MST quem diz, em público, que não está interessado no assunto. O líder Stédile, logo depois do ataque à Aracruz, disse que a reforma agrária "clássica" não é |
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mais possível hoje em dia e que nenhum modelo de acesso à terra tem condições de funcionar numa economia "neoliberal". Revelou também que o inimigo verdadeiro do MST não é mais o latifúndio, e sim o agronegócio. | |
É UM ALIVIO que Stédile fale afinal essas coisas; até agora, quem ousava dizer que o latifúndio deixou há muito tempo de ter qualquer relevância no Brasil, ou que os invasores de terras estavam pouco ligando para a "reforma agrária", era acusado das piores coisas pelos chefes do MST. Fica entendido de forma definitiva, assim, que a briga real do MST não é contra a injustiça, a pobreza ou o atraso no campo — e sim contra o que dá certo na agricultura. O agronegócio brasileiro, que o MST coloca agora como o grande adversário a ser eliminado, é precisamente isso. |
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Em apenas 20 anos, fez uma completa revolução na agricultura, transformou o Brasil num dos maiores produtores de alimentos do mundo e colocou na esfera da eficácia e da vida econômica útil milhões de hectares que haviam passado séculos sem proveito algum. Nada disso se fez com verbas de reforma agrária, acampamentos de lona ou declarações da Comissão Pastoral da Terra, mas com capitalismo: trabalho, investimento, tecnologia, mecanização, sistemas de produção integrada e o conceito pelo qual o que vale mesmo na terra, hoje, não é a sua propriedade, e sim a |
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eficácia na sua utilização. Deu certo, e quanto mais der certo menos espaço sobra para a "reforma agrária" — clássica, como diz Stédile, ou seja lá de que tipo for. Nada mais lógico que a ofensiva contra o agronegócio. O sucesso da agricultura brasileira é o pior inimigo do MST. | |
É por isso que o movimento deixou de lado qualquer preocupação em saber se uma propriedade rural é improdutiva ou não, como critério para invasões ou outros atos de agressão. O que se quer agora é causar prejuízo material ao empreendimento rural eficiente. Como a destruição de mudas e laboratórios de pesquisa, embora sem nenhum risco de punição, pode impressionar mal, o MST passou a desenvolver a idéia de que é ele, e não qualquer órgão oficial, que tem o direito de decidir quais são as propriedades rurais |
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que não cumprem sua "função social" e, portanto, devem ser atacadas.Por exemplo: plantação | |
de eucaliptos, na decisão de Stédile, é terra improdutiva, pois "não produz alimento". Produz celulose, sem o que não se pode ter papel — produto que os líderes do MST, aparentemente, julgam desnecessário. Fica complicado, também, entender a noção de que só é aceitável a propriedade que produza comida. E as plantações de café — o MST permitiria ou não? A cana destinada à produção de álcool poderá continuar sendo cultivada? Como fica a mamona, que tanto parece impressionar o presidente da República? (ao qual o governador Roberto Requião tanto se deliciou. N. E.) Não foram fornecidas informações a respeito, nem serão. |
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No Paraná fazem reféns
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Numa área de 55 hectares de erva-mate, numa propriedade da empresa Erva Mate 81, no distrito de Guará, em Guarapuava, mais de 200 militantes do MST invadiram na semana passada a propriedade. De acordo com a reportagem do jornal Gazeta do Povo, os homens entraram na área no momento em que 15 funcionários faziam a colheita. Dez pessoas foram feitas reféns. Cerca de 15 policiais se deslocaram até o local para negociar a libertação dos funcionários e a saída do grupo da área, mas não houve acordo. Até o fechamento deste Boletim (06/04) não havia desfecho do conflito e oito funcionários ainda permaneciam no local. Dois deles conseguiram escapar. Em Ortigueira, cerca de 150 pessoas do assentamento Libertação Camponesa também acamparam durante cerca de seis horas, em frente à prefeitura. Uma comissão formada por 18 assentados passou mais de três horas reunida com o prefeito Geraldo Magela. |
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nas para montar barracas ou ajuda para alugar ônibus? Que revolução fica discutindo operações de crédito bancário ou tem uma escola para formar revolucionários, com professores, currículos e notas de aprovação? É difícil imaginar que alguma coisa concreta possa sair dessa salada. Ela serve para gerar tumulto e ferir direitos individuais, mas fica mais ou menos nisso. Amontoar gente em favelas rurais à beira de estradas, cortar arame de cercas ou roubar gado para fazer churrasco são coisas de baixa eficácia para derrubar regimes. Atrapalham, fazem muito barulho, mas não resolvem as limitações do MST, que por mais cara brava que faça continua sendo minoria num país que tem 6 milhões de propriedades agrícolas. O OBJETIVO que sobra para o MST, hoje, é garantir o sustento de seus líderes e militantes com recursos obtidos por meio de atividades criminosas. Como outros grupos que vivem assim, não tem registro na Junta Comercial nem inscrição no CNPJ e, portanto, não presta contas sobre sua contabilidade. Serve-se do PT para impedir que suas atividades financeiras venham a ser investigadas no Congresso, como ocorreu na fracassada tentativa da CPI da Terra, em 2004. E sobrevive porque entendeu perfeitamente que o Estado brasileiro não tem vontade nem força para se opor às suas ações. O PT, aí, está longe de ser o único responsável. Os líderes do MST descobriram há muito tempo que nada aterroriza tanto um tucano quanto ser chamado de "direita" — o que lhes forneceu um passe livre para agir à vontade durante os oito anos do governo anterior, quando fecharam com chave de ouro sua atuação invadindo a fazenda do próprio presidente da República. Na ocasião, tiveram direito a imagens ao vivo, tempo no horário nobre da TV e garantia de nenhuma punição. O PMDB que governa o Rio Grande do Sul não faz melhor — até a invasão da Aracruz, doava verbas do Erário estadual ao MST. Com a campanha presidencial que agora se abre, nada disso está com jeito de mudar. O PT já avisou que não vai permitir a "criminalização" do MST — ou seja, fica proibido dizer que um movimento que comete crimes tem de ser responsabilizado pelos crimes que está cometendo. Quem vai encarar? É tiro e queda." |
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Boletim Informativo nº 906,
semana de 10 a 16 de abril de 2006 |
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