Crise na agropecuária

Produtores levam ao Governo
Federal propostas emergenciais


Propostas emergenciais para solucionar a crise agropecuária aprovadas na reunião conjunta das comissões nacionais de cereais e de crédito rural no dia 22 de março na FARSUL (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) serão encaminhadas esta semana pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) ao Presidente da República. Confira as sugestões:

Suspensão por 120 dias de todos os vencimentos dos financiamentos e dívidas rurais, mantendo-os em situação de normalidade, para que possam ser implantadas as seguintes medidas:

1 - Securitização do somatório dos valores referentes às seguintes modalidades de financiamentos, para pagamento em 25 parcelas anuais, iguais e sucessivas, a partir de outubro de 2007, com encargos financeiros prefixados de 3% ao ano: custeio pecuário e agrícola da safra 2004/05 vencidas e não pagas e ou prorrogadas para pagamento em 2006; o custeio da safra 2005/06; operações de investimentos vencidas e não pagas e ou prorrogadas das parcelas de 2005 e de 2006; parcelas da dívida securitizada vencidas e não pagas relativas a 2005 e as vincendas em 2006; parcelas da dívida renegociadas no âmbito do PESA (Resolução BACEN 2471) vencidas e não pagas em 2005 e as vincendas em 2006 e recebíveis emitidos pelos produtores rurais e suas cooperativas junto aos fornecedores/fabricantes privados de insumos, máquinas e implementos e instituições financeiras.

A grave perda de renda do setor rural em 2005 e o aprofundamento da crise em 2006 em decorrência dos preços inferiores ao custo de produção para a maioria dos produtos agropecuários, inviabilizam o pagamento dos financiamentos ainda pendentes da safra passada e os compromissos financeiros da safra em curso. A simples prorrogação de curto prazo tem-se mostrado incompatível com o atual quadro de dificuldades do setor rural. A medida saneadora para esses financiamentos seria a sua transformação em compromissos de longo prazo.

Ato legal: editar Medida Provisória.

2 – Assegurar o cumprimento da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) com a alocação de R$ 2,8 bilhões no orçamento das Operações Oficiais de Crédito (2OC) para a safra 2005/06.

O quadro de preços baixos para a agropecuária requer uma atuação ativa da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). A formação de e financiamento de estoques (AGF e EGF), o lançamento de contratos de opções, as despesas com Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), as operações de recompra, repasse de opções e o prêmio das opções privadas requerem aumento dos recursos orçamentários das Operações Oficiais de Crédito (2OC).

Na safra passada, os recursos orçamentários empregados para a garantia e sustentação de preços com a PGPM foram da ordem de R$ 1,2 bilhão. Para 2006, o orçamento é de apenas R$ 650 milhões que é muito aquém das reais necessidades para a execução da PGPM.

Ato legal: emendar o orçamento das Operações Oficiais de Crédito com crédito suplementar de R$ 2,2 bilhões, para que o montante total destinado às operações da PGPM atinja R$ 2,8 bilhões. Esses recursos viabilizarão a formação de 7,8 milhões de toneladas de estoques e a realização de 13,8 milhões de toneladas de contratos de opções de produtos agrícolas.

 

Prorrogação está na Frente
Parlamentar da Agricultura

Propostas de ações emergenciais de amparo aos produtores atingidos pela crise agropecuária foram encaminhadas à Frente Parlamentar da Agricultura do Congresso Nacional, pelo vice-presidente da FAEP, deputado federal Moacir Micheletto.

Os documentos pedem a prorrogação dos pagamentos dos custeios vencidos das safras 2004/05 e 2005/06, além das dívidas vencidas dos programas de investimento 2006, incluindo os de custeio pecuário.

Micheletto destacou a necessidade de securitização das dívidas e do PESA. Os produtores querem a edição de um ato normativo que estabeleça novos vencimentos para suas dívidas em datas após a última prestação dos débitos do setor.

Além disto, a idéia é que o Conselho Monetário Nacional edite uma resolução ampliando o prazo dos financiamentos ao amparo dos fundos constitucionais, que contribua para prover capital de giro para os agropecuaristas.

Para contornar a limitação imposta pela norma vigente do FAT Giro é proposto que o produtor tenha acesso direto a esta linha de financiamento.

Completando, é solicitada a reavaliação das garantias vinculadas à renegociação dos débitos dos produtores, e feita uma proposta de emenda ao orçamento visando um crédito suplementar de R$ 2,2 bilhões. 


Boletim Informativo nº 904, semana de 27 de março a 2 de abril de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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