Castro

Tratoraço mostra situação de
crise na agropecuária do país

Os participantes aprovaram um protocolo de intenções, que será enviado ao Governo Federal, pedindo a mudança "na política que empobrece o agricultor e inviabiliza a produção rural"


O protesto constituiu-se na terceira manifestação
 promovida pelo setor, em menos de um mês


Comércio e empresariado de Castro deram apoio, 
fechando as portas durante o evento


    Um novo protesto na manhã de 19 de fevereiro reforçou a mensagem de insatisfação da agropecuária paranaense com a política agrícola nacional. Mais de 500 produtores promoveram um tratoraço em Castro (Campos Gerais), no centro de exposições agropecuárias Parque Lacustre, passando pela rodovia BR-151 e as principais ruas da tradicional cidade.

O protesto constituiu-se na terceira manifestação promovida pelo setor, em menos de um mês. Organizado pelo Sindicato Rural de Castro, foi realizado em conjunto com o Movimento Pró-Agropecuária, de Pró-Valorização das Atividades Rurais. Os anteriores ocorreram em Palmeira e Tibagi.

Comércio e empresariado de Castro deram apoio, fechando as portas durante o evento. Prefeitos, vereadores, deputados federais e estaduais aderiram à mobilização. Os participantes aprovaram um protocolo de intenções, que será enviado ao Governo Federal, pedindo a mudança "na política "que empobrece o agropecuarista e inviabiliza a produção rural".

Estudam ainda entrar com uma ação judicial, caso o governo continue descumprindo os preços mínimos. Reivindicam um acordo com os bancos financiadores para aumentar o limite dos financiamentos rurais com juros oficiais; a aprovação do Projeto de Lei 5.507/05 (de solução para o endividamento rural); mais recursos de crédito rural e investimentos na infraestrutura dos transportes.

Muitos agricultores dos Campos Gerais encontram-se com o maquinário agrícola "penhorado" devido a descapitalização e a falta de condições de solucionar o endividamento de 2003 para cá. Eles levaram para o tratoraço 200 veículos e caminhões agrícolas.

O dirigente Lauro Lopes, presidente do Sindicato Rural de Castro, assinalou a necessidade de o governo garantir a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). "Tendo preço, temos tudo" resumiu. Lopes ressalta também que, com a renda assegurada, os produtores não vão precisar pedir mais prazo nem renegociar dívidas.

A gota d´água no drama da agricultura dos Campos Gerais foi a seca do início do verão 2005/2006, que atrasou o plantio de soja, comprometeu e rentabilidade do milho e fez cair o aproveitamento das pastagens e da pecuária leiteira.

Como se não bastassem os períodos de estiagem que assolaram o Estado nesses últimos dois anos, e de verem-se obrigados a arcar com os prejuízos da quebra da produtividade causada pela falta de chuva, os agricultores ainda vêm tendo que conviver com um custo de produção mais alto do que a renda. Sementes e insumos de plantio foram adquiridos com o dólar a R$ 3,50, enquanto a colheita 2006 começa um câmbio inferior a R$ 2,50.

Somem-se a isto a queda dos preços agrícolas nos mercados internos e externos e os prejuízos do embargo da febre aftosa, para se ter um quadro extremamente sério para a economia regional. O maior exemplo dos prejuízos está na pecuária leiteira, uma das principais atividades da região, que acumula diferença de 22,64% a menor no preço do litro do produto, uma queda que se efetivou entre 2003 e 2006 (veja no quadro a seguir).

Segundo Eduardo Medeiros Gomes, coordenador da comissão de mobilização " entre os principais pontos que destacamos estão os preços e o apoio aos agricultores". Levantamento das perdas aponta perdas de 18%, no caso do leite; de quase 17%, para os suinocultores; de 27% para os triticultores; e de quase 20% para quem plantou milho.


Os participantes aprovaram um protocolo de intenções,
 que será enviado ao Governo Federal, pedindo a 
mudança na política que empobrece o agricultor e
 inviabiliza a produção rural


SITUAÇÃO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS:

 

Leite

(R$)litro

Suínos

(R$) kg

Trigo

R$/saco

Milho

R$ / saca

Soja

R$/ saca

PREÇO MÍNIMO

Não definido

Não definido

24,00

14,00

14,00

CUSTO DE PRODUÇÃO  0,50 1,62 27,22 18,06 26,04
Preço mínimo correto, segundo a lei (custo + 30%) 0,65 2,10 35,39 23,48 33,85
Preço de venda 0,41 1,35 20,00 14,50 26,50

Boletim Informativo nº 901, semana de 27 de fevereiro a 5 de março de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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