Sem-Terra tomam pela terceira
vez fazenda de Quedas do Iguaçu

"O MST não pode continuar acima da lei"

Retirado a força de seus domínios pela terceira reinvasão de sem-terra, o produtor rural Darceu Ribeiro Andrade deu entrada terça-feira (14) a um novo pedido de reintegração de posse da Fazenda Três Elos, junto ao Fórum da comarca de Quedas do Iguaçu. A reinvasão ocorreu no começo da noite do dia 13, após três meses de pressão contínua sobre a família de proprietários.

Também a fazenda Campo Novo, de Darci Ribeiro Andrade, irmão de Darceu, que é vizinha das Três Elos e próxima da área de assentamento da Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, foi tomada na mesma incursão do MST.

A revolta de Darceu é dividida com a esposa, Anita Andrade. Ela reclama nunca ter visto tanta impunidade e diz que há gente estranha rondando a casa em que moram na cidade. Os invasores fazem bagunça e ouvem-se tiros a noite no local. Dizem que mais cabeças de gado foram mortas. Para trás, na pressa de sair, também ficaram cerca de 50 alqueires de milho prontos para serem colhidos.

O imóvel ocupado ilegalmente pelo MST é a única propriedade agropecuária da família. Anita conta que a nova invasão foi comandada por um grupo de 100 pessoas armadas, algumas vindas de um assentamento da região, que vêm se revezando com outros grupos do MST. "Eles não estão brincando. Não temos apoio nem ninguém para ajudar. Enquanto isto a gente vê vencer todas as contas cobradas pelo Governo, desde imposto de renda até luz e água", desabafa Anita.

Como se não bastassem os prejuízos da destruição e dizimação patrimonial, sobraram as faturas do consumo de energia elétrica dos sem- terra durante os 16 meses seguidos da última ocupação "que o governo quer que a gente pague também", queixa-se a produtora. Entre 2004 e 2005 a Três Elos esteve invadida por uma período de 1 ano e 4 meses. Em agosto de 2005, finalmente o Governo do Estado deu andamento à sentença judicial de reintegração de posse, promovendo a desocupação da área. Quando os Andrade conseguiram retomar o empreendimento, 500 cabeças do rebanho bovino tinham literalmente desaparecido da fazenda.

Confiantes em que a situação estava resolvida, a família recomeçou a atividade agropecuária, plantando milho, recuperando pastagens e voltando a cuidar do rebanho de gado nelore. Eles sentiram outro efeito da invasão, que foi a dificuldade de conseguir contratar novos empregados. "Os peões têm medo da tortura das pessoas e das perdas que os invasores provocam", relata o casal.

Mas em janeiro de 2006 os sem- terra recomeçaram as ameaças. Segundo Darceu, a situação estava "difícil, muito difícil", piorando com o decorrer dos dias, até serem novamente obrigados a deixar a Três Elos na semana passada.

Até quarta-feira passada (15), poucos empregados tinham sido autorizados pelos invasores a deixar a área. Os que conseguiram sair relataram roubos e abate ilegal do gado. A Três Elos tinha um rebanho de 1.300 cabeças de gado nelore. Apenas uma pequena parte foi retirada pelos donos legítimos.

Invasores e dirigentes do MST precisam ser
responsabilizados judicialmente, pede Tarcísio

O coordenador da Comissão Estadual de Política Fundiária, Tarcísio Barbosa de Souza, dirigiu novo apelo as autoridades estaduais, para deter as invasões de imóveis rurais pelos sem-terra no Paraná. "O momento é de cumprimento da lei. Os atos de vandalismo e esbulho que caracterizam as ações ilegais do MST devem ser coibidos com o rigor da lei", reitera.

Para o coordenador, está bem claro que a agitação no campo se alimenta das invasões. "A violência praticada pelo MST gera um clima de insegurança junto aos proprietários rurais". Na sua avaliação, é preciso que os invasores que organizam tal movimentação ilegal e a bagunça generalizada sejam responsabilizados pelos seus atos, assim como suas lideranças.

"Esperamos que o Estado faça a sua parte", completou Tarcísio. "O Judiciário sempre nos atendeu prontamente, concedendo os pedidos de reintegração de posse".

A questão esbarra em outras esferas estaduais, já que as sentenças de cumprimento de reintegração depende também de autorização oficial para reforço das forças policiais que vão executar os mandados judiciais. "O MST não pode continuar acima da lei", conclui.


Boletim Informativo nº 903, semana de 20 a 26 de março de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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