"Palmeira,
30 de janeiro de 2006.
Prezado(a)
Senhor(a):
Através
deste manifesto, gostaríamos de esclarecer o protesto realizado
no Município de Palmeira, nesta Segunda-feira, dia 30 de janeiro,
elencando os principais pontos reivindicados pelos produtores
rurais da região dos Campos Gerais.
Movimento Pró-
Valorização da Atividade Rural
CARTA
DE PALMEIRA
Palmeira
e Municípios vizinhos, palcos centenários do desenvolvimento do
Paraná, cientes de sua vocação rural, ressentem-se com a falta
de atenção que os sucessivos governos brasileiros dedicaram ao
campo no transcorrer de nossa história. Vemos o campo,
paulatinamente, perder sua população pois, além de não
oferecer os avanços tecnológicos que geram conforto social nas
cidades, não apresenta alternativas econômicas atrativas,
especialmente para os jovens.
A
falta de políticas agrícolas definidas inviabiliza a atividade
rural, e, ao mesmo tempo que os governos comemoram as safras
agrícolas que sustentam nossa balança comercial, desmerecem a
atividade rural, ao não oferecer estímulos às mesmas. Na
economia, as atividades de maior risco são indexadas aos maiores
lucros; talvez, por esta razão, dados os riscos que envolvem a
agricultura e a pecuária, os países de Primeiro Mundo subsidiam
seus produtores, no mínimo, com políticas justas de preços
mínimos.
No
Brasil, além de não termos preços mínimos nós, produtores
rurais, vivemos a indefinição no que se refere a juros
compatíveis com a atividade, na destinação insuficiente de
crédito agrícola, na falta de seguros para suas lavouras e gado.
Enquanto diminuem as linhas de crédito, aumentam os juros
disponíveis (cerca de 70% do custeio a juros em torno de 20%
a.a.) e não se conseguem seguros da lavoura a valores
compatíveis, aumenta a carga tributária e o custo da produção.
Resultado: o valor de venda não cobre os custos de produção. A
situação atípica e irreal pela qual passa o dólar agrava ainda
mais a situação.
Somem-se
a esta situação as quebras sucessivas ocasionadas por
intempéries (chuvas excessivas, estiagem prolongadas, granizo,
etc.) e o nosso(a) agricultor(a) vem potencializando suas
dívidas. Há que se ressaltar que a categoria, com certeza, não
gostaria de ter que renegociar dívidas, mas devido aos baixos
preços alcançados por sua produção, não lhe resta outra
alternativa.
Há
questões bem delimitadas, como é o caso do trigo, negociado pelo
Governo Federal num preço mínimo de R$ 400,00 a tonelada,
descumprido pelo próprio Governo, que prefere importar o produto
da Argentina.
No
caso da suinocultura, o "alardeamento" de febre aftosa
(barreiras sanitárias entre estados, e com o exterior)
inviabilizou as exportações praticamente por todo o ano
corrente, comprometendo a atividade.
Quanto
às culturas de soja e milho, a estiagem prolongada provocará
novamente sérias perdas em toda a região, acentuando o
endividamento dos produtores.
Por
outro lado, os mesmo fator cambial que puxa os preços da
produção para baixo, não diminui o preço de insumos agrícolas
ou do maquinário necessário.
Na
região de Palmeira temos ainda as questões relativas à
produção de leite, produto que teve uma variação para baixo de
mais de R$ 0,10 (dez centavos) o litro, no último ano.
Esta
é, ainda, uma região produtora de gado de corte que sofreu
prejuízos substanciais com o anúncio de febre aftosa, até hoje
não devidamente comprovada.
Palmeira
é um Município que ainda possui 44% de sua população no meio
rural, fato que se repete em alguns municípios vizinhos. No
Brasil, apenas 20% da população vive no meio rural.
Diante
do exposto, se entendermos que a atividade rural é importante
para a região e para o Estado do Paraná, devemos preocuparmos em
garantir alguns pontos essenciais:
-
mais recursos para financiamento a juros de 8,75% ao ano;
-
ampliação do acesso ao crédito a agricultores e agricultoras
que hoje não são atendidos;
-
garantia de preços mínimos para os produtos agrícolas e
pecuários;
-
re-securitização das dívidas dos produtores rurais;
-
definição de seguro agrícola quanto a intempéries;
-
definição de políticas cambiais compatíveis;
-
Mais oportunidades de negociação junto aos agentes financeiros
antes de possíveis execuções judiciais.
Cordialmente,
Altamir
Sanson - Prefeito Municipal de Palmeira; Valmir Sanson -
Presidente da Câmara Municipal de Palmeira; Vagner Augusto
Barausse - Presidente do Sindicato Rural de Palmeira; Luiz Eduardo
Pillat Rosas - Representante do Movimento dos Produtores Rurais;
Valter José Ramos - Diretor do Departamento de Agricultura e
Abastecimento – Palmeira; Douglas F. T. Fonseca - Representante
do Conselho de Desenvolvimento de Ponta Grossa (CEDESPONTA); Lineu
Aurélio Salgado Filho - Presidente Palagro; Luiz Roberto Baggio -
Presidente Cooperativa Agroindustrial Bom Jesus; Artur Sawatzki -
Presidente Cooperativa Witmarsum; Associação dos Secretários da
Agricultura dos Campos Gerais; Associação dos Municípios dos
Campos Gerais; Representante da Coopagrícola; Representante
Associação dos Suinocultores" |