Pecuária de corte, tendências | ||||||||
A situação do mercado da carne bovina para o produtor não deve mudar muito neste primeiro semestre de 2006 no Brasil e no Paraná, mas no segundo semestre as coisas deverão começar a melhorar. Estas são as perspectivas do consultor Fabiano R. Tito Rosa da Scot Consultoria que proferiu palestra durante a Expo-Umuarama no último dia 07 de março. Normalmente durante as exposições feira, os eventos técnicos tem sido comuns, porém neste ano com a situação da pecuária do jeito que está o produtor não tem disposição para ouvir palestras sobre tecnologia por isto o tema escolhido foi tendências do mercado A palestra foi uma promoção da FAEP/SENAR, EMATER, Sociedade Rural de Umuarama e Sindicato Rural de Umuarama com o objetivo de trazer aos pecuaristas de corte uma visão do que poderá acontecer a curto e médio prazo. Segundo Fabiano, a demanda em alta ocasionada pelo aumento das exportações, a queda dos embargos à carne brasileira que deverá ocorrer no segundo semestre e o crescimento da economia mundial são os fatores externos que estarão favorecendo esta tendência. No ambiente interno, o novo salário mínimo, a copa do mundo, e as eleições em outubro são fatores que contribuem para as perspectivas positivas a médio prazo. Além dos fatores acima o avanço da gripe aviária poderá vir a influenciar ainda mais este quadro, mas de que forma isto vai ocorrer ainda não dá para prever. A pecuária de corte assim como a agricultura em geral, se desenvolve em ciclos que variam de atividade para atividade, no caso da pecuária de corte este ciclo dura de 3 a 4 anos. Em outubro de 2005 os preços apontavam para o fim de um ciclo de baixa. Um aumento de 17% sobre os preços de setembro, davam uma expectativa positiva aos pecuaristas, daí vem a febre aftosa no Mato Grosso do Sul e há uma queda no preço logo depois a suspeita de aftosa no Paraná novamente derruba os preços. Não fosse a aftosa, os preços hoje seriam em São Paulo em torno de R$ 58,00 a @ e no Paraná em torno de R$ 55,00 a @. Para complicar o dólar com a cotação que vem se mantendo baixa, completa o quadro negro pelo qual passa a pecuária de corte. Mesmo com o quadro acima, é preciso que o produtor perceba que a tendência é de melhoria, mesmo porque nunca esteve tão ruim . O momento é de preparo para o novo ciclo que está para vir. O Cenário internacional aponta para um aumento nas exportações em torno de 10 a 15%, mesmo com aftosa. A Europa, maior comprador do Brasil deverá ter uma redução no seu rebanho e com a manutenção do consumo já tem hoje um déficit de 300 mil toneladas de carne bovina. È nas crises que as mudanças necessárias precisam ser feitas. Mesmo que sempre haja a forte influência da economia, de fatores climáticos ou sanitários, existem aquelas atitudes que o produtor precisa tomar ainda mais em se tratando de comodities como é o caso da carne. Segundo o Consultor da Scot, no âmbito individual, a melhoria da gestão, a busca constante da qualidade e a segurança alimentar, devem ser preocupações dos pecuaristas de corte, que precisam também conhecer e exercitar a venda no mercado futuro, desenvolver produtos diferenciados e buscar a verticalização de sua produção. Por outro lado, já está mais do que na hora do produtores se unirem, em associações, cooperativas, centrais de compra e vendas, e investirem em marketing, coisa que as demais cadeias produtivas já estão fazendo. O fortalecimento do setor produtivo é fundamental para que um outro processo aconteça que é o fortalecimento da cadeia como um todo. Hoje por força da fragilidade do setor, a distribuição dos ganhos dentro dos vários elos são desiguais, dá para ter uma idéia desta desigualdade, no quadro abaixo. Não se trata de estabelecer conflitos, maiores do que já existem, mas sim de estabelecer um equilíbrio de forças dentro da cadeia para que todos sobrevivam. Resumindo, crises sempre irão existir, mas para quem tem consciência disto, gestão, sanidade, qualidade de produto, rastreabilidade, profissionalização e organização, mais do que dever de casa são preocupações imprescindíveis para a sobrevivência do pecuarista de corte. Ganhar mais dinheiro com isto? talvez, mas sem isto, com certeza não há futuro. | ||||||||
PREÇO DE UM TRASEIRO
BOVINO NOS VÁRIOS SEGMENTOS DA CADEIA | ||||||||
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Diferenças: Atacados/cortes > varejo: 41% - Atacado/carcaça > varejo: 53% e Boi gordo/varejo > 58% - Fonte: Scot Consultoria | ||||||||
Rubens Ernesto
Niederheitmann |
Boletim Informativo nº
901, semana de 13 a 19 de março de 2006 | VOLTAR |