Força Verde destrói
plantações | |
Sem se importar com o
prejuízo alheio, as caminhonetes abrem verdadeiras estradas no meio da
lavoura | |
Produtores da região Norte do Paraná estão indignados com o comportamento de policiais florestais da Força Verde que, ao vistoriar as propriedades para verificar a existência de mata ciliar, abrem caminho com as caminhonetes, passando por cima das lavouras. "Eles não andam a pé. Não olham se é soja, milho ou o que for. Passam por cima com as caminhonetes e o prejuízo é nosso", diz um produtor, que vai ter que contratar trabalhadores rurais para tentar aproveitar parte do milho derrubado. A pedido dos produtores, que temem represálias da Polícia, a FAEP não vai divulgar seus nomes nem os municípios onde ficam as propriedades. A queixa, de qualquer forma, não vem de forma isolada – o fato já aconteceu em outras safras e se repete agora em diversas regiões do estado. Numa propriedade de 30 alqueires, cerca de 100 sacas de milho vão ter que ser colhidas manualmente depois da passagem das pick-ups da Força Verde. "Quem devia pagar pelo prejuízo são eles (os policiais)", reclama um produtor. Os agricultores suspeitam que, além da preguiça de fazer o trabalho a pé, os policiais passam por cima da lavoura por causa do sistema GPS usado na medição da mata ciliar. Eles fazem uma "estrada imaginária" paralela ao rio e seguem sem se importar com a plantação. Numa das regiões visitadas, a estimativa é de que a estrada aberta no milharal se estenda por até 10 quilômetros. Numa das visitas, o proprietário estava no meio da lavoura quando chegaram os florestais da Força Verde. Eles avançaram com a caminhonete até onde estava o agricultor só para perguntar o número de registro da propriedade. Atrás, deixaram mais uma estrada aberta. "Até o vice-governador e secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, já protestou contra este comportamento dos policiais florestais. Mas parece que não teve efeito nenhum, por que eles continuam a desrespeitar os agricultores, fazendo pouco caso de suas lavouras", afirma Luiz Anselmo Tourinho, assessor de Meio Ambiente da FAEP. O problema poderia ser facilmente resolvido se os policiais escolhessem uma outra época para vistoriar as propriedades. "Que esperassem pelo menos a colheita!", diz um agricultor, sublinhando que o que mais incomoda não é o estrago na lavoura, já castigada pela seca, mas "a falta de respeito de chegar e destruir aquilo que a gente faz com tanto capricho". "E o pior é que não dá nem para reclamar", diz o produtor, "por que se for discutir, eles podem te prejudicar". Outro agricultor completa: "nós temos que andar pelas lavouras para procurar a ferrugem, mas eles não podem caminhar nunca". As
fotografias que ilustram a matéria foram retiradas logo após a
passagem da Força Verde pelas propriedades, nesta safra. São imagens
que retratam abuso e desrespeito de causar indignação mesmo àqueles
que não são agricultores. | |
Boletim Informativo nº
898, semana de 6 a 12 de fevereiro de 2006 | VOLTAR |