Para 76% dos brasileiros MST abala a democracia, diz Ibope

A maioria dos brasileiros desaprova as ações do MST, considera que as invasões abalam a democracia no País e aprova o uso da força policial para devolver as propriedades rurais aos seus legítimos donos. Foi o que revelou uma pesquisa do Ibope sobre a imagem do MST, encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Os pesquisadores, que estiveram nas ruas entre os dias 16 e 20 de fevereiro, ouviram 2.002 pessoas em 142 cidades.

A divulgação da pesquisa coincide com um momento em que MST intensifica suas ações por todo o País. Os números do Ibope mostram que 56% dos brasileiros desaprovam as invasões dos sem-terra, que têm resultados mais negativos do que positivos na busca da reforma agrária. Na opinião de 32% dos entrevistados, os métodos do MST podem ser considerados positivos; e 13% não sabem ou preferem não opinar.

Além de não aprovar os métodos do MST, a maioria da população teme seus efeitos sobre o processo democrático. Diante da pergunta "na sua opinião, as invasões de terras promovidas pelo MST abalam ou não a democracia brasileira?", 76% responderam positivamente. Para Rodolfo Tavares, vice-presidente da CNA, "esse percentual significa que tem quase 80% de sensatos neste Brasil. A sociedade entende, de forma muito clara, que se você resolve que as opiniões divergentes das suas estão erradas e devem ser removidas à força, certamente você não é um democrata".

A pesquisa também expôs a desconfiança da população sobre os resultados da reforma agrária. Diante da pergunta sobre qual é o destino dado aos lotes dos assentamentos rurais, 57% disseram acreditar que são vendidos ou alugados pelos assentados. Para outros 9% acabam abandonados. Só 26% dos ouvidos acreditam que as famílias beneficiadas permanecem na terra.

Embora discorde dos métodos do MST, a maioria dos entrevistados acredita que seu alvo é de fato a reforma agrária. Diante de uma série de alternativas, na qual podiam assinalar mais de uma resposta, por ordem de importância, 72% disseram que a conquista de terras para trabalhadores pobres é o principal objetivo do movimento. Para 35%, no entanto, a reforma agrária é apenas pretexto para a conquista do poder.

Os pesquisadores do Ibope também perguntaram se o governo deve ou não recorrer à força policial na desocupação das propriedades. Responderam afirmativamente 53% dos entrevistados. Outros 41% disseram não.

Ao serem perguntados qual é o maior responsável pelos conflitos que atualmente ocorrem no campo, 42% apontaram a autoridade governamental, divididos em 31% pela ação do Governo Federal e 11% apontaram o Ministério do Desenvolvimento e Reforma Agrária (MDA). O MST tem culpa para 16% e os fazendeiros foram responsabilizados em 15% das respostas. A Igreja Católica apareceu na lista com 1% do total das respostas.

Questionados sobre a postura do Poder Executivo, 39% dos entrevistados disseram que o Governo Federal é conivente com as invasões das propriedades rurais. Para 67% dos entrevistados, o Governo Federal não tem controle da situação em relação às invasões.

O presidente da CNA, Antonio Ernesto de Salvo, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, que a pesquisa mostra a necessidade de o governo rever suas prioridades. "Para a opinião pública, os recursos federais não são bem usados", afirmou. "Apenas um entre cada quatro entrevistados acredita que os lotes são usados pelos assentados."

Ainda segundo o líder ruralista, a pesquisa deixou clara a atenção que a população dá à questão, não só como assunto fundiário, mas também de ordem pública. "Quando um quartel é invadido no Rio, o Exército ocupa a favela. Mas quando uma fazenda produtiva é invadida, falam que é uma questão de ordem social."

Esta é a terceira pesquisa encomendada pela CNA sobre o MST. De acordo com De Salvo, a imagem do movimento só piora. "A eventual simpatia que eles tinham, está erodindo."


Boletim Informativo nº 902, semana de 13 a 19 de março de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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