"MP do Bem"
da Agricultura não | |
As medidas defendidas
pelo ministro já deveriam fazer parte da Política Agrícola em razão
dos compromissos assumidos pelo governo no "Tratoraço" | |
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O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pede socorro urgente para a agropecuária. Mais recursos para sustentar os preços na safra, prorrogação de vencimentos, caso a caso, mais financiamento oficial para o custeio da safra 2006-2007 e uma série de providências para redução de custos estão entre as medidas da que está sendo chamada de "MP do Bem" para a agropecuária. A Medida Provisória para "acudir" o setor incluiria a isenção de impostos para importação de insumos, ampliação do crédito com juros mais baixos e criar um Fundo de Catástrofe que viabilize o seguro agrícola.
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"Há uma crise real na agricultura e achamos que vem aí uma grande redução da área plantada", alertou o ministro. "Para 2007, não haverá problema porque o mundo terá produção suficiente para compensar. Mas, se a tendência continuar até 2008 e o dólar voltar a subir, como espero, o resultado será inflação." Para a FAEP as medidas defendidas pelo ministro não resolvem o problema da crise. "As soluções apresentadas omitem a principal questão que afeta o produtor nesse momento. Falta na "MP do bem" e nesse pacote de medidas urgentes uma solução definitiva para as dívidas agrícolas", avalia Ágide Meneguette, presidente da FAEP. Na
verdade, as medidas defendidas pelo ministro já deveriam fazer parte da
Política Agrícola em razão dos compromissos assumidos pelo governo no
"Tratoraço" em junho do ano passado. De acordo com
Meneguette, o ministro acerta ao pedir a prorrogação da
Securitização e Pesa, mas esquece das dívidas acumuladas para 2006 e
os próximos dois anos. A prorrogação do custeio pretendida pelo
ministro já está prevista em legislação específica, não sendo
necessária medida do governo. "Onde o governo deve atuar, que é o
caso os investimentos, sequer é lembrado no pacote". | |
Dívidas agrícolas
caem no esquecimento | |
No ano passado, devido à seca e aos problemas de comercialização, os produtores renegociaram a maior parte de suas dívidas da safra 2004/2005. Desta forma, para este ano somam-se às dívidas normais da safra atual as prorrogações de custeio, investimento e renegociações do programa do (Fundo de Amparo ao Trabalhador) FAT Giro Rural, além de dívidas com fornecedores de insumos e cooperativas. Em resumo, o produtor está carregando entre os seus compromissos, as dívidas normais da safra atual acumuladas com as dívidas da safra passada. Como a renda no campo será menor que em 2005, não haverá margem para honrar os compromissos e muito menos para manter a capacidade produtiva. Os produtores rurais estão descapitalizados. "A medida emergencial realmente necessária passa pela securitização do endividamento do setor agropecuário, com o intuito de restabelecer a capacidade de produção comprometida em função de todos os percalços enumerados pelo próprio ministro", complementa Meneguette. Para a FAEP falta transformar as parcelas das dívidas de custeio e de investimentos vencidas e vincendas em 2005 e 2006 em operações securitizadas de longo prazo, com carência, por meio de Medida Provisória ou Projeto de Lei que transfira os débitos bancários para o Tesouro Nacional. Os preços agrícolas das commodities como soja, milho e trigo estão atrelados ao dólar. Com o câmbio pagando R$2,10 por dólar, a atividade não se sustenta. Os preços estão baixos em conseqüência do câmbio e dificilmente haverá uma mudança no valor do dólar nos próximos meses, economistas prevêem inclusive novas apreciações do real, especialmente agora que o governo editou Medida Provisória que isenta do Imposto de Renda de 15% os rendimentos decorrentes de aplicações por investidores estrangeiros em títulos da dívida pública federal. Facilitada a entrada de dólares no Brasil, o cotação pode baixar para menos de R$ 2. Sem
perspectiva de melhora do câmbio e dos preços, os produtores rurais
serão obrigados a vender a sua safra deste ano a preços vis, o que vai
agravar ainda mais a situação já extremamente difícil. "Mantido
o quadro atual, os produtores rurais não terão como carregar ou
prorrogar as dívidas por mais um ano, sob o risco de não obter mais
crédito nos bancos. Sem acesso ao crédito, não plantam. Não
plantando, não geram renda para pagar seus compromissos, perdem os bens
para os bancos e correm o risco de ter sua terra considerada
improdutiva", conclui Meneguette. | |
Abaixo, as medidas que o
ministro | |
1. Mais R$ 1,5 bilhão para Operações Oficiais de Crédito (OOC) destinadas à formação de estoques oficiais e ao financiamento de outras operações de venda - os Prêmios de Escoamento da Produção e de Risco de Opção Privada. O dinheiro seria aplicado em março, abril e maio, em parcelas de R$ 500 milhões, para socorrer sobretudo produtores de milho e soja.
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MP DO BEM | |
Para a "MP do Bem" da Agropecuária, Rodrigues defende, entre outras inovações destinadas a ampliar e baratear o crédito e reduzir custos de produção: 1. Permitir que bancos privados operem com a caderneta de poupança rural, hoje mantida só pelos Bancos do Brasil, do Nordeste e da Amazônia e pelos cooperativos Bancoob e Bansicredi. 2. Autorizar os bancos privados e cooperativos a repassar dinheiro do FAT, hoje só repassado pelo BB, BNB, Basa, BNDES e Caixa Econômica Federal (a mudança depende de lei). 3. Autorizar o Tesouro a equalizar juros cobrados pelos bancos privados e não só pelos bancos federais e cooperativos. 4. Zerar tarifas de importação de fertilizantes e defensivos. 5. Isentar do PIS-Pasep e da Cofins os insumos para a agropecuária e estender o benefício a carnes, trigo e derivados, soja e derivados e algodão e derivados, entre outros. Hoje são isentos só alguns insumos e arroz, feijão, farinhas de milho e de mandioca, frutas, verduras e ovos. A alternativa seria ampliar o crédito fiscal presumido na compra de produtos agropecuários. Hoje o crédito fiscal presumido é de 60% para produtos animais e de 35% para vegetais. 6. Criar um Fundo de Catástrofe, realimentável pelas operações de seguro. O atual Fundo de Seguro Rural se esgota em cada exercício. 7. Estender aos produtores de soja do Centro-Oeste os benefícios fiscais do programa do biodiesel. |
Boletim Informativo nº
901, semana de 27 de fevereiro a 5 de março de 2006 | VOLTAR |