Pecuaristas discutem alternativas para
melhorar comercialização de carne

Com a presença de 40 pecuaristas da região oeste, foi realizado no dia 09 de março no Município de Ibema, um encontro para discutir a principal dificuldade dos pecuaristas de corte que é a comercialização de seu produto.

O elo representado pelo produtor é o mais fraco na cadeia produtiva da carne bovina e fica sujeito à industria que por sua vez é sujeito às redes varejistas às quais detém segundo estudo da Scot consultoria o maior ganho na comercialização (veja gráfico a seguir).

Este desequilíbrio tende a desestimular o setor produtivo que assume também os maiores riscos de ordem sanitária, climática e ainda de ordem conjuntural.

Em função destes aspectos, o encontro promovido pela FAEP através de sua comissão técnica de bovinocultura de corte, do Programa Produção de carnes e leite à base de pasto, em parceria com a Fazenda São Januário, da Agroibema Agricultura e Pecuária Ltda, a Associação brasileira de criadores da raça Caracu e dos criadores de gado Nelore, teve entre outros objetivos, o de despertar nos produtores, a necessidade da, melhoria na qualidade do produto e a necessidade da organização para ter volume e regularidade na oferta.

Atualmente existem muitos produtores que buscam produzir com qualidade porém ao entregar no frigorífico caem na vala comum porque dividem o abate com matéria-prima de qualidade regular o que acaba influenciando no produto final levando as indústrias a reduzir o preço.

Somente através da manutenção da qualidade, produzindo o que o mercado exige, e da organização, será possível a obtenção de volume, padrão e regularidade, o que dará aos produtores a possibilidade de melhor negociar com os frigoríficos.

Os encontros serão realizados em todo o Estado nas principais regiões produtoras até o mês de outubro quando pretende-se realizar em Curitiba um encontro estadual reunindo produtores e indústrias.

A programação é composta por palestras sobre qualidade da carne, exigências do mercado nacional e internacional, avanços da genética buscando a qualidade, trabalhos desenvolvidos pelas associações de criadores com foco na qualidade e discussão sobre formas de melhorar a união dos produtores.

Segundo o produtor Lício Isfer, está mais do que na hora dos pecuaristas buscarem eles próprios as saídas para suas dificuldades, sem esperar que outros façam por eles. Ninguém irá defender os interesses dos pecuaristas melhor do que eles próprios, daí a necessidade da união da classe.

Durante os encontros procuramos deixar claro que todas as iniciativas associativas existentes, devem ser incentivadas e apoiadas, como as Alianças Mercadológicas, as Cooperativas de carne e as iniciativas das grandes Cooperativas como COROL e Coopavel.

Espera-se que com estes encontros seja possível atingir um número expressivo de pecuaristas e contribuir para o fortalecimento do setor produtivo das carne bovina.

O próximo encontro será realizado no final de março na região de Cornélio Procópio em data e local a ser divulgado neste boletim.

Os principais problemas levantados pelos presentes:

  • Que os pecuaristas sempre delegaram aos outros a resolução de seus problemas e é chegada a hora de tomar em suas mãos os destinos dos seus negócios para que tenham uma justa remuneração dos seus produtos.

  • Técnicos da SEAB, presentes ao encontro, relataram a situação da Vigilância Sanitária dos rebanhos paranaenses que já é precária e ficará pior quando do vencimento do contrato temporário de 100 médicos veterinários em outubro. Outro problema apontado é o contrabando de gado do Paraguai por causa dos preços baixos praticados naquele país e o número insuficiente de fiscais do Estado não consegue controlar este problema. Se o contrato temporário dos veterinários for rescindido toda a fronteira do Paraná com a Argentina, Paraguai e Mato Grosso do Sul ficará desguarnecida.

  • Que a pecuária de corte é o maior negócio do Paraná: somados os rebanhos, as áreas de terra, as pastagens, a infra-estrutura, este é o mais valioso patrimônio do estado e os pecuaristas não tem representatividade e não conseguem ser ouvidos pelos políticos.

  • Que o custo dos impostos inviabiliza também a indústria frigorífica e está sufocando a atividade.

  • Que o preço pago pela carne brasileira nos mercados internacionais não consegue remunerar adequadamente os produtores brasileiros.

  • Há compradores internacionais que querem comprar direto dos produtores e não conseguem fazer este contato porque não há uma entidade Comercial que os represente.

  • Que não há qualidade de carne com quantidade e regularidade para atender os mercados.

  • Que o abate clandestino de gado é um problema muito sério que atrapalha os negócios da pecuária de corte e ajuda pressionar os preços para baixo.

As sugestões apontadas foram as seguintes:

  • Que a FAEP continue a apoiar os pecuaristas em suas iniciativas.

  • Que as Alianças Mercadológicas regionais sejam a forma de comercializar a produção e o excedente seria enviado aos grandes centros ou exportado. A objeção foi de que isto atenderia uma quantidade muito pequena de produtores e que ficariam competindo entre si pelos mercados.

  • Que seja formada uma forma associativa que represente os pecuaristas e comercialize o produto nos mercados internacionais.

  • Que sejam contatadas as "tradings" que atuam na comercialização da carne para que colocá-las em contato com os produtores.

  • Que se procure os mercados mais exigentes que remuneram melhor a carne e lute-se por eles.

Foram tomadas as seguintes decisões:

1. Colocar como objetivo muito claro para ser perseguido : MELHORAR A COMERCIALIZAÇÃO através da SANIDADE, QUALIDADE E ORGANIZAÇÃO.

2. Criar uma comissão que participe das próximas reuniões.

3. Que estas pessoas criem grupos menores nos seus municípios para multiplicar as idéias e possa aumentar a representatividade.

A comissão regional eleita pelo grupo:

  • Cascavel: José Fernando Andreazza.

  • Catanduvas: Carlos Alberto Zuquetto.

  • Guaraniaçu: Adecir Cassol e João Henrique Weirich.

  • Ibema: Marcio Napoli.

  • Laranjeiras do Sul: Huneri Luiz Piovesan.


Boletim Informativo nº 903, semana de 20 a 26 de março de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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