Produtor rural
brasileiro perdeu | |
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O ano de 2005 apresentou os piores resultados para o agronegócio brasileiro nos últimos seis anos. O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro do ano passado foi de R$ 537,63 bilhões, queda de 4,66% na comparação com os R$ 563,89 bilhões relativos ao total de 2004. Em valores nominais, a perda foi de R$ 26,26 bilhões. O PIB do agronegócio considera os dados agregados de vários segmentos, incluindo a produção primária da agricultura e da pecuária, |
além dos segmentos de insumos e distribuição. Pois os 4,66% de queda no conjunto do PIB do agronegócio não foi o pior dos resultados apurado no estudo realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP). A análise comprova que foram os produtores rurais os que mais perderam no ano passado. Sem renda, deixaram de comprar insumos, em investir na produção, e com isso geraram um ciclo de perda para todo o agronegócio. A agricultura, isoladamente, foi o segmento que registrou as maiores perdas em 2005, com redução no PIB de R$ 100,78 bilhões, em 2004; para R$ 85,20 bilhões, em 2005. É uma queda de 15,46%, ou, seja, perda de R$ 15,58 bilhões. A pecuária teve o PIB reduzido de R$ 68,87 bilhões, em 2004; para R$ 67,84 bilhões, no passado, o que representa retração de 1,49%, com perda nominal de R$ 1,03 bilhão. O conjunto da agropecuária teve o PIB reduzido de R$ 169,65 bilhões, em 2004; para R$ 153,04, no ano passado, queda de 9,79%. Isso significa que os produtores rurais perderam, no ano passado, R$ 16,6 bilhões. Os números compravam que os dados divulgados em fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estavam errados, indicando que a agropecuária havia apresentado crescimento de seu PIB de 0,8% no ano passado. Na época, Pernambuco já havia alertado que a análise estava equivocada. Agora, os dados da CNA e Cepea/USP mostram que não houve crescimento em nenhum dos setores do agronegócio. O chefe do Departamento Econômico (Decon) da CNA, Getúlio Pernambuco, explica que a agricultura foi o segmento que enfrentou os piores prejuízos em decorrência de uma conjunção de fatores que incluem perda de safra, devido a fatores climáticos; elevação da oferta internacional de commodities agrícolas, o que derrubou os preços da maior parte dos grãos, além do câmbio desfavorável. "Com o dólar desvalorizado, a produção brasileira teve sua competitividade reduzida no mercado internacional, pois os produtos nacionais ficaram mais caros, quando cotados em moeda estrangeira", explica Pernambuco. Valor Bruto de Produção - Os resultados de 2005 foram negativos e as projeções para 2006 indicam manutenção de um cenário de crise. De acordo com o cálculo do Valor Bruto de Produção (VBP), que estima o faturamento dos 25 principais produtos da agropecuária, este ano o setor rural enfrentará ainda reflexos da crise de 2005. Serão três anos de quedas sucessivas. O VBP de 2004 foi de R$ 185,911 bilhões; o de 2005, de R$ 167,761 bilhões e as projeções para 2006 indicam que o VBP do ano será de R$ 164,1 bilhões. A queda do VBP se deve a fatores como a queda de produção. No caso do milho, a colheita foi de 42,1 milhões de toneladas, na safra 2003/2004; caindo para 34,9 milhões de toneladas, na safra passada. Além disso, os preços médios do grão caíram, de R$ 320 por tonelada, em 2004; para R$ 290 por tonelada, no ano passado. A combinação entre queda de produção e redução dos preços médios afetou diretamente a renda do produtor, destaca Pernambuco. |
Boletim Informativo nº
904, semana de 27 de março a 2 de abril de 2006 | VOLTAR |