Seca descapitaliza produtores e
derruba empregos também na cidade

A seca em três safras consecutivas está demonstrando, por vias tortas, como a agricultura é importante para o Paraná e como o estado depende do setor agroexportador para a geração de renda e empregos. "Quando a agricultura é atingida, você tem repercussão em todas as outras cadeias produtivas, na indústria de transformação, no setor de transportes, comércio e serviços", avalia o delegado Regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk. A seca do ano passado, segundo Serathiuk, explica por que a queda na geração de emprego no Paraná foi de 41%, enquanto em nível nacional essa redução foi de 17%". "A estiagem está por trás desses 25%", aponta ele.

Para este ano, fatalmente a economia paranaense sofrerá de novo as conseqüências da estiagem, e o


Crise na agricultura tem efeito dominó sobre a economia
paranaense, e afeta até a metalurgia e a mecânica, por
causa da diminuição dos fretes

delegado Regional do Trabalho alerta que é preciso políticas públicas para tentar pôr limites ao tamanho da crise: "O grande risco, além da seca, é a perda da capacidade de investimento, é a descapitalização do agricultor".



Agricultor avalia danos da estiagem à lavoura de milho


   Na semana passada, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) confirmou os dados preliminares sobre os efeitos da seca em 2005. Com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, verificou-se que em 2005 foram criados no Paraná 72.374 novos postos de trabalho, ou 50.274 a menos do que no ano anterior (122.648).

Para o delegado Regional do Trabalho, é o efeito da crise da agricultura sobre todos os setores que estão em seu entorno. O setor de transporte interno, por exemplo, teve queda de 35% em 2005 – resultado do efeito dominó da seca sobre a venda

de maquinários e fertilizantes e sobre a atividade de metalurgia e mecânica, que fomenta os transportes.

Geraldo Serathiuk diz que os governos precisam ter uma visão mais realista sobre o papel da agricultura na economia do estado e como a estiagem afeta a todos, inclusive no meio urbano. "É muito fácil para as pessoas falarem que o problema da queda do emprego no Paraná são os juros altos e o dólar. Isso não é verdade, é simplista demais, é preciso aprofundar mais esta análise".


   Neste ponto, Serathiuk é crítico do governo estadual, que alardeia que suas políticas fiscais têm sido responsáveis pela criação de empregos. As medidas de incentivo fiscal, como redução das alíquotas de ICMS são importantes, sublinha Serathiuk, mas ele aponta que os setores que mais geraram emprego são aqueles beneficiados por créditos do BNDES, do Banco do Brasil, de políticas de incentivo às exportações – que não tem nada a ver com o governo estadual. O fator seca, neste contexto, não é secundário mas determinante.

"Todo este esforço, do Banco do Brasil, de políticas emergenciais, de concessão de crédito e renegociação de dívidas dos agricultores é fundamental. Temos que dar todo o apoio à agricul-



Delegado Regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk: "Os
governos precisam ter uma visão mais realista sobre o
papel da agricultura na economia do estado e como a
estiagem afeta a todos, inclusive no meio urbano"

tura, se não vamos pagar um alto preço, novamente, em 2006, em relação à geração de empregos no estado", conclui Geraldo Serathiuk.


EVOLUÇÃO DO EMPREGO GERADO
POR SUBSETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA

SETORES

JAN - DEZ / 2004

JAN - DEZ / 2005

SALDO

SALDO

TOTAL

122.648

72.374

   

 

1. EXTRAT. MINERAL

294

-11

   

 

2. INDÚST. TRANSFORM

47.860

13.667

PROD. MIN. NÃO MET

1.101

294

METALURGICA

3.582

330

MECÂNICA

1.776

271

MAT. ELETRIC. COMUM.

1.732

1.885

MATER TRANSPORTE

5.893

1.388

MAD E MOBILIÁRIO

5.365

-4.209

PAP. PAPELÃO, EDIT

1.973

1.176

BOR, FUMO, COUROS

1.184

716

QUIM, PR FARM, VET

2.924

1.648

TEXTIL VESTUÁRIO

7.352

1.711

CALÇADOS

89

64

PROD. ALIMENT. BEB.

14.889

8.393

 

 

 

3. SERV. IND. UT. PÚBLICA

938

1.179

 

 

 

4. CONSTRUÇÃO CIVIL

1.417

2.091

 

 

 

5. COMÉRCIO

35.049

25.183

COM. VAREJISTA

29.279

22.140

COM. ATACADISTA

5.770

3.043

 

 

 

6. SERVIÇOS

30.512

28.844

INST. FINANCEIRAS

806

2.046

C. ADM. IMOV. TEC. PR

9.569

8.597

TRANSP E COMUN

7.394

8.133

ALOJ ALIM R MANUT

8.525

7.415

MÉDICOS ODONTOLOG

1.732

2.150

ENSINO

2.486

1.503

 

 

 

7. ADM. PÚBLICA

-361

1.379

 

 

 

8. AGRIC. SILVICULTURA

6.938

-962

 

 

 

9. OUTROS

1

4

FONTE: M.T.E./CAGED

Boletim Informativo nº 899, semana de 13 a 19 de fevereiro de 2006
FAEP - Federação da Agricultura do Estado do Paraná

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