Osmar Dias apresenta
no Senado |
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O
senador Osmar Dias (foto) advertiu o Governo sobre a necessidade de
medidas urgentes de apoio à agricultura nacional, frente ao agravamento
da crise do setor e o impacto sobre a cidade. Segundo o senador, a
omissão oficial pode provocar um colapso irreversível para a economia
nacional. Osmar dirigiu um apelo para que o Governo não trate "os
agricultores como ignorantes, pois eles sabem como outros setores da
economia são acolhidos quando ocorre qualquer infortúnio, como é o
caso dos bancos". | |
O senador retomou seu trabalho no Senado dia 8 de março, após um período de afastamento por licença médica. O pronunciamento de retorno de Osmar Dias foi baseado em recente pesquisa da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), de que mais de 70% dos agricultores no Estado não vão conseguir pagar suas dívidas neste ano devido a descapitalização crescente, queda dos preços de mercado, o embargo internacional provocado pela febre aftosa e a variação cambial. Os produtores rurais estão empobrecendo de forma dramática e o governo federal até agora não acenou com nenhuma medida que possa mudar esse quadro, protestou o senador. "O governo Lula está perdendo muito tempo e pode tornar irreversível a situação de milhares de produtores por que 23% deles não pagarão nada", acrescentou. Adversidade – Conforme o levantamento da FAEP, os números são totalmente adversos e reveladores: em 2004, o preço da soja ficou, em média, em R$ 45,00; neste ano, R$ 26,00; ou seja, 40% a menos. O preço do milho, em 2004, era de R$ 18,00; em 2005, R$12,00, isto é, 30% a menos. O trigo custava R$ 22,00 em 2004 e R$19,00 em 2005. Em 2004, a mandioca custava R$ 160,00 a tonelada e, em 2005, R$ 85,00 reais, com uma queda de 53%. O leite, R$ 0,44 em 2004 e R$ 0,39 em 2005. A carne bovina custava R$ 69,00 a arroba em 2004 e R$ 46,00 em 2005. Em 2004, a carne suína era de R$2,50 o quilo e baixou para R$1,55 no ano passado. O frango que, em 2004, custava R$1,44 o quilo, teve o preço reduzido para R$1,24 no ano seguinte. Com isso, em 2004, o agronegócio gerou 271 mil empregos; em 2005, 220 mil empregos, com queda de 20% dos empregos gerados. Outra razão apontada pelo senador para a crise é a hesitação dos governos federal e estadual na definição de medidas ante às suspeitas de existência de surtos de febre aftosa no Paraná. O setor agropecuário vai entrar num processo de empobrecimento que, se não houver uma tomada de providências imediata, vai atingir todos os seguimentos da economia brasileira - alertou. Demissões - O trabalho realizado pela FAEP aponta que, se a crise afeta a renda, inevitavelmente terá efeito negativo também sobre a geração de empregos no campo. Apenas 2,88% dos entrevistados (num universo superior a 1.800 produtores) disseram que vão contratar mais funcionários, enquanto 35,59% afirmaram que vão ter de demitir, enquanto 54,75% vão permanecer com o mesmo número de funcionários. Na pesquisa, a entidade quis saber como os produtores estão reagindo à proposta de um salário mínimo estadual, no valor de R$ 437,00, contra os R$ 350,00 propostos pelo governo Federal. A maioria dos consultados 56,44%, desaprovam a medida, contra 38,02% que aprovam. Entre os que desaprovam, 14,85% disseram que simplesmente não têm condições de pagar o salário mínimo regional. Quanto ao impacto do salário mínimo regional, vale observar as respostas a uma outra pesquisa, simultânea, dirigida a 412 produtores rurais ligados ao Sistema FAEP (com dois ou mais módulos rurais ou que têm empregados) e participantes do curso de Empreendedor Rural. Nesse universo, onde encontra-se grande número de empregadores rurais, nada menos do 62,15% dos entrevistados afirmaram que, se o salário mínimo regional entrar em vigor, não terão como pagar e haverá demissão de funcionários. Na pesquisa geral, que inclui pequenos produtores, sem empregados, 49,32% disseram que haverá demissões, contra 30,51% que não vão demitir. Ainda 10% dos produtores declararam que a alternativa será substituir mão-de-obra por máquinas, contra 10,17% que não souberam ou não responderam. |
Boletim Informativo nº
902, semana de 13 a 19 de março de 2006 | VOLTAR |